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Oscar Ribeiro de Godoy

 

MEU CAVALO BRINQUINHO

Meu cavalo Brinquinho.

Como todo jovem, o meu maior desejo era ter um cavalo que fosse somente meu, que pudesse tratá-lo e arreá-lo como bem entendesse.

Um belo dia realizei o meu sonho: ganhei um cavalo tordilho, bonito, atarracado e esperto, que recebeu o nome de Brinquinho. Criamos entre nós dois uma ligação muito forte e nos entendíamos nas piores situações.

Pela falta de cercas divisórias, sempre recebíamos avisos de animais alongados até a Vila Inglesa, o Charco ou a Água Santa (onde hoje está localizada a Minalba). Certa vez tivemos notícia de que na Água Santa, fazenda do Sr. Ambrósio Bretas, havia algumas reses nossas.

Partimos, então, eu no meu cavalo Brinquinho, meu irmão Eulálio numa mula preta chamada Azeitona, que era o diabo em figura de animal e o camarada Chico Pedro em outro cavalo. Lá encontramos um boi e uma vaca nossos que tinham de ser conduzidos no laço e decidimos que o Brinquinho puxaria o boi e o camarada Chico Pedro levaria a vaca. Logo na saída, o boi começou a correr e eu, para aproveitar o embalo, corria atrás dele. O caminho era uma trilha e assim seguimos por algum tempo até que chegamos em uma encruzilhada e, como não conhecia o caminho, resolvi parar e esperar meus companheiros. Firmei o Brinquinho nas rédeas e, parado, ele recebeu o golpe da disparada do boi. Imagino a força que teria feito para suportar tamanho tranco que resultou em virar o boi de pernas para o ar e ficar no chão por algum tempo. Ali ficamos em uma longa espera, até que meus companheiros chegaram. Resolvido o caminho a seguir, continuamos a refrega. O boi, enfurecido pela queda, deu muito trabalho ao Brinquinho e só chegamos à Guarda ao anoitecer.

Outra façanha do Brinquinho foi uma retirada de bois que havíamos vendido a um comprador do Ribeirão Grande e cuja saída resolvemos acompanhar, até o início da Serra das Bicas. Com paus de mais ou menos um metro e meio amarrados no chifre, o gado ficava impedido de entrar no mato, pois, se o fizessem, os paus batiam nas árvores não permitindo que continuassem. Cerca de 40 peões faziam o cerco da manada e, aos gritos, iam levando as 70 cabeças caminho afora. No Moreira (São José dos Alpes), já nos altiplanos do Alto da Serra, um garrote escapou e meu irmão e eu corremos atrás para forçá-lo a voltar para o grupo. Na carreira, o Brinquinho deu pela frente com um valo, não conseguiu ultrapassá-lo no salto e caímos, ficando eu sob o cavalo e este de pernas para o ar. Para minha sorte, ele ficou imóvel e, com a ajuda de meu irmão, consegui arrastar-me e sair do valo. Procuramos, então, levantar o Brinquinho e voltar para junto dos boiadeiros.

A rês fujona não conseguiu escapar graças aos paus no chifre, que a impediram de entrar no mato.

Foi grande o susto, mas valeu a experiência e a prova da colaboração do animal, esperando até que pudesse me safar do perigoso impasse.

Nota -  Lalinha, uma das primas de Oscar, conta que ele, sempre que precisava de dinheiro, dizia à sua tia Frederica que ia vender o Brinquinho. Sensibilizada, ela lhe dava o valor equivalente à venda do animal. Assim, Oscar conseguiu muitas vezes os cinco mil réis daquela que também protegia sua fuga da casa do avô (Meu irmão Eulálio) e lhe permitia as idas ao cinema (Cinemas que conheci em São Paulo).

 

 

 

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