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Oscar Ribeiro de Godoy

 

DR. GUSTAVO DE OLIVEIRA GODOY

Prédio da Escola de Farmácia e Odontologia de Pindamonhangaba,

criada em 1913 pelo Médico pindamonhangabense Gustavo de Oliveira Godoy,

nascido em 1846, graduado pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro  

 

Um dos primeiros a descobrir Campos do Jordão como clima essencial para o tratamento da tuberculose foi este ilustre pindense que, no final do século passado, diplomado em medicina e clinicando na sua cidade natal, enviava doentes para cá, pelo conhecimento pessoal que tinha da região.

 

Amigo e conterrâneo de meu avô Amador, esteve várias vezes na Guarda e no Retiro, onde os moradores faziam verdadeiras romarias para desfrutar da presença de um médico na vizinhança.

 

Destas visitas pode aferir pessoalmente das excelentes qualidades do clima de montanha que, na época, era o único tratamento para a chamada “peste branca”. Assim, em 1878, fundou aqui a primeira Casa de Saúde do Brasil, de sociedade com outro médico, seu conterrâneo, o Dr. Francisco Marcondes Romeiro. A Casa de Saúde foi instalada na morada de Ignácio Caetano, na Vila Jaguaribe, numa fazenda com currais, potreiros e animais. Chegaram a comprar 800 alqueires de terras para ampliações.

 

Os dois clínicos, na verdade, residiam em Pinda e entregavam a Casa de Saúde, que não passava de uma pensão, à administração de pessoas leigas. Recebendo, certa ocasião, a visita do Dr. Clemente Ferreira, este afirmou: “Os diretores residem em Pindamonhangaba, de sorte que os hóspedes ficam sem medicamentos”.

 

Na época, e já bem depois, era praticamente só o clima e a resistência individual que permitiam a cura dos enfermos dada a precariedade do ambiente em vários recursos.

 

Mais tarde, toda a área da Casa de Saúde foi vendida para a Casa Nathan, empresa que teve a iniciativa de requerer a divisão judicial da antiga Fazenda Natal, hoje Campos do Jordão.

 

Entregando-se à política, o Dr. Gustavo foi eleito deputado para a constituinte que elaborou a primeira Constituição Republicana do Brasil, onde, como representante de São Paulo, teve destacada atuação indicando as proposições de cunho democrático que fizeram parte daquela carta.

 

Em 1906 exerceu o cargo de Secretário do Interior do Governo de São Paulo no qual prestou serviços à sua terra graças à sua formação médica e ao fato de ter sido um estudioso dos problemas da educação. Na sua atividade na pasta e, principalmente como cidadão, era de um rigor e honorabilidade exemplares. Conta-se que, como Secretário de Estado, ia de bonde para o trabalho, e justificando o ato, dizia: “A minha consciência seria molestada ao me servir de veículos do Estado”.

 

Chegou, mais tarde, a adquirir terras as quais denominou Fazendinha, mas seu temperamento bonachão, calmo ao falar, em tudo se expressando vagarosamente, ainda acrescido com o fato de se dedicar inteiramente à política, não permitia que desse maior atenção aos seus bens. A Fazendinha vivia entregue a um empregado chamado Paulo, que passava a maior parte do tempo embriagado e nem se dava ao trabalho de tirar o mato em volta da casa. Era um casarão antigo, em telha vã, sem assoalho e chão de terra batida. Dava a todos a melhor acolhida, como fez comigo, minha mãe e meu irmão, certa vez, ao pousarmos na Fazendinha para descansarmos da viagem a cavalo.

 

Naquela ocasião, estavam no sítio os filhos homens, todos jovens e prontos para uma brincadeira, qualquer que fosse o resultado. Com visitas na casa, resolveram fazer uma aposta para ver quem bebia mais leite tirado na hora. Tudo combinado, esgotaram as vacas que estavam no curral, acabando com o leite da casa. O Dr. Gustavo, ao receber a notícia de que não havia mais leite para os hóspedes, reagiu alterando a voz: “Bebam, bebam tudo! Bebam também a urina da vaca!”, dirigindo-se aos seus filhos.

 

Seu temperamento somente permitiu esta reação de indignação com o ocorrido.

 

 

 

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