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Oscar Ribeiro de Godoy

 

O BARBEIRO CAUBI MONTEIRO

Foto simplesmente ilustrativa mostrando apenas um barbeiro em atividade.

 

Caubi Monteiro era um excelente profissional e trabalhava nos melhores salões de São Paulo. Tinha por Campos do Jordão uma notável preferência. Quando desejava vir para cá, nada o segurava na Capital; largava emprego, deixava tudo e viajava rumo à sua cidade querida. Aqui ficava na Pensão Inglesa, servindo os hóspedes dos quais recebia estima e carinho.

 

Nós, que o conhecíamos de longa data, muitas vezes o hospedamos na Guarda e dele nos servimos como profissional, o que fazia com perfeição e maestria inigualáveis.

 

Não tinha ambição maior, nem pensava em progredir. O que ganhava com suas hábeis mãos dava para viver folgadamente. Conhecido pelas suas habilidades profissionais, nunca ficava em emprego; aonde chegava fazia a demonstração de sua habilidade e logo era contratado com os melhores salários.

 

Uma vez, na Guarda, ele chegou ao anoitecer para nos visitar e, pelo adiantado da hora, não havia mais comida, mas somente uma grande terrina de coalhada. Oferecemos-lhe a coalhada de leite muito gordo e ele – pela delícia do prato, além da fome que tinha – comeu todo o conteúdo da terrina e, logo após, foi dormir, pois estava um tanto cansado da viagem a cavalo. Durante a noite, foi um “Deus nos acuda” para socorrer o homem que se esvaziou por todas as saídas possíveis e quase teve uma desidratação.

 

Ele não tinha muito preparo e somente lia jornais. Mesmo assim, não recusava discussão, qualquer que fosse o assunto. Várias vezes assistimos à sua participação nas discussões entre meus tios, quase todos diplomados em curso superior, alguns diplomatas e juízes togados. Dizia os maiores impropérios, criando cenas de grande comicidade por não perceber o ridículo da situação. Ríamos das bobagens que falava, mas dava a sua opinião sem se alterar com os risos e chacotas que lhe dirigíamos.

 

O barbeiro tinha grande admiração pelo ator Procópio Ferreira e, quando este estava trabalhando em São Paulo , não perdia os espetáculos do teatro Boa Vista, na rua do mesmo nome, ou do Teatro Apolo, na Rua D. José de Barros. Contava-nos que algumas vezes havia até trabalhado nos teatros como claque, um grupo de pessoas contratadas para bater palmas em determinados momentos, incentivando a platéia a fazer o mesmo.

 

Após vários anos de vida ambulante, trocando de empregos periodicamente, foi morar em Pindamonhangaba, sua terra natal. Um amigo seu montou um salão nas proximidades do Quartel do Exército e deu-lhe para explorar. Ele fez do local a sua moradia e, ao terminar o horário comercial, estendia um colchão no chão do salão e ali mesmo dormia. Assim Caubi terminou seus dias.

 

Foi um grande companheiro, serviu turistas com grande capacidade profissional e dedicou a essa terra grande simpatia.


 

 

 

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