O
PROFESSOR CAMARGO FREIRE
Professor
Expedito Camargo Freire, o Pintor da Paisagem de
Campos do Jordão.
Por
ocasião do centenário de Campos do Jordão, fui
gentilmente convidado para ir até a rádio local
falar sobre minha participação nas passagens
mais antigas da vida da cidade. No dia combinado,
às 20 horas, lá estava eu, sendo então
entrevistado pelo Bel. Pedro Paulo, autor da belíssima
obra sobre a história da nossa região.
Tudo
corria normalmente, esforçando-me para retribuir
da melhor forma a gentileza do convite, quando fui
interrompido com a informação de que havia
algumas autoridades desejosas em conhecer o
entrevistado.
Então,
tive a honra de conhecer, entre outras dignas
pessoas, o professor Camargo Freire, que, com sua
proverbial gentileza, me cumulou de elogios pelo
que estava fazendo, isto é, pelo que falava de
Campos do Jordão, da minha mocidade.
Após
a nossa conversa, voltando para terminar os poucos
minutos restantes do horário que me havia sido
cedido, continuei a entrevista até às 23 horas.
Estava certo de que o professor demonstrara grande
interesse em ouvir mais algumas estórias e, pelo
seu prestígio como artista e cidadão, foi logo
atendido com a suspensão da programação
prevista, para que pudéssemos desfrutar de mais
tempo, contrariamente ao que havia acontecido nas
palestras anteriores.
A
partir desta noite festiva na rádio, nos tornamos
amigos. Periodicamente ele me visitava no Rancho
Santo Antônio, acompanhado da esposa, e sempre tínhamos
horas e horas de boa prosa, ouvindo a sua
cativante personalidade.
Por
minha encomenda, ele me fez uma reprodução do
quadro da Fazenda da Guarda que havia pintado para
a sede do Parque Estadual. Uma fiel imagem da
minha Fazenda como era no meu tempo de jovem.
Coloquei o quadro em lugar de destaque. Quando de
minha mudança para Campos do Jordão, doei-o às
minhas netas, fazendo parte da decoração de sua
casa aqui em Campos.
Diariamente
o seu trabalho me faz recordar os belos momentos
que vivi neste lugar. Lutando ao lado de minha mãe
e de meu irmão para preservar aquele canto do
paraíso para os nossos descendentes.
Várias
vezes, acompanhado de minha esposa, que admirava
muito seus quadros, fizemos-lhe visitas na casa
onde morava, na Vila Jaguaribe. Gostava de ir ali
por três grandes motivos: a atenção com que nos
acolhia , desdobrando-se em amabilidades, ao fazer
a exibição dos prêmios que recebera no Brasil e
no exterior, que não foram poucos e dos mais
valiosos; o poder apreciar suas telas, naquele
ambiente calmo e acolhedor e, por último, a
lembrança, pois o professor morava bem defronte
ao local onde, em tempos passados, havia, além da
igreja, o armazém do João Maquinista. Em ocasiões
diversas, ia fazer compras lá, quando ainda
morava na Guarda.
Muitos,
com competência, falavam de Camargo Freire como
artista com suas mãos trabalhando pincéis e
produzindo obras das mais valiosas, mas o amigo
que traça essas linhas o vê como cidadão
honrado, o amigo certo e o artista que trouxe para
essas plagas as melhores honrarias.
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