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Oscar Ribeiro de Godoy

 

OS ESCOCESES

O Escocês Dr. Robert John Reid, fundador de Vila Abernéssia - Campos do Jordão, em traje típico de seu país.

 

Lá pelo início do século, já viviam aqui em Campos alguns escoceses. Um deles, o Sr. Roberto Reid, fora o agrimensor que sucedeu o Dr. Magalhães, assassinado por um português conhecido como João Maquinista alguns anos antes, na época do início da ação divisória de Campos do Jordão.

 

Era um abastado proprietário de terras e residia ao lado da antiga casa onde se instalou a Prefeitura Municipal, em Abernéssia, nome dado à Estação e à Vila, como homenagem à sua cidade natal, na Escócia. Casado com uma brasileira, teve vários filhos que ainda, segundo me consta, possuem propriedades entre nós, nas cercanias do Rio Preto, nos baixos da estrada velha para São Paulo.

 

Outro escocês que vivia em Campos era o Sr. Jaime MacLean, também casado com uma brasileira e, que me lembre, era cunhado do Sr. Reid. Quando o conheci, era dono da fazenda cuja sede ficava mais ou menos no local onde hoje está o Hotel Chateau. Era uma imensa casa colonial, com a frente voltada para o centro de Capivari. Bem mais tarde, essa moradia passou a ser da Sra. Mercedes Marcondes e de sua irmã, aparentadas com minha mãe, e, pelo seu tamanho e inúmeros cômodos, foi utilizada como pensão para doentes, a Pensão Azul.

 

Certa vez, lá fomos a um baile de Carnaval oferecido pela Sra. Mercedes. Os doentes de tuberculose, convidados e moradores da pensão circulavam e dançavam numa verdadeira bagunça. Foi então servido o jantar para todos numa única e comprida mesa. O nosso grupo ficou em uma extremidade. Servida a sobremesa, um apetitoso creme de abacates, um dos meus primos, muito gaiato, tirou uma colherada do prato do vizinho, o Xará, e este em revide, jogou-lhe na roupa uma porção de creme. Começou, então, um Carnaval de creme de abacates, retirado das terrinas com as mãos, uns jogando sobre os outros, num verdadeiro pandemônio. Todos gritavam pedindo calma, mas a alegria carnavalesca era superior e o creme nem chegou a ser provado, indo parar nas roupas dos convivas, nas paredes e no chão.

 

Naquela região, mais ou menos plana, entre a confluência dos rios Capivari e Sapucaí, não havia casas e, nas vizinhanças do Hotel Estoril, havia um barracão coberto de folhas de zinco onde funcionava uma serraria a vapor, de propriedade do Sr MacLean. Recordo-me que, vindo da Guarda, subindo e descendo morros como era a primitiva trilha, ali chegando numa planície que me parecia enorme, não me continha e, sempre acompanhado de primos ou empregados, dava vazão ao desejo de correr. Ali era a nossa “pista de corridas”. Era também, o ponto onde recebíamos parentes e amigos que se destinavam à Guarda.

 

Havia, ainda, um terceiro escocês chamado Roberto Baker, casado com a Sra. Emília Baker. Tinha fama de beberrão e, segundo ouvi dizer na época, passava o tempo alcoolizado. Já a Sra. Baker, conhecida como Miss Baker, era enérgica, sempre disposta ao trabalho e de aparência altaneira, impondo respeito a todos que a conheciam. Ela montou uma pensão que mais tarde deu o nome à Vila Inglesa.

 

A sua casa tinha fama de não receber doente de tuberculose, ao contrário das demais que sobreviviam da hospedagem de enfermos. Era intransigente na seleção de seus hospedes e, por essa razão, sua pensão tinha freqüência de elite, dos veranistas de então.

 

Recordo-me que, estando na Ponta dos Trilhos, ponto de espera dos viajantes, hoje vizinhanças da fábrica de doces de Capivari, onde terminava a viagem de bondinho, vi a Sra. Baker com a cavalhada da sua pensão, preparando tudo, ativa, solícita e pacientemente preparando o cortejo dos hospedes recém-chegados. Sabia-se que, além da exigência relativa à tuberculose, os serviços de hotelaria de sua pensão eram de especial qualidade.

 

A Sra. Baker merece o título de iniciadora do turismo na nossa terra, pois, tendo a idéia de não receber enfermos, atraiu para cá turistas de toda parte, tornando a nossa Campos do Jordão mais conhecida.  

 

ABERNÉSSIA

 

O nome ABERNÉSSIA foi construído artesanalmente por Robert John Reid usando os nomes ABERDEEN, INVERNESS e ESCÓCIA. (ABERDEEN, do Condado de Aberdeenshire é a cidade da Escócia no Reino Unido onde nascera). É importante porto do Mar do Norte, com cerca de 216.000 habitantes (2008). É conhecida como a "cidade do granito" por haver muitos edifícios construídos à base dessa matéria-prima. É banhada pelo Mar do Norte e fica situada na foz dos rios Dee e Don. INVERNESS, também na Escócia, onde seu pai havia nascido. (Inverness é a maior cidade do Norte da Escócia e capital das terras altas, conhecidas como Highlands, local de muitas lendas e tradições. É uma cidade pequena e tranqüila, cortada pelo rio Ness). Retirou a primeira sílaba do nome da primeira ABER e a esta anexou  a última sílaba do nome da segunda, NESS o que resultou em ABERNESS. Antes de concluir seu trabalho, acabou por acrescer o pequeno sufixo IA da Escócia, sua terra natal. Concluindo, denominou a nova vila ou Vila Nova, como muitos a chamaram durante vários anos, de Vila ABERNÉSSIA (ABER + NESS + IA).

 

 

 

 

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