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Fotografias que contam a história de Campos do Jordão.

 

 Festa da Maçã - Iª Festa (1953)


Maçãs produzidas em Campos do Jordão - SP.

FESTA DA MAÇÃ DE CAMPOS DO JORDÃO - PRIMEIRA - ANO 1953

Informações procedentes de Campos do Jordão e prestadas pelo Sr. MIGUEL ACIEN RUIZ, técnico em pomicultura e responsável pelo setor de frutas da 1ª Festa da Maçã que se realizará naquele município nos dias 6, 7 e 8 de março (de 1953), adiantam que será superior à prevista inicialmente a mostra de frutas no aludido certame, principalmente a de maçãs, cujos produtores apresentarão cerca de três mil quilos de tipos selecionados. Já foram constituídas e funcionam as diversas comissões da Iª Festa da Maçã, sob a presidência do agrônomo Shisuto José Murayama, presidente da Associação Rural de Campos do Jordão.

Consta do programa o desfile de um carro alegórico, projetado pelo prof. Camargo Freire e que conduzirá a Rainha e as Princesas da Iª Festa da Maçã, no dia 8 de março.

Foram distribuídas urnas pela cidade para recolhimento dos votos,os quais situam nos primeiros lugares, até o momento, as srtas. Edith Ogata, Marguerite Wuileumier, Ruth Sagesse e Vilma Pontes.

Os hotéis locais estabeleceram tarifas especiais que vigorarão durante a realização da festa. Será realizada conjuntamente uma exposição de plantas gloxíneas, a cargo da Sociedade Paulista de Floricultura.

Constam ainda provas esportivas, exibição de jiu-jitsu e apresentação de bailados, provas de esgrima e queima de fogos. Mas o principal atrativo será a apresentação de maçãs produzidas no município, que possui 40.000 macieiras plantadas, das quais 20.000 em plena produção.



A FESTA DA MAÇÃ - TEXTO DE PEDRO PAULO FILHO

Contando com a presença do Governador Adhemar de Barros, a 1ª Festa da Maçã realizou-se em 6, 7 e 8 de março de 1953, constituindo-se um dos maiores eventos da história turística e econômica de Campos do Jordão.

Os pilares do evento sustentavam-se na pretensão de mostrar ao País, tridimensionalmente, o seu turismo crescente, uma pujante fruticultura e a sua industrialização.

Tiveram influência preponderante na bem sucedida promoção agro-turística, o prefeito Paulo Cury e o engenheiro agrônomo Shisuto José Murayama, então presidente da Associação Rural.

Interessante notar, que em 1951Thomaz Saraiva Przirembel, escrevia ao jornal “A Cidade”, sugerindo a criação da Festa da Maçã, como veículo de promoção turística e incentivo à cultura de frutas européias, de fácil adaptação a terra jordanense.

Em dezembro de 1952, a Associação Rural, através de seu presidente, Eng Shisuto José Murayama, começou a estudar a viabilidade técnica da realização daquele importante empreendimento.

Em âmbito geral, o desenvolvimento da agricultura jordanense se deveu aos esforços da colônia japonesa, que em terreno íngreme e condições topográficas hostis, plantou, incansavelmente, desde as encostas da Serra da Mantiqueira até os suaves vales do ondulado planalto, sendo a responsável por uma produção agrícola das mais respeitáveis, consistente, naquele ano, em 50 mil sacos de cenoura, 500 mil pés de repolho e 60 mil caixas de pêra.

O esforço pioneiro de Júlio Fracalanza na década de 30, inspirou a exploração da fruticultura no Município, uma vez que ficara provada a adaptabilidade fácil das frutas européias ao clima de Campos do Jordão, e, a tal ponto aquele trabalho frutificou, que, à época em que se implantou a 1ª Festa da Maçã, cultivava-se em Campos do Jordão 40 mil macieiras, 60 mil pereiras e 30 mil oliveiras, constituindo o Município no maior produtor de batata semente.

A montagem promocional da 1ª Festa da Maçã provocou uma explosão publicitária de Campos do Jordão nos principais jornais e revistas do País.

A Belfruta Ltda., como empresa de industrialização de frutas de Campos do Jordão, alcançava o seu apogeu técnico, com alta produtividade, no início da década de 50. Ela fora constituída, em 10 de março de 1949, por Paul Ludwig Gustav Edward Bockmann e Adhemar de Barros Filho, com sede na Fazenda do Baú.

A Belfruta, além da fabricação de excelentes sucos e geléias de frutas, doces e bebidas, destacou-se, a nível nacional, com a fabricação da famosa “Calvila”, aguardente de maçã, que obteve sucesso nos mercados consumidores do País.

Foi Paulo Bockmann que idealizara a Belfruta, um alemão que muito trabalhou pela divulgação de Campos do Jordão, e que ocupou altos cargos na Administração Pública Estadual, graças ao seu íntimo relacionamento com o Dr. Adhemar de Barros.

A Belfruta foi sediada no Vale do Baú, e suas instalações tinham capacidade para industrializar 5 vezes a produção do Município, em moderno equipamento industrial, ocupando 1800 alqueires de terra, de 1000 a 2000ms de altitude, onde se cultivava 200 variedades de maçãs, pêra, framboesa, morango (1 milhão de pés), abacaxi, pêssego, manga, figo, nozes e olivas.

Miguel Acien Ruiz era o chefe das plantações.

Possuía, ainda, a Belfruta uma fazenda no pé da mantiqueira, em Piracuama, com 3 mil alqueires.

Mantinha um campo experimental, sob a direção de agrônomos da Secretaria da Agricultura, que objetivava fornecer 65 mil macieiras, no prazo de 5 anos, aos agricultores da região.

Dado o rompimento político de Lucas Nogueira Garcez e Adhemar de Barros, Paulo Bockmann permaneceu fiel à administração do primeiro, até por conveniência financeira e interesses de financiamento.

A posição de Bockmann afastou-o de Adhemar de Barros, que indicou como gerente da Belfruta, Flávio A. Costa, iniciando-se aí, o processo de desativação.

A situação agravou-se mais com a desestabilização conjugal do casal Bockmann, tendo em vista que a indústria funcionava nas terras de propriedade da esposa, Martha Matheis Bockmann. Logo, Cássio de Toledo Leite foi nomeado liquidante, desaparecendo aquela importante indústria jordanense.

A I Festa da Maçã ofereceu a São Paulo e Rio de Janeiro um vasto programa, cujo ponto alto constituiu-se a Exposição de Frutas, Flores e Hortaliças.

E foi dentro desse clima de intensa produtividade da fruticultura jordanense, aliado aos sucessos técnicos e econômicos da Belfruta, que eclodiu o evento promocional e turístico.

Palestras sobre fruticultura proferidas por técnicos agrícolas, exibições de jiu-jitsu, com Hélio Gracie, espetáculos teatrais, além de concorrido concurso para eleger a Rainha da Maçã, movimentaram a Estância de Campos do Jordão.

A Rainha da Maçã, Edith Ogata, em carro aberto, desfilou pelas avenidas jordanenses, acompanhada de carros alegóricos e aplausos de populares, e bem assim, as Princesas Lolly Dal Pino, Ruth Sagesse, Wilma Pontes e Marguerite Wuilleumier.

Na exposição de frutas, flores e hortaliças recebeu o primeiro prêmio, Júlio Fracalanza, pioneiro na fruticultura jordanense, além da Sociedade Belfruta Ltda., Irmãos Novaes, Dierberg Agrícola Ltda., Antonio Damas, José Roberto e M. Yamada.

Do Livro "História de Campos do Jordão" - Páginas 674 e 675 - Pedro Paulo Filho - 1986



PRIMEIRA FESTA DA MAÇÃ DE CAMPOS DO JORDÃO

Foi assim que a “Revista Manchete”, com reportagem de Dirceu Nascimento e fotos de Jack Pires, iniciou sua edição nº 49, datada de 28 de março de 1953, com reportagem e comentários sobre a Primeira Festa da Maçã : “Campos do Jordão possui o melhor clima do mundo – Paisagens tirolesas na Serra da Mantiqueira – Hotéis e residências a 1.800 metros de altitude – Uma estância de veraneio que se enche também no inverno, as vezes com 13 graus abaixo de zero – O Brasil já produz maçãs iguais às melhores da Europa, Estados Unidos e Argentina – 300 variedades diferentes de macieiras – Uma graciosa “nisei”, eleita “Rainha da Maçã, com mais de 27.000 votos” e prosseguiu assim : A primeira vez que Campos do Jordão entrou nas manchetes dos jornais brasileiros foi em janeiro de 1951 quando lá esteve, durante alguns dias, o Sr. Getúlio Vargas, recém-eleito Presidente da República. A cidade ficou então abarrotada de jornalistas brasileiros e estrangeiros, que se confundiam com centenas ou milhares de candidatos a cargos importantes na nova administração federal. Foi em Campos do Jordão que Vargas, como convidado de Adhemar de Barros e hóspede da Belfruta, estudou e formou o “Ministério da Experiência”, atualmente com seus dias contados.

Com a realização da I Festa da Maçã, Campos do Jordão voltou às primeiras páginas dos jornais brasileiros, notadamente da imprensa paulista.

A festa, planejada e realizada por um grupo de pessoas dirigentes na privilegiada estância climática, com a colaboração da população local, tendo à frente o agrônomo regional Shysuto José Murayama, presidente da Associação Rural, teve por principal finalidade mostrar ao Brasil que Campos do Jordão não é apenas um lugar maravilhoso, que possui o melhor clima do mundo e 15 hospitais (1.650 leitos) modernamente aparelhados para tratamento de doenças pulmonares, mas, sim, que é também um dos municípios mais ricos e progressistas do país, detentor de vários recordes : a cidade mais alta do Brasil (1.750 ms. De altitude), uma estação rádio-emissora – a ZYL-6 – das mais altas do mundo, embora não em potência; o maior centro produtor de cenouras e de batatas-sementes que produz maçãs e pêras iguais às melhores frutas da Europa, Estados Unidos e Argentina.

Três motivos fazem a grandeza econômica de Campos do Jordão: o turismo, a agricultura (principalmente a fruticultura) e a industrialização das frutas.

TURISMO – O turismo é uma conseqüência do magnífico clima e da extraordinária riqueza topográfica da “Suíça Brasileira”. O município de Campos do Jordão, situado nos planaltos ondulados da Serra da Mantiqueira, no Estado de São Paulo, tem uma altitude que varia de 1.600 a 2.030 ms (Pico do Itapeva, de onde se avistam 11 cidades do Vale do Paraíba) e uma temperatura média anual de 12 graus.Em julho de 1951, o barômetro desceu a 13 abaixo de zero, mas o frio é seco e extraordinariamente saudável, com grande oxigenação e ozona, que purificam o ar. A cidade composta de várias vilas, entre as quais Abernéssia, Jaguaribe, Emílio Ribas, Capivari, Jardim do Embaixador e Fracalanza, distantes poucos quilômetros uma das outras, é dotada de hotéis de primeira ordem – Grande Hotel, Rancho Alegre, Toriba, Vila Inglesa, Hotel dos Lagos, Refúgio Alpino, Umuarama, entre outros – todos situados em recantos de excepcional beleza panorâmica, com paisagens que se poderia classificar de alpinas ou tirolesas e que constituem uma surpresa agradável para os turistas. Além disso há ainda dezenas de lugares maravilhosos para passeios, como o Pico do Itapeva, o vale e a pedra do Baú (1950ms), o Horto Florestal, a Colônia de Férias dos Oficiais da Força Pública Estadual e o Palácio Boa Vista, futura sede de verão do governo paulista, todos interligados pó 240 quilômetros de boas estradas suburbanas, bem conservadas e às vezes até ajardinadas pela Prefeitura local. Os hotéis, explorados e dirigidos por “experts” suíços, alemães e italianos estão quase sempre cheios, mesmo no inverno, e por força de lei estadual só aceitam hóspedes que sejam aprovados em exame médico clínico-radiológico, válido por seis meses. Essa providência completa a segurança dos turistas, já que os hospitais estão localizados à distância dos núcleos residenciais.

AGRICULTURA – O grande desenvolvimento da agricultura em Campos do Jordão se deve principalmente à colônia nipo-brasileira. Espalhado desde as encostas da Mantiqueira até os suaves vales do planalto ondulado, os agricultores japoneses tiram os melhores resultados das mais variadas culturas. O município produz anualmente, entre outras cousas, 50.000 sacos de cenouras (no valor de 10 milhões de cruzeiros), 500,000 pés de repolho, 60.000 caixas de pêra e possui 40.000 macieiras, 60.000 pereiras, 30.000 oliveiras, além de ser no país o único centro produtor de batatas-sementes.

INDÚSTRIA – A Sociedade Belfruta Ltda., dirigida pelo Sr. Flávio A. Costa, constitui a indústria de Campos do Jordão, representando ainda decisivo papel no fomento e desenvolvimento da fruticultura no município. Além da fábrica de excelentes sucos e geléias de frutas, doces e bebidas finas (“Calvila”), a qual, com as atuais instalações, tem capacidade (dez toneladas diárias de frutas) para industrializar 5 vezes a atual produção frutífera de Campos do Jordão, possui a Belfruta, no Vale do Baú, em torno de seu magnífico e moderno estabelecimento industrial, 1.800 alqueires de terra, de 1.000 a 2.000 ms. de altitude, onde cultiva maçãs (200 variedades diferentes), pêras, framboesas, morangos (um milhão de pés), abacaxi, pêssegos, mangas, figos, nozes e olivas, sem contar a fazenda Piracuama, ao pé da Serra da Mantiqueira, com 3.000 alqueires.

Para o fomento e aprimoramento da fruticultura em Campos do Jordão e no Estado de São Paulo, mantém a Belfruta, em sua fazenda do Vale do baú, um campo experimental, sob a direção de autorizados agrônomos especializados e já contratou com a Secretaria da Agricultura de São Paulo a entrega, no prazo de 3 anos, de 65.000 macieiras, destinadas aos agricultores de Campos do Jordão. E ainda com o mesmo objetivo de fomentar a cultura da maçã no município, vende mudas de macieiras aos agricultores locais a longo prazo, para pagamento com a respectiva produção.

A FESTA – A I Festa da Maçã, realizada durante os dias 6, 7 e 8 do corrente, constituiu um êxito muito acima da expectativa de seus organizadores. Constou principalmente de uma Exposição de Frutos, Flores e Hortaliças e de todos os produtos industrializados pela Belfruta; palestras sobre fruticultura, com a participação de renomados técnicos estaduais; competições e exibições esportivas, inclusive com a participação de Hélio Gracie e de seus principais alunos; um espetáculo teatral – “O show da Cidade” – do qual participaram elementos da sociedade local e do Ballet Oriental, de São Paulo, sob a direção do professor Yasuo Otani; coroação apoteótica da “rainha da Maçã”, srta. Edith Ogata, em praça pública, e seu desfile em carro alegórico, principais ruas de Abernéssia, em companhia das “Princesas”, srtas. Lolly Dal Pino, Ruth Sagesse, Wilma Pontes e Margueritte Wuileumier; e finalmente, baile em homenagem à Rainha e Princesas, na encantadora sede da Colônia de Férias os Oficiais da Força Pública.

A EXPOSIÇÃO – A Exposição contou com cerca de 30 diferentes espécies de maçã, muitas das quais expostas pela primeira vez no país, e entre os expositores que obtiveram primeiro prêmio figuraram o Sr. Julio Fracalanza (pioneiro da cultura de macieiras em Campos do Jordão), com as variedades “Reinette du Canadá”, “Deliciosa Amarela”, “King David”, “Rainha das Rainhas” e “Portuguesa”, a Sociedade Belfruta Ltda., com a variedade “Pearmain Doré”, Irmãos Novais com a “Rome Beauty”, Dierberg Agrícola Ltda., com a “Ohio Beauty”, Antonio Damas com a “Bela Flor Amarela”, José Roberto com a “Deliciosa” e M. Yamada, com a “Cardinal”.

Revista "Manchete" - Edição nº 49 - 28 de março de 1953

 

 

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Edmundo Ferreira da Rocha

 

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