O Sanatório Santa Cruz, dentre todos demais Sanatórios de Campos do Jordão, que prestaram, durante várias décadas, relevantes serviços, em prol da cura para a tuberculose é, sem dúvida alguma, especialmente, internamente, o mais lindo do todos. A decoração interna do Sanatório Santa Cruz é especial, cuidadosamente planejada e executada com muito bom gosto e requinte, sempre procurando evitar e minorar aquele visual nada agradável de ambiente hospitalar. Salas de estar, salas de refeitórios, corredores, consultório médico, sala de dentista, sala de cirurgia, cozinha, pátios, solários, alojamento de hóspedes, capela, enfim tudo finamente decorado e de beleza inigualável.
O Sanatório Santa Cruz é um dos locais lindos de Campos do Jordão. Quem não conhece vale a pena conhecer. Com certeza, aqueles que se dispuserem fazer uma visita ao local, serão muito bem recebidos pelas maravilhosas Irmãs Mercedárias que continuam à frente da importante instituição. Aqueles com condições financeiras mais favoráveis, também, com certeza, irão acabar contribuindo para ajudar a melhorar cada vez mais o atendimento das pessoas que de lá dependem. Atualmente o Sanatório atende pessoas idosas e portadoras de deficiências diversas.
Edmundo Ferreira da Rocha
Sanatório Santa Cruz
Acometida de tuberculose, dona Leonor de Moraes Barros, à ausência de sanatórios no Brasil, viajou para a Suíça a fim de tratar-se.
Lá, fez uma promessa: logo que curasse e pudesse retornar à sua Pátria, fundaria um sanatório destinado ao tratamento de moléstias pulmonares, que pudesse atender não somente as pessoas com recursos, mas também aquelas indigentes.
Logo que retornou, curada, em terras brasileiras, procurou o Dr. José Carlos de Macedo Soares, obtendo dele a doação de uma área de terras na então Fazenda Santa Mathilde, para os fins pretendidos.
Não demorou muito e a pedra fundamental era lançada em 8 de julho de 1928, contratando-se o Dr. Adelardo Caiuby, que elaborou o projeto de construção de um sanatório, edificado pelo eng° Plínio da Rocha Mattos.
Na realidade, um pouco antes, a 26 de maio de 1928, Dona Leonor constituíra juridicamente a Entidade, juntamente com sua irmã Ana Maria Moraes Burchard.
Em 12 de julho de 1932, a Entidade transformou-se na Fundação do Sanatório Santa Cruz.
Antes da Revolução de 1932, dona Leonor de Moraes Barros financiou a vinda da Espanha da Congregação das Irmãs Mercedárias de N. S. das Mercês, que aportou a Campos do Jordão, logo que terminou a Revolução Constitucionalista.
Com Dona Leonor, assumiram as Irmãs Mercedárias os serviços de administração e enfermagem, atravessando o Hospital um período de florescente progresso.
A fase áurea, infelizmente, perdurou até 1956, pois, a partir daí, dona Leonor cansada e frágil, já não tinha forças para suportar o pesado ônus do funcionamento do Sanatório.
Preocupada com os fins da Instituição manifestou a fundadora o desejo de transferir o Hospital às Irmãs de N. S. das Mercês, que lhe haviam emprestado integral apoio, desde o funcionamento do nosocômio.
Antes de modificar os estatutos e formalizar a transferência, Deus convocou D. Leonor de Moraes Barros, que faleceu em 2 de fevereiro de 1963. Seus familiares, porém, conhecedores de seu desejo, cumpriram-no “post-mortem”, transferindo o Sanatório às Irmãs Mercedárias de N. S. das Mercês, que, procuraram, a todo o custo, por via de sucessivos convênios com o IAPB, IPASE, e depois INPS, a canalização de recursos que permitiram a sobrevivência do Hospital.
Ampliaram o prédio, construíram capela, salão de recreio, jardins, montaram farmácia, laboratório, postos de enfermagem, elevando o nosocômio a um nível de primeira classe.
A sua capela foi inaugurada em 12/11/1934, onde o padre José Gomes, capelão do Sanatório, celebrou a primeira missa.
Em declaração de última vontade, recomendou que todos os seus bens fossem doados ao Sanatório, o que foi cumprido “post-mortem”.
Presidiu, por longos anos, a Fundação do Sanatório Santa Cruz, a Irmã Ignês Sanguito Alberdi, que, em 1939, já estivera em Campos do Jordão, retomando depois à Espanha, para se devolver ao solo brasileiro em 1932, a pedido de dona Leonor de Moraes Barros.
Do Livro “História de Campos do Jordão”, da autoria do escritor, historiador, advogado, Pedro Paulo Filho - Editora Santuário - Ano 1988 - Páginas 288 e 289.
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