Associação Sanatório e Preventório Santa Clara
Em 1927, um grupo de senhoras chefiadas por Luiza e Georgina de Souza Lopes, acolitadas por suas irmãs Irene e Maria Carlota, decidiram fundar uma associação de combate à tuberculose infantil.
A idéia nasceu no antigo Distrito Federal, ante os alarmantes índices de estado de pré-tuberculose nas estatísticas escolares.
As irmãs estavam em Paris, na residência de seu pai, o Cônsul brasileiro, Dr. João Batista Lopes, quando se auto-determinaram a iniciar uma grande obra social.
Logo, dona Mathilde e o Dr. José Carlos de Macedo Soares ofereceram, em doação, uma gleba de terras de 16 alqueires, e com ela, foi juridicamente constituída a Associação Sanatório Santa Clara, em 21 de julho de 1927, da qual faziam parte o Sanatório Santa Clara de Campos do Jordão e a Fazenda Santo Antonio, em Paraíba do Sul.
Iniciada a coleta de subscrições públicas, em 8 de janeiro de 1928 foi lançada a pedra fundamental, sob as bênçãos do padre Francisco Lino dos Passos.
Sem apoio oficial, e contando apenas com campanhas comunitárias, como a Campanha do Selo da Tuberculose, lançada precursoramente no Brasil pela Associação, iniciou-se a construção de seu primeiro pavilhão.
Somente após a visita oficial a Campos do Jordão do Dr. Barros Barreto, diretor de Serviço Social do Estado, em 18 de abril de 1931, foi possível obter o auxílio de cem mil cruzeiros em troca da reserva de 40 leitos para crianças de São Paulo.
O seu primeiro pavilhão foi inaugurado em 28 de junho de 1931, em solenidade a que compareceram o Cel. João Alberto, Interventor Federal de S. Paulo, Dom Fortunato da Silva Ramos, o Dr. Gabriel Fernandes, que falou em nome da Entidade, Dr. Belisário Pena, da Saúde Pública do Distrito Federal e Dr. Barros Barreto, do Serviço Social do Estado.
Em 21 de agosto de 1931, Olga Berthe Albrecht chegava a Campos do Jordão para organizar os serviços internos do Sanatório e em novembro do mesmo ano, começaram a chegar os materiais escolares, mandados pelo Dr. Lourenço Filho, diretor do Ensino de S. Paulo, para a instalação de uma sala de aulas.
A campanha para a construção do 2° pavilhão iniciou-se em 1934, e no ano seguinte, infelizmente, a Entidade perdia 3 de seus benfeitores: Prof. Miguel Couto, Prof. Olimpio Portugal e o Dr. Gabriel Fernandes.
Graças a subsídios federais, a Associação conseguiu em 8 de novembro de 1936 inaugurar o seu 2° pavilhão.
Prestavam assistência médica a 430 crianças os médicos Marco Antonio Nogueira Cardoso e Januário Miráglia, sob a coordenação administrativa de Olga Albrecht.
No ano de 1937, a sua escola, promovida a escola urbana de segundo estágio, tinha suas aulas prelecionadas ao ar livre, com assistência dentária de Nelson Gonçalves Barbosa e Silvestre Passy.
Inaugurava-se nova ala em 1939, e a enfermeira Maria Paula Machado de Almeida vinha do Rio de Janeiro auxiliar dona Olga B. Albrecht.
Ainda nesse ano, a Associação perdeu a sua grande colaboradora, Maria Luiza Ferreira Neves, que havia promovido o “Mês da Tuberculose”, conseguindo obter da Casa da Moeda, o “Selo da Tuberculose”, que beneficiou não somente a Entidade, mas todas as obras congêneres do País.
Em 1943, a Legião Brasileira de Assistência encaminhava crianças ao Preventório, e em 1945 realizou-se a sagração da Capela, que recebeu a Pedra D’Ara, com as relíquias de São Cornélio e Sta. Venusta, em cerimônia presidida por D. Francisco Borja do Amaral, Bispo da Diocese de Taubaté.
A campanha do “Cruzeiro Escolar” foi lançada em 1947, em benefício das obras da Associação, que, em 6 de outubro daquele ano, perdia uma de suas fundadoras, Irene Lopes de Azevedo Sodré, sucedida por sua irmã, Maria Carlota Paes de Carvalho.
O Governo de São Paulo, em 1948, denominou a Escola do Preventório
Santa Clara de “Irene Lopes Sodré”, e, em 1952, a instituição entregava a sua direção à Congregação das Filhas de São Camilo.
Dona Olga Berth Albrecht, em 1957, recebeu do Sr. Presidente da República a “Ordem do Cruzeiro do Sul”, pelos seus 27 anos de serviços prestados à criança brasileira, e do Consulado da França, as insígnias de “Chevalier de La Santé Publique de France”.
Seus restos mortais jazem no cemitério municipal. Atualmente, a entidade denomina-se Associação e Preventório Santa Clara. A E.E.P.G. “Irene Lopes Sodré” foi transferida para o novo prédio construído em Vila Nadir.
Atualmente, o prédio da Preventório Santa Clara tem sido muito utilizado durante os meses de julho, pelos alunos bolsistas do tradicional Festival de Inverno de Campos do Jordão, para aprendizado, aperfeiçoamento musical e hospedagem.
Do Livro “História de Campos do Jordão”, da autoria do escritor, advogado, jornalista e historiador, Pedro Paulo Filho, Editora Santuário, 1986, páginas 286 a 288.
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