O Sr. ATALA AIN


O Sr. ATALA AIN - FS9 14

ATALA ABIB AIN

Nasceu na Síria, na cidade de Katana; veio para Campos do Jordão na década de 1930. É um dos mais antigos moradores desta cidade. Começou trabalhando como mascate, vendendo roupas de porta em porta, depois foi comerciante na Vila Jaguaribe. Posteriormente, veio para Vila Abernéssia, onde comprou um prédio, na atual Av. Dr. Januário Miráglia, nele residindo e se estabelecendo. Esse prédio existe até hoje. Atualmente, faz esquina com a praça/calçadão que leva o seu nome, em frente à antiga Loja Étika, que pertenceu ao saudoso e conhecido Zezé.

O seu Atala estabeleceu-se, a partir da década de 1940 até ao ano de 1965, com a famosa, bem sortida “Casa Paulista”. Essa loja tinha praticamente de tudo: diversos tipos de materiais para construção, panelas, facas, louças, peças automotivas, munição para armas, fogos de artifício, tintas, pincéis, gêneros alimentícios, bebidas e tudo mais que se possa imaginar em artigos diversos, impossíveis de serem encontrados em outras lojas.

O Sr. Atala teve quatro mulheres. Com a primeira teve uma filha de nome Odete; com a segunda teve cinco filhos: Jorge, Issa, Adélia, Iracema e Ester; com a terceira teve o filho Orlando, e com a quarta teve mais três filhas: Nazira, Maria de Lourdes e Soraya. No total teve dez filhos.

Durante o tempo em que esteve estabelecido com a “Casa Paulista”, contou especialmente com a ajuda dos filhos Jorge e Issa. Posteriormente, também recebeu ajuda da quarta esposa, Maria de Lourdes, com quem viveu até o final de sua vida.

Seu Atala era uma pessoa muito séria e de grande bondade, porém bastante bravo, nervoso e sem muita paciência para aturar brincadeiras e conversas fiadas de amigos e fregueses. Aliás, os filhos seguiram direitinho o jeitão do pai.

O dia em que seu Atala estava com a macaca, como costumamos dizer na linguagem popular, era para se sair de perto. Não queria conversa de espécie alguma. Muitas vezes, preferia deixar de vender suas mercadorias para não ter de aturar certos fregueses.

Certa oportunidade, ele estava num desses dias. Entrou um freguês, parou em frente ao balcão da loja, olhou demoradamente nas prateleiras e depois perguntou ao seu Atala se tinha uma determinada peça de que precisava para seu veículo. Seu Atala, que já não havia gostado do jeitão do freguês – parar e ficar olhando para as prateleiras da Loja –, respondeu de imediato que não tinha a tal peça. O freguês insistiu: “Seu Atala, a peça de que necessito é aquela que está ali na prateleira do meio”. Já irritado e agora muito mais, seu Atala foi curto e grosso: “Aquela ali não é para vender”. Virou as costas e saiu do local.

Incrível. Essa pequena história se repetia muitas e muitas vezes, quando seu Atala não estava para conversas. É preciso dizer que essa tal peça só poderia ser encontrada, aqui em Campos do Jordão, na “Casa Paulista”.

Com já dito, seu Atala era uma pessoa muito boa, que não costumava guardar rancores para sempre. Se as pessoas tivessem cuidado e paciência, voltando à loja em outra oportunidade mais favorável, poderiam comprar, sem qualquer obstáculo, o produto desejado.

 

 

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