Gralha azul, onde você está ?


Gralha azul, onde você está ? - FS 13

A FAMOSA GRALHA AZUL - Outrora, em quantidade bastante significativa, a gralha azul habitou esta região de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. Com sua voz desagradável, gritou e grasnou em seus vôos e em cima dos nossos pinheiros, até início da década de 1950. Desapareceu completamente, sem explicação. Talvez, esperamos, tenha migrado para regiões mais promissoras, favoráveis à preservação da sua espécie.

É uma ave passeriforme da família dos corvídeos (Cyanocorax cayanus), de coloração geral azul vivo e preto na cabeça, na parte frontal do pescoço e na superior do peito. Machos e fêmeas tem a mesma plumagem e aparência embora as fêmeas em geral sejam menores. Seu habitat são as florestas de araucárias do sul do Brasil (São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul). Tornou-se particularmente famosa no Paraná. Por força da dieta composta de insetos, frutos e pequenos invertebrados esta ave não tem dependência restrita dessas florestas.

As gralhas azuis são aves muito inteligentes só suplantadas pelos psitacídeos. Sua comunicação, bastante complexa, consta de pelo menos 14 termos vocais (gritos) bem distintos e significantes. Gregárias, as gralhas azuis formam bandos de 4 a 15 indivíduos hierarquicamente bem organizados, inclusive com divisão de clãs, bandos estes que se mantêm estáveis por até duas gerações.

No período reprodutivo que se inicia em outubro e se prolonga até março, todos os indivíduos colaboram na construção de ninhos nas partes mais altas das mais altas árvores, preferencialmente na coroa central da araucária, quando lá existente. No ninho feito de gravetos, de cerca de 50 cm de diâmetro, em forma de taça, são postos 4 ovos, em média.

A gralha azul é o principal animal disseminador da araucária uma vez que, durante outono, quando as araucárias frutificam, bandos de gralhas laboriosamente estocam os pinhões para deles se alimentar posteriormente.

É uma ave previdente e esperta. Depois de alimentar-se, descascando os pinhões para comer a polpa nutritiva, enterra certa quantidade deles, encravando-os fortemente no solo ou em troncos caídos no solo, já em processo de putrefação, ou mesmo nas partes aéreas de raízes nas mesmas condições para serem comidos mais tarde. Algumas gralhas morrem, outras esquecem onde enterram os pinhões, que acabam por germinar, produzindo novas árvores e até grandes pinheirais.

Durante muito tempo, não se soube explicar como os pinheiros apareciam em grupo, em pontos afastados, sem que ninguém plantasse. Hoje, já sabemos que esse reflorestamento é obra da gralha azul.

É interessante observar como a gralha azul tira a cabeça da semente do pinhão, antes de enterrá-la, para evitar que apodreça ao contato com a terra. A extremidade mais fina é colocada para cima, o que favorece o desenvolvimento do broto.

Todas essas coisas fizeram nascer a lenda, de que a gralha azul é um pássaro, criado para proteger os pinhais. As espingardas dos caçadores, por este motivo, negam fogo, ou explodem, sem atirar, quando apontadas para esses maravilhosos animais.

Fontes: Texto composto - Edmundo Ferreira da Rocha, Wikipédia - A Enciclopédia Livre e Corina Maria Peixoto Ruiz - Didática do Folclore, Editora Arco-Iris -1995.

 

 

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