Libânio, o major aviador.


 Libânio, o major aviador. - FS149 - 02

Na foto, do mês de novembro de 1944, o major Joaquim Tavares Libânio, sempre de camisa social e gravata, com um amigo, na Av. Macedo Soares, em Vila Capivari, quase na esquina onde, atualmente, estão sediados o Hotel Europa e o Center Suíço, situados nas proximidades onde residiu por longos anos.

Joaquim Tavares Libânio (Ouro Fino - MG. 29/outubro/1905 - Campos do Jordão - SP. 11/maio/1999), filho do casal Libânio Tavares Libânio e Francisca de Paula Tavares, segundo filho de uma família de sete irmãos, sendo a primeira mulher e os demais, seis homens. Veio para Campos do Jordão no ano de 1941, já reformado como Major da Aeronáutica, onde serviu por muitos anos como aviador, tendo prestado relevantes serviços, especialmente junto ao Correio Aéreo Nacional.

Aqui em Campos do Jordão, sempre foi conhecido como Major Libânio, mesmo depois de ter sido promovido a Coronel aviador. Residiu por muitos anos na Rua Deputado Plínio de Godoy, em Vila Capivari. Foi casado com D. Maria Costa.

Foi temível, respeitado e habilidoso jogador de tênis de mesa, tendo se sagrado inúmeras vezes, campeão, na categoria individual e em duplas.

Na década de 1960 mudou-se com a esposa Maria e a filha Leonor, para sua chácara/sítio localizada no Bairro da Água Santa, denominado “Sítio Cotiara”, onde construiu uma bela e aconchegante residência, com tudo para dar um excelente conforto. Lá, com grande habilidade, carinho, conhecimento, muita disposição, formou uma chácara muito produtiva. Plantava de tudo, desde verduras, legumes e frutas diversas. Criava galinhas, frangos, porcos, coelhos, carneiros, cabritos e até alguns bois e vacas para produção de leite. Sua produção era muito farta e possibilitava abastecer sua residência e as residências dos colonos que trabalhavam na propriedade e, ainda sobrava. O excesso da produção era pelo próprio major Libânio, vendida em Campos do Jordão para pessoas do seu vasto ciclo de amizades.

Com relação à denominação “Sitio Cotiara”, acima mencionada, tenho a esclarecer o que segue: (A Cotiara (Rhinocerophis cotiara) é uma serpente venenosa da família dos viperídeos, encontrada na Argentina e no Brasil nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Possui cerca de 80 cm de comprimento e coloração verde-olivácea, com manchas trapezoidais marrons, margeadas de preto. É uma espécie terrestre, associada às matas de pinheiro-do-paraná. Também é conhecida pelos nomes de boicoatiara, boicotiara, boiquatiara, coatiara, jararaca-de-barriga-preta, jararaca-preta e quatiara. Fonte Wikipédia a Enciclopédia livre).

É importante registrar que, na região onde estava localizado o “Sítio Cotiara”, existe muitas variedades de cobras venenosas, dentre elas, as temíveis cascaveis, urutus, jararacas.

O major Libânio era cadastrado na Casa da Agricultura de Campos do Jordão e no Instituto Butantã de São Paulo. Sempre que conseguia pegar algum exemplar dessas cobras venenosas, com muito cuidado e com a habilidade de pessoa acostumada a esse tipo de captura, colocava em viveiro especial e depois, em caixas próprias e encaminhava através da Casa de Agricultura, para o Instituto Butantã de São Paulo que, em retribuição à ajuda, fornecia embalagens próprias de soro antiofídico, para utilização em emergências, quando necessário, na região do Bairro da Água Santa e outros locais de Campos do Jordão.

O major Libânio chegou a montar em sua propriedade um abatedouro mecanizado para o abate de frangos criados em regime de granja. Esses frangos, já limpos, eram trazidos semanalmente, sob encomenda, para diversas famílias e alguns comerciantes de Campos do Jordão. Também, abatia sob encomenda, coelhos e os vendia já limpos. Meus pais, por muitos anos, foram assíduos fregueses dos produtos vendidos pelo major Libânio.

Nessa propriedade o major Libânio, também, formou um grande pomar chegando a produzir vários tipos de pêssegos, ameixas e morangos que eram por ele vendidos em caixinhas próprias, a exemplo do que é feito hoje, por inúmeros produtores de diversas variedades de frutas.

Chegou a plantar, também, grande quantidade de oliveiras e, com muito sucesso, colheu boas safras de azeitonas ou olivas, produzindo, artesanalmente, para seu próprio consumo e de alguns poucos amigos, óleo de oliva de primeira qualidade, extra-virgem, com são comumente chamados atualmente. Com muita habilidade e conhecimento adquirido ao longo da vida produziu, também, para seu consumo e pequenas vendas, azeitonas em conserva.

Criava também, alguns porcos para engorda e abate. Aproveitava a banha, a gordura e as carnes para alimentação da família e de algumas pessoas interessadas. Construiu um pequeno e prático defumador onde defumava, para seu consumo, preservando e possibilitando estocar em local apropriado, por muito mais tempo, lombos, pernis, costelinhas e toucinho defumado. Felizmente, cheguei a degustar em sua casa, num almoço de domingo em que fui visitá-los, todas essas iguarias divinas.

Major Libânio era um homem prático, metódico, cuidadoso e muito habilidoso. Lembro-me que tinha uma camioneta, possivelmente, ano de fabricação da década de 1950, da marca Willys Overland, tipo rural, tração nas quatro rodas, da cor cinza, mesma marca dos famosos Jeeps Willys, fabricados no Brasil entre 1957 a 1983. Era o veículo que utilizava para sua locomoção entre sua Chácara localizada no Bairro da Água Santa e as vilas da cidade. Também utilizava esse veículo, para fazer as entregas da produção de primeira qualidade, aos diversos consumidores interessados da cidade. Tinha um cuidado especial com esse veículo que tratava com muito carinho. Engraxava periodicamente, todas juntas de pouca movimentação, das engrenagens maiores do veículo, especialmente as dos feixes de molas, amortecedores e direção. Depois de devidamente engraxadas, cobria com tiras de panos especiais e amarrava para que permanecessem no local, evitando que a poeira, barro e águas da chuva pudessem danificá-las ou retirá-las, comprometendo essas engrenagens.

A partir de meados da década de 1980, depois de árduo e profícuo trabalho de longos anos, à frente da sua maravilhosa chácara/sítio situada no Bairro da Água Santa, vendeu-a e veio morar com a esposa e filha em sua casa situada na Av. Victor Godinho em Vila Capivari.

Edmundo Ferreira da Rocha - 23/07/2013.

 

 

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