João Leite


João Leite - FS151 - 03

As figuras populares surgem por algum tempo, perduram por algumas décadas e desaparecem da memória do povo.

João Leite chegou à cidade em 1.941, procedente de São Bento do Sapucaí, indo parar na Fazenda São Geraldo, de Raul Barbosa Lima.

Certa feita, levou uma chifrada de um boi bravo, na barriga, conseguiu a muito custo salvar-se, mas ficou meio abobalhado.

Ele tinha dois amigos fiéis, o cachorro Piloto e o saudoso Marcelo Duarte de Oliveira, que sempre levava, aos domingos, um prato de salgadinhos para João Leite.

Ele era um verdadeiro Jeca Tatu, de Monteiro Lobato, redivivo. Velho e encarquilhado, pachorrento, ficava sempre sentado em algum banco da Praça São Benedito em Vila Capivari, seu lugar predileto, onde passava horas e horas sentado, quase sempre dormindo sentado, com as moscas a rondar seu nariz adunco e a face enrugada.

O andar era característico por causa do joelho valvo, acompanhado de seu fiel cão amarrado por uma corda.

As calças eram erguidas até quase o peito e uma calça estava sempre dobrada até as canelas. Sempre de paletó e chapeuzinho enterrado na cabeça. Era realmente um tipo popular que chamava a atenção de todo mundo.

João Leite tinha a mania de falar sozinho, resmungando e xingava a molecada que brincava com ele.

Ele tinha um jeito todo especial de tratar as pessoas a quem queria agradar, chamando-as de “minha égua” ou “minha cabrita”.

Ele faleceu aos 104 anos de idade no Sanatório São Paulo.

OBS: Parte da crônica “João Leite está no céu”, da autoria do escritor, poeta e jornalista Pedro Paulo Filho.

 

 

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