CAMPELLO


CAMPELLO - FS221 - 01

CAMPELLO, um apaixonado por Campos do Jordão

Plínio Freire de Sá Campello – (São Paulo 18/09/1909 – São Paulo 23/06/1993). Campello, como gostava de ser chamado, foi um eterno apaixonado por Campos do Jordão. Aqui chegou no ano de 1943 em busca da cura para a tuberculose. Como muitos que para cá vieram com a mesma finalidade, apaixonou-se pela terra que tão bem o acolheu. Curado nunca mais deixou Campos do Jordão.

Residindo em São Paulo, onde exercia suas atividades profissionais de radialista e publicitário, nunca mais se desligou destes Campos, para onde vinha com freqüência. “Dizia ele: “Morro em São Paulo e moro em Campos do Jordão”. Adquiriu propriedade no bairro "Abissínia", proximidades da Vila Capivari. No Bairro havia um estabelecimento comercial que ostentava na parede o letreiro: "Armazém Abissínia”. Campello propôs ao proprietário, às suas expensas, a mudança do nome para: "Armazém Recanto Feliz", o que foi feito. Com essa sua mudança até a denominação do Bairro passou para "Recanto Feliz".

A Associação Paulista de Propaganda, a Radio Bandeirantes, a Rádio Panamericana, hoje Jovem Pan e a Rádio Farroupilha de Porto Alegre, tiveram em Campello um dos seus fundadores.

A visão do grande idealista foi significativa e importante em pról do turismo e engrandecimento da sua cidade, divulgando seu nome no cenário Nacional e até Mundial. Preocupado em divulgar as maravilhas de Campos do Jordão, idealizou e promoveu diversos eventos. Em 1958 e 1959 idealizou e realizou o 1º e o 2º Rally do Rádio (corrida automobilística de regularidade), cujo percurso era de São Paulo a Campos do Jordão e vice-versa, transmitidos por 16 rádios-emissoras em cadeia. As ordens aos participantes eram transmitidas dos postos através do rádio. A divulgação dos Rallys foi feita por meio de cartazes impressos, distribuídos em São Paulo, Campos do Jordão e nas cidades do trajeto, no Vale do Paraíba.

Campello, em 18/02/1962, como vice diretor de turismo, na administração do dr. José Antônio Padovan, durante uma semana, realizou importante encontro de escritores e poetas, deixando registrada sua marca cultural no grande evento intitulado “Sete Noites e Sete Dias, de Romance e Poesia“, projetando o nome da cidade no cenário cultural do Brasil. Na época, em homenagem à Inteligência Brasileira, fez instalar no topo dos morros piras que ficaram acesas durante todo evento, dando um aspecto inusitado ao centro das vilas Abernéssia, Jaguaribe e Capivari.

Para acolher e saudar os craques da Seleção Brasileira de Futebol, que se concentraram no Hotel Vila Inglesa no ano de 1962, para disputar a “Taça Jules Rimet” no Chile, produziu um cartaz de sua autoria, no qual aparecia ao fundo a Pedra do Baú, tendo em cima, um jogador de futebol chutando uma bola e os dizeres “Campos do Jordão - Estágio de Campeões” .

Como se não bastassem os eventos que idealizava e promovia, criou "slogans” que fugiam do lugar comum como “a Suíça Brasileira" ... e de muito maior impacto, contribuindo grandemente para a divulgação do nome da cidade que, dificilmente, conseguirá se livrar da frase ímpar da sua autoria, nossa maior propaganda: “Campos do Jordão, a 1700 metros acima das preocupações"; e outras como: “A Montanha Magnífica”, que o não menos intelectual e saudoso Pedro Paulo Filho, imortalizou em seus livros; “Uma Vista para o Infinito”; “Campos do Jordão onde é sempre estação”.

Como associado no Campos do Jordão Tênis Clube, em pouco tempo foi eleito Conselheiro e Presidente da entidade por quase trinta anos. Promoveu ali a dinamização das atividades esportivas e sociais. Transformou o sistema associativo com a adoção e oferta de Títulos Sociais. Com Estatutos atualizados, acrescentou a expressão "de Turismo" no nome do Clube. Acostumado a viver com a aristocrática sociedade paulistana, acolhia os visitantes mais ilustres de Campos do Jordão, sempre ao lado de grandes amigos e se sentia à vontade no Tênis Clube, verdadeira sala de visitas, acolhendo importantes Convenções e apresentando os melhores "shows” que se realizaram na Estância, como os “Bailes do Suéter”, o “Bal masqué de tête” e outros. Além de importantíssimos eventos trouxe convenções do IBC, das Associações Financeiras de todo o País, do Congresso Nacional de Anestesiologia, dos Mágicos Nacionais e Estrangeiros, uma memorável Festa Junina para a Fiat, filmada pela TV Italiana. Trouxe muitos artistas e conjuntos musicais no auge da fama e iniciou o pioneirismo em vídeo-clips paralelamente com som incrementado e música ao vivo.

Outro evento de repercussão internacional foi o Torneio Internacional de Tênis, com prêmios milionários, com transmissões pela TV para todo o país, reunindo os nomes mais expressivos nesse esporte no “ranking" mundial, como por exemplo o "Grand Smash” e o "Fiat Open”, nas temporadas de inverno, atraindo para Campos do Jordão a imprensa internacional e visitantes de todo o Brasil, divulgando o nome da Estância através desses importantes empreendimentos. O turismo em Campos do Jordão deve muito a Campello. Podemos até afirmar que tivemos dois períodos: um antes e outro depois de Campello.

A Câmara Municipal de Campos do Jordão soube reconhecer, em vida, o seu trabalho, concedendo-lhe, merecidamentre, o Título de “Cidadão Jordanense”. O seu nome ficou para a nossa história por tudo de bom e magistral que ele soube criar e fazer por Campos do Jordão, durante grande parte de sua longa vida, da qual, mais de cinquenta anos intimamente ligados a esta cidade que tanto amava, curtia, vivia e respeitava. Campello costumava dizer: “Viva intensamente cada momento da sua vida“. Com certeza, ele viveu e deixou muita saudade.

Edmundo Ferreira da Rocha

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