Jagobo Pan


Jagobo Pan - FS224 - 01

Na foto o conhecido Jagobo com a Neuza Maria Soares, do saudoso Jornal Impacto Vale News. Jagobo é uma abreviatura utilizando as primeiras sílabas do seu nome de batismo JAUME GONZALES BOVER. Ele era filho de Eladio Gonzalez e Maria Luiz Bouve, natural de Barcelona, Espanha, onde nasceu em 24 de julho de 1922, mas se considerava Catalão. Faleceu em Campos do Jordão em 16 de abril de 1996. Ao seu nome artístico Jagobo, acrescentou Pan, cujo significado, também por ele criado, significa: “por amor à natureza”. Durante boa parte da sua vida morou em humilde choupana situada no Morro das Andorinhas, em Vila Abernéssia, pouco atrás do Mercado Municipal. Andava muito pela cidade toda, sempre com sua sacola e seu guarda chuvas.

O saudoso escritor, advogado, jornalista e grande historiador Pedro Paulo Filho com base no que foi relatado por Sergio Hooke Asquenazi, grande amigo e admirador de Jagobo, escreveu em sua crônica “O esquecido Jagobo Pan”: ... “Dos quatorze aos dezessete anos – assinalou Sérgio Asquenazi – viu sua pátria engolfada em sangue, onde morreu mais de meio milhão de espanhóis em cidades arrasadas, como Guernica no País Basco, massacre imortalizado no quadro de Picasso. Quando a Guerra Civil acabou, em 1º de setembro de 1939, Hitller invadiu a Polônia, iniciando a Segunda Guerra Mundial e a Espanha atravessou momentos cruéis aonde as pessoas chegavam a comer ratos! Jagobo Pan, cujo nome verdadeiro era Jaume Gonzalez Bover matriculou-se no Liceu de Barcelona, sofrendo influência de artistas como Picasso, Miró, Dali e Gaudi, todos catalões. Dedicou-se a fotografia e começou a chamar a atenção com a publicação de suas fotos. Em 1947, deixa a Espanha, quando o General Franco proíbe o uso do idioma catalão. Em Paris foi convidado pela UNESCO, órgão das Nações Unidas para trabalhar ali, ficando até 1951, ano em que desembarcou no Brasil, onde aceitou o convite do Laboratório Kodak para gerenciar uma filial em Porto Alegre. A convite de Ciccilo Matarazzo veio a São Paulo, ajudando na implantação da Bienal, no melhor período de sua vida, quando criou um estilo próprio e inconfundível, que levou os seus quadros para alguns dos maiores museus da Europa e dos Estados Unidos. Infelizmente, Jagobo Pan adquiriu tuberculose e se internou em Sanatorinhos (S-3), em Campos do Jordão onde foi desenganado pelos médicos, mas o clima Jordanense o ressuscitou para a vida, fazendo-o ingressar em uma fase mística. Fez voto de pobreza e foi morar em modesta casinha de madeira no Morro das Andorinhas, em Vila Abernéssia. Encanta-se com a natureza jordanense e começa a ensinar as artes das tintas, tornando-se professor da Prefeitura Municipal até 1967. Vive poeticamente com sua cadelinha chamada “garoto”, que, segundo ele “é a cara do pai”, amando a natureza, pintando e adorando as crianças da nossa terra. Foi nomeado Presidente do Conselho Municipal de Cultura e o Espaço Cultural do Banco do Brasil, à época, instituiu o “Prêmio Professor Jagobo” para o melhor artista revelado na Estância. O momento mais emocionante de sua vida foi quando encontrou o oceanógrafo Jacques Cousteau em Campos do Jordão. Em vida, o seu nome foi dado a uma via pública. A critica de arte Bia Leirner, que foi curadora da Bienal de São Paulo durante anos, em seu livro “Artistas Modernos Brasileiros” incluiu-o entre os 10 maiores artistas da contemporaneidade. Sua especialidade era a pintura a óleo e o seu estilo surrealista, tendo participado de Bienais em São Paulo e Rio de Janeiro. Seu nome consta de vários dicionários entre eles o “Delta Larousse”, o INL – Instituto Nacional do Livro e o MEC – Civilização Brasileira do Ministério da Educação e Cultura. Sofreu um acidente automobilístico em 1967 e ficou impossibilitado de trabalhar, mas mesmo assim vivia por teimosia, com a vestimenta pobre, cabelos compridos e barba abundante, muito antes de pegar a moda. Contaram-me que ao lado de sua humilde cama no Morro das Andorinhas havia uma janelinha, de onde ele se encantava com a visão da natureza de Campos do Jordão. Contou Sergio Asquenazi que um dia, em 1996, Deus, um pouco enciumado com o seu bom convívio entre os mortais, resolveu convocá-lo para um dialogo eterno na comunhão dos santos.”

OBS: Foto gentilmente cedida pela amiga Neuza Maria Soares.

 

 

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