Na década de 1950, meus pais e eu, Edmundo F. Rocha, mudamos para uma casa alugada, de propriedade do saudoso amigo Adauto Camargo Neves, existente na Av. Emílio Ribas, 908, ali no bairro do Capivari, nas proximidades do atual Hotel JB e do Posto Esso, já existente na época. Essa casa estava situada no local, onde hoje, pertence às queridas e simpáticas portuguesinhas do “Hotel Sagres”. Como era uma casa até relativamente grande, meu pai alugou para o amigo de longa data, Orestes Mário Donato, um de seus quartos para ele morar, fornecendo as refeições diárias e o café da manhã, claro, mediante pagamento do correspondente valor, de comum acordo entre ambos.
Nessa época, a Empresa Cadij, constituída com os ramos de Imobiliária e Construtora, de propriedade do saudoso Antonio Leite Marques, o Toninho, resolveu separar as duas atividades, ficando somente com a parte da Imobiliária. O Dr. Marcos Wulf Siegel que havia chegado em Campos do Jordão no ano de 1953, já como associado da CADIJ, resolveu assumir a parte da Construtora e assim, em 1954, fundou uma Construtora. Para sua instalação necessitava de um local. Essa Construtora passou a ser denominada pelo nome da autoria de Orestes M. Donato, COPEL, abreviatura de Construções, Projetos e Engenharia Limitada. O Engenheiro responsável pela COPEL era o Dr. José Ariosto Barbosa de Souza. Também fazia parte da administração o Professor Harly Trench. Como Orestes M. Donato, além das suas muitas outras habilidades, era especialista em projetos e desenhos, foi contratado para ser o projetista da COPEL. Meu pai, considerando que a casa onde já estávamos morando era muito grande, acabou por alugar duas salas existentes na frente dela e mais outros dois cômodos para o Dr. Marcos Siegel instalar a COPEL. Assim, meu pai, Waldemar F. Rocha, pelo seu grande conhecimento de construções em geral, atividade em que trabalhou por diversos anos, foi convidado para assumir as funções de mestre de obras da COPEL.
Orestes M. Donato, nas horas de folga, grande conhecedor da arte fotográfica, excelente fotógrafo, ganhava algum dinheiro extra com fotografias. Tudo que sei hoje sobre fotografias e até o amor pela arte fotográfica, com certeza, é herança dessa grande amizade que mantivemos, durante quase dez anos. Ele tirava as fotografias, revelava os filmes, fazia as cópias, ampliações e tudo mais que fosse necessário.
Numa determinada época, no ano de 1954, resolveu se inscrever num concurso de fotografias do Jornal Italiano, editado em São Paulo, de nome “Fanfula”. Como gostava e tinha grande habilidade em fotos tiradas em estúdio fotográfico, resolveu adaptar, fora do horário de trabalho, uma das salas utilizadas pela construtora Copel, onde trabalhava durante o dia e, também, muitas vezes, à noite. Também, precisava de um modelo. Como morávamos na mesma casa e éramos grandes amigos, acabei sendo o modelo dessas fotos enviadas para o concurso fotográfico.
Esta foto não é a foto que ele ganhou o concurso, porém, honestamente, eu gosto mais desta foto do que da foto vencedora. Até que eu não fui um modelo tão ruim. Até que eu tinha algum talento. Bons e saudosos tempos que ficarão eternamente em nossa lembrança.
OBS: Foto da autoria do saudoso amigo Orestes Mário Donato.
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