Empório S.Paulo e Sr. Seabra


Empório S.Paulo e Sr. Seabra - FS235 - 03

Uma foto histórica. Acredito do final da década de 1950, mostrando um detalhe da Vila Capivari daquela época. Na foto, à direita, o antigo prédio onde, a partir do ano de 1950, o saudoso Sr. Joaquim Pinto Seabra, mais conhecido como Seu Seabra, associou-se ao, também, saudoso João Alves Teixeira, o conhecido Joãozinho das moças, e passou a ser o sócio-gerente do Empório São Paulo, estabelecido na Vila Capivari, na Rua Engenheiro Diogo de Carvalho, bem ao lado da Praça de Vila Capivari, hoje denominada Praça de São Benedito.

Nesse mesmo local, inicialmente estiveram estabelecidos o Empório Damas, de propriedade do Sr. Luiz Damas, e, posteriormente, antes de vir a ser estabelecida em Vila Abernéssia, por quase quatro décadas, a Casa Pedro Paulo, do saudoso seu Pedro Paulo, pai dos grandes amigos: Fausi Paulo, engenheiro, vereador, presidente da Câmara Municipal e prefeito de Campos do Jordão por dois mandatos; do saudoso Pedrinho Paulo, advogado, vereador, presidente da Câmara Municipal, escritor, poeta e historiador, e Sergio Cury Paulo, cirurgião-dentista.

No local, também por diversos anos, durante a década de 1960 e início da de 1970, esteve estabelecida a filial da famosa loja de decorações de São Paulo “Henry Matarasso”. Posteriormente, continuando até os dias atuais, essa loja, repassada e transferida para sua maior e experiente decoradora de Campos do Jordão, mantém o mesmo ramo de atividade, com o novo nome “Malu Decorações”, sob o comando da nova proprietária, Maria Lucia Felix Donato, a conhecida Malu, esposa do meu saudoso e querido amigo, jornalista, fotógrafo de grande experiência, um dos melhores de Campos do Jordão, projetista e desenhista, meu grande instrutor, orientador e incentivador, Orestes Mário Donato.

O Empório São Paulo, com a sociedade João Alves Teixeira e Joaquim Pinto Seabra, permaneceu até 1957, quando João Teixeira deixou a sociedade para exercer funções de Agente Fiscal de Rendas, da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, tendo ocupado, por último, o cargo de Chefe do Posto Fiscal Estadual de Campos do Jordão. Na sociedade, no lugar do Sr. João Teixeira, ingressou o Sr. Alberto Bernardino, posteriormente, idealizador e proprietário da atual rede de hotéis liderada pelo Hotel Estoril.

Em 1958, o seu Seabra, merecidamente, como prêmio de trabalho árduo, sério, constante e dedicado, conseguiu adquirir a parte do Sr. Alberto Bernardino, ficando como único proprietário do Empório São Paulo.

Acredito que bem identificado o local onde esteve estabelecido o Empório São Paulo, vamos voltar, sem mais histórias paralelas, a enfocar o estabelecimento cujo nome aparece na foto.

O Empório São Paulo, como propriedade do seu Seabra, foi um dos principais armazéns de secos e molhados, como se costumava dizer antigamente, responsável pelo abastecimento de gêneros alimentícios, bebidas e demais produtos necessários ao lar e ao comércio, que atendia, além dos jordanenses residentes em Vila Capivari e bairros próximos, especialmente os turistas, proprietários de residências, situadas no mesmo bairro e proximidades, utilizadas em finais de semana prolongados e férias escolares. Durante essa época áurea, esses turistas, frequentadores assíduos de Campos do Jordão, muitos tendo participado ativamente do processo organizacional da cidade, foram os principais responsáveis pelo engrandecimento, progresso e divulgação deste rincão paulista, “a 1.700 metros acima das preocupações”, no cenário nacional e mundial. Esses proprietários de lindas e aconchegantes casas e mansões eram empresários ligados ao comércio em geral, industriais, banqueiros, políticos e famosos profissionais liberais de diversas categorias.

No Empório São Paulo, à época do seu Seabra, de conformidade com minha lembrança, trabalhavam: o seu José de Almeida, também português, posteriormente, proprietário durante longos anos, juntamente com sua tia, dona Laura Benvinda dos Reis, do tradicional e histórico “Bar São Luiz”, localizado no centrinho da Vila Capivari e que funcionou até a década de 1980; o Zé Café, seu irmão, o Nego, e o Zé Soares, mais conhecido como “Caruso”, devido ao fato de ter trabalhado durante longos anos na mercearia de mesmo nome, localizada no centro da Vila Capivari, ao lado do atual Restaurante Nevada, na época, de início, de propriedade do Sr. Julio Turra e de meu grande e saudoso amigo Delmiro Cerviño Fráguas, posteriormente passando para a propriedade dos amigos italianos Michelli Foschi e Mário Cavandolli. Por coincidência, o Zé “Caruso” voltou a trabalhar nessa mercearia, considerando que, a partir de 1961, ela passou a ser propriedade do seu Seabra, quando encerrou as atividades do Empório São Paulo, possibilitando a instalação da Loja de Decorações do “Henry Matarazzo”, conforme comentado acima, também.

Seu Seabra, sempre, durante toda a sua vida, inclusive até hoje lembrado com muito merecimento, era pessoa maravilhosa, de educação esmerada, gentil, atencioso, de honestidade ímpar, incontestável, adorado por todos os jordanenses e turistas que, além de seus clientes, durante muitos anos, passaram a tê-lo como grande amigo e até conselheiro para casos difíceis, complicados, para os quais as soluções careciam de muita cautela, experiência e conhecimento das melhores maneiras para uma resolução.

Seu Seabra tratava a todos, indistintamente, com o mesmo cuidado, atenção, educação e cortesia, razão pela qual sempre foi distinguido dentre os comerciantes e cidadãos de Campos do Jordão.

Lembro-me com muita saudade do tempo em que passei a morar na Avenida Emílio Ribas, durante os anos de 1952 a 1955, na casa que pertencia ao saudoso amigo Adauto Camargo Neves, situada ao lado do atual “Hotel JB” e “Posto Esso” de Capivari. Nessa época, eu fazia o curso primário em Vila Abernéssia. Para minha locomoção entre minha casa e o local desses cursos, utilizava os ônibus da Empresa Hotel dos Lagos ou o bonde de carreira, que fazia o percurso entre a Estação Emílio Ribas, em Vila Capivari, e Pindamonhangaba. Muitas vezes, especialmente durante os horários em que retornava desses cursos, por volta de meio-dia e trinta minutos, aconteceram atrasos do ônibus ou do bonde. Nessa época, educados rigorosamente por nossos pais, éramos orientados a não pedir carona em hipótese alguma. Minha salvação sempre foi a cortesia e a bondade do seu Seabra, que fazia questão de parar o seu veículo, uma pequena perua ou “pick-up” da Marca Fordson, ano 1952, e oferecer carona. Como conhecia o seu Seabra, sua idoneidade e a amizade que mantinha com meu pai, jamais iria recusar seus oferecimentos, sendo sempre grato pela sua gentileza. Não sei até hoje o motivo de ele passar nesses horários, porém não esqueço que, em todas as oportunidades, ele fazia questão de conversar comigo como se estivesse conversando com um filho, e sempre me deixava à porta da minha casa. Felizmente, depois que me tornei adulto, sempre continuando como seu eterno admirador, tive a felicidade de me tornar um de seus inúmeros e incontáveis amigos.

Paralelamente aos seus serviços no Empório São Paulo, seu Seabra, entre muitas outras atividades desempenhadas em Campos do Jordão, sempre de forma esmerada, foi exemplar tesoureiro do Campos do Jordão Tênis Clube, fundador e grande incentivador da Associação Comercial, presidente do Rotary Club local, incansável batalhador como provedor do Sanatorinhos – Ação Comunitária de Saúde que, na época, englobava três sanatórios especializados no tratamento da tuberculose, o S-1, para crianças, o S-2 para mulheres e o S-3 para homens.

Felizmente, a Câmara Municipal de Campos do Jordão, no dia 19 de junho de 1989, outorgou ao Sr. Joaquim Pinto Seabra, o título de Cidadão Jordanense, homenagem justa, merecida e necessária a quem dignificou com sua cortesia admirada, trabalho incansável, dedicado e honesto, prestado com muito amor e carinho, engrandecendo a história e a cultura de nossa cidade.

Depois de estabelecido com o Empório São Paulo e a Mercearia que deixou de ser “Caruso” para ser “São Paulo”, até o ano de 1971, o seu Seabra mudou radicalmente suas atividades, deixando de trabalhar com gêneros alimentícios, bebidas etc. Em 1972 idealizou e montou a “Predial J. P. Seabra - Imóveis”, passando a trabalhar com a venda de imóveis em geral e, principalmente, com a administração de imóveis em geral, casas e condomínios residenciais, de propriedade de muitos turistas que já haviam se tornado seus grandes amigos de muitas décadas, durante todos anos anteriores, quando os atendia nos estabelecimentos comerciais mencionados. A “Predial J. P. Seabra - Imóveis” teve imediato e grande sucesso; durante muitos anos prestou relevantes serviços na área de administração de imóveis, para sossego e tranquilidade de todos que utilizavam seus serviços, até que o Grande Criador, no dia 23 de julho de 1989, resolveu chamar o seu Seabra, logo após completar 80 anos de idade, para administrar novas propriedades e outros condomínios, em outras paragens desse nosso imenso Universo, sem dúvida, contando com sua tradicional e costumeira cortesia, idoneidade, educação e gentileza.

Ao lado esquerdo da foto, parte da nossa Igreja de São Benedito e uma placa informando “Brevemente mais uma agência da Dourado”

OBS: Esta foto da autoria do amigo e grande fotógrafo Orestes Mário Donato foi gentilmente disponibilizada pelas queridas amigas Malú Donato e Luciana Donato, respectivamente, sua esposa e filha.

 

 

Voltar

- Campos do Jordão Cultura -