Esta é uma raridade. Na década de 1940 o saudoso amigo Orestes Mário Donato, tocando piano. Conheci o Donato a partir do ano de 1948. Sempre soube que era um grande apaixonado por música em geral, porém, somente agora, com estas fotos maravilhosas, gentilmente cedidas pela sua família e colocadas à minha disposição, fiquei sabendo que, um dia, tenha iniciado um treinamento para tocar pistão. Nunca chegou a falar sobre essa sua tentativa de tocar piano que, com certeza, não teve continuidade.
No ano de 1948 Orestes Mário Donato veio para Campos do Jordão em busca da cura para a tuberculose. Foi nessa ocasião que o conheci. A partir dessa época, tornou-se meu grande e constante amigo, passando a ser, num futuro até próximo, parte importante e decisiva no progresso da minha vida e na da minha família.
Donato, já nessa época, quase sempre, estava munido de máquina fotográfica, aquela com um enorme fole que tinha na frente a objetiva e os comandos, que era puxado no momento da tirada das fotos e depois recolhido para dentro da máquina. As poucas fotos que tenho dessa época foram tiradas pelo amigo Donato.
Depois de curado continuou, por toda sua vida, morando em Campos do Jordão, cidade que amava. Aqui se destacou como jornalista, desenhista e projetista, fotógrafo e muitas outras atividades. Tornou-se um grande amigo da minha família. Morou em minha casa por mais de cinco anos. Nessa época ele preparou com muita sabedoria e habilidade, especialmente para mim, um cursinho de desenho. Fiz esse cursinho que me deu muita habilidade e conhecimento sobre desenhos em geral, que muito me valeu e ajudou por toda a vida.
Nessa época, aqui em Campos do Jordão não existia escola de datilografia. Como o Donato era um exímio datilógrafo, eu ficava maravilhado com essa sua habilidade. Mais uma vez o Donato me ensinou. Com sua habilidade em datilografia e baseado nos ensinamentos que havia recebido quando aprendeu, preparou um cursinho de datilografia para mim. Preparou até uma “engenhoca” feita de papelão grosso e firme para cobrir parcialmente o teclado da máquina de escrever, evitando que ele pudesse ser visto, possibilitando a intimidade automática dos dedos com as diversas teclas, mesmo sem visualizá-las. Assim, aprendi a datilografia que utilizei em toda minha vida profissional e utilizo até hoje, agora, para digitar em computadores.
Eu e o Donato éramos unha e carne. Sempre que estávamos em casa estávamos juntos. Muitas vezes que ele saía de casa e ia a algum lugar, íamos juntos. Era praticamente meu segundo pai.
OBS: Esta foto da autoria do amigo e grande fotógrafo Orestes Mário Donato foi gentilmente disponibilizada pelas queridas amigas Malú Donato e Luciana Donato, respectivamente, sua esposa e filha.
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