Carnaval de Rua, no ano de 1956. Grandes foliões fantasiados, sambavam animadamente na Av. Dr. Januário Miráglia, em frente à Farmácia Moderna, de propriedade do Dr. Gumercindo Barros Galvão, do tradicional Bar, café, Restaurante e Confeitaria Elite, dos saudosos Irmãos Cintra (Aristides, Daniel, Joaquim e Zezinho), da Mercearia Ana Maria, do saudoso Seu Julio Ruggiero e da Estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
Na foto, uma linda garota com sua bela fantasia desfila sentada no enorme pára-lamas do carro de seu pai, com seu tubo de lança perfume na mão. Pela placa do carro, de São Paulo, estavam passando o Carnaval em Campos do Jordão.
É importante ressaltar o famoso corso carnavalesco, ou simplesmente corso, realizado nos finais das tardes e início das noites dos dias do Carnaval. Esse corso era o evento mais difundido do Carnaval jordanense, formado por veículos de pessoas residentes em Campos do Jordão e, especialmente, por turistas de várias cidades do Estado de São Paulo, inclusive do Rio de Janeiro, que aqui vinham brincar o Carnaval, como costumávamos dizer na época, aliás, um dos melhores do interior paulista.
Nesses corsos, desfilavam muitos veículos, vários, devidamente enfeitados, automóveis sem capota e carros alegóricos, todos repletos de foliões. Os foliões, quase sempre fantasiados ou vestidos bem à vontade, muitos sentados nos enormes pára-lamas dos grandes veículos antigos, percorriam as duas pistas da avenida central de Vila Abernéssia, trecho compreendido entre proximidades do antigo Cine Glória (atual Espaço Cultural Dr. Além) até a Praça da Bandeira.
Muito confete, serpentina e o saudoso lança-perfume, criticado por muitos e proibido após constatação do seu uso indevido, colocando em risco a saúde dos usuários.
Nos finais das tardes, os corsos carnavalescos, com desfiles de carros alegóricos, finamente decorados pelos foliões, traziam para as avenidas grande parte da população jordanense e turistas. Durante esse corso, havia desfile de fantasias – infantil, juvenil e adulto. A música que animava os foliões, quando não era executada por alguns grupos especialmente formados ou contratados para essa finalidade, era difundida pelos alto-falantes da ZYL-6 – Rádio Emissora de Campos do Jordão, a mais alta do Brasil, estrategicamente espalhados por toda avenida utilizada para os desfiles. Dos corsos participavam famílias tradicionais de Campos do Jordão, do interior paulista, da capital e até do Rio de Janeiro. Sempre havia a tradicional guerra de confetes e serpentinas e, também, as guerras de talco, farinha e água. Até quem não estava brincando acabava sendo envolvido e atingido nas batalhas travadas entre os diversos grupos participantes. O duro era se livrar do emplastro que ficava depois que o talco, a farinha e a água secavam, principalmente, no cabelo.
Raras desavenças eram registradas. Quase sempre reinava a alegria e a descontração.
Normalmente o corso era uma brincadeira elitista, quase reservada aos que possuíam carros ou podiam alugá-los nos dias de Carnaval. Mesmo assim, muitos que não possuíam veículos davam um jeitinho de pegar carona com amigos e familiares. Outros, mesmo sem esses recursos, acabavam entrando no meio da brincadeira. Era uma verdadeira festa. Os foliões esbaldavam-se à vontade. Claro, aconteciam alguns excessos. Até pessoas que, simplesmente assistiam, acabavam sendo atingidas. Reclamavam, mas tudo acabava bem.
OBS: Esta foto da autoria do Donato foi gentilmente disponibilizada pelas queridas amigas Malú Donato e Luciana Donato, respectivamente, sua esposa e filha.
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