Inicialmente, na década de 1950, no mesmo local onde esteve estabelecido esse “Açougue Capivari”, esteve estabelecido um outro açougue, muito bem montado, especializado em diversos tipos de carnes. Na época, pertencia ao Sr. Helmutt Bügner, um alemão que veio acidentalmente para o Brasil, no finalzinho da década de 1930, a bordo do famoso navio alemão Windhuk (canto do vento), cujo destino, na realidade, não era o Brasil.
O Sr. Helmutt Bügner foi um dos tripulantes desse famoso navio alemão que, Segunda Guerra Mundial (1939-1945), fugindo das embarcações da marinha inglesa, ancorou no porto de Santos – SP, no dia 07 de dezembro de 1939. Vários desses alemães que pertenciam à tripulação do navio Windhuk vieram para Campos do Jordão – 34 ao todo. Para cá vieram graças à intervenção do também alemão Henrique Hillebrecht, visando ao aproveitamento da mão de obra ociosa dos alemães do Windhuk.
Destacaram-se no ramo da hotelaria, especialmente nos hotéis Toriba e Grande Hotel, na época de sua propriedade comercial, como músicos, barmen, cozinheiros, garçons, maîtres d´hotel, gerentes de hotel, cabeleireiros, confeiteiros. Graças ao Sr. Henrique Hillebrecht, esses alemães fincaram as primeiras estacas da infraestrutura hoteleira de Campos do Jordão. Trabalharam em diversas atividades ligadas ao ramo da hotelaria e do bom atendimento ao turista.
Os tripulantes do navio alemão de 17 mil toneladas, com 176 metros de comprimento, 22 de largura e 9,6 de calado, da Deutsche Afrika Linien e da Woermann Linien, denominado Windhuk, que zarpou de Hamburgo, na Alemanha, em 21 de julho de 1939, para iniciar sua rota normal, oceano adentro, jamais poderiam imaginar que, por alguma fatalidade, muitos anos mais tarde, haveriam de interligar-se à história de Campos do Jordão.
Inicialmente, o Sr. Helmutt trabalhou, de meados da década 1940 até final dela, no Grande Hotel de Campos do Jordão, na área da cozinha, especialmente na atividade de açougueiro. No início da década de 1950, montou o seu açougue no centrinho da Vila Capivari. Especializado como açougueiro, sabia lidar, com muita afinidade, habilidade e conhecimento, com carnes em geral. Mas não era somente isso que sabia fazer. Era grande conhecedor e hábil fabricante de embutidos em geral, como salsichas diversas, salsichões, mortadelas, salames e outras iguarias especialmente utilizadas na famosa e tradicional culinária e gastronomia alemã, apreciada no mundo todo. Ele tinha em seu açougue os equipamentos exigidos e necessários para a fabricação desses embutidos.
Esse açougue, na mesma década de 1950, foi vendido pelo Sr. Helmutt Bügner para o saudoso amigo Plínio Vasconcellos de Oliveira, também um excelente açougueiro, gentil, educado e grande conhecedor dessa sua atividade profissional. Infelizmente, não se dedicou à continuidade da fabricação dos famosos embutidos fabricados pelo seu antecessor. Nessa época, já trabalhava com ele um de seus irmãos, o também saudoso Aércio Luiz de Oliveira que, posteriormente se estabeleceu com o ramo de açougue e se tornou famoso como o seu “Açougue do Aércio”, até hoje em funcionamento, sob a direção de seus filhos.
A placa de identificação desse açougue foi idealizada e desenhada pelo saudoso amigo, Orestes Mário Donato (grande projetista, fotógrafo, desenhista, jornalista e especializado na idealização e criação de propagandas comerciais diversas) foi confeccionada pelo saudoso amigo Emile Xavier Raymond Lebrun, belga de nascimento, jordanense de coração, hábil com a famosa serrinha tico-tico e os pincéis, se tornou famoso na confecção de placas e logotipos comerciais, tendo feito muito sucessos na época. Ele era pai do saudoso Gui Lebrun, grande cartunista e desenhista, responsável pela elaboração de muitos desenhos animados e comerciais, para a nossa televisão brasileira, nas décadas de 1950 a 1970.
Esse açougue ficava ali no famoso centrinho comercial da Vila Capivari, existiam somente três prédios: o maior, situado de acordo com a mão de direção atual, do lado direito, o prédio com apenas nove lojas comerciais, na época, pertencente ao Sr. João Dias Afonso e sua esposa, D. Olga Fonseca; do lado esquerdo, o prédio de propriedade do saudoso Sr. João Canossa, com apenas três estabelecimentos comerciais, o Restaurante “Ao Franciscano”, inicialmente, de propriedade do saudoso Willie Schlote, também, um dos alemães tripulantes do famoso navio alemão Windhuk e companheiro de Helmutt Bügner), depois, filial do tradicional Restaurante de São Paulo, posteriormente o Bar e Restaurante “Três Irmãos”, dos irmãos Abitante, Luiz, Sergio e Orlando, local onde, atualmente, está instalado, há muitos anos, o tradicional e famoso “Restaurante Nevada”; a tradicional Mercearia Caruso e a CIF – Cia. Industrial e Financeira, que comercializava as terras do famoso loteamento Parque da Ferradura, administrado pela querida D. Hilda Degli Esposti; e, na esquina da Av. Macedo Soares com a Rua Djalma Forjaz, o sobrado onde, na parte térrea, estava estabelecida a famosa e primeira loja de lembranças de Campos do Jordão, “A Tirolesa”, de propriedade do Sr. Karl Polhuber e sua esposa, D. Ernestina, e, na parte superior, sua residência.
OBS: Esta foto, da autoria do saudoso e grande fotógrafo Donato, foi gentilmente disponibilizada pelas queridas amigas Malú Donato e Luciana Donato, respectivamente, a esposa e a filha do saudoso amigo Donato.
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