Na foto o saudoso alemão de nascimento e jordanense de coração Willie Schlote.Ele foi um dos tripulantes do famoso navio alemão Windhuk que, no dia 21 de julho de 1939 partiu da Alemanha com destino à África do Sul, transportando 400 passageiros e 250 tripulantes. Os passageiros tinham como objetivo participar de safáris ou negócios comerciais. Já em plena África do Sul terrível a notícia do início da Segunda Guerra Mundial no dia 01 de setembro de 1939. Em plena Guerra o navio Windhuk passou a ser perseguido e teve que fugir das embarcações da marinha inglesa e, por isso, acabou por desviando a sua rota de retorno, aportando primeiramente em Angola e depois, acabou ancorando no porto de Santos no dia 07 de dezembro de 1939. Terminada a guerra no dia 02 de setembro de 1945, depois de ficarem aprisionados em campos de concentração no Vale do Paraíba, muitos, no de Pindamonhangaba de 1942 a 1945, foram libertados. Vários desses tripulantes vieram para Campos do Jordão para trabalhar nos tradicionais e maravilhosos - Hotel Toriba e Grande Hotel. Cada um tripulante do navio tinha as suas especialidades profissionais.
Vários desses alemães que pertenciam à tripulação do navio Windhuk vieram para Campos do Jordão – 34 ao todo. Para cá vieram graças à intervenção do também alemão Henrique Hillebrecht, visando ao aproveitamento da mão de obra ociosa dos alemães do Windhuk. Destacaram-se no ramo da hotelaria, especialmente nos hotéis Toriba e Grande Hotel, na época de sua propriedade comercial, como músicos, barmen, cozinheiros, garçons, maîtres d´hotel, gerentes de hotel, cabeleireiros, confeiteiros. Graças ao Sr. Henrique Hillebrecht, esses alemães fincaram as primeiras estacas da infraestrutura hoteleira de Campos do Jordão. Trabalharam em diversas atividades ligadas ao ramo da hotelaria e do bom atendimento ao turista.
Os tripulantes do navio alemão de 17 mil toneladas, com 176 metros de comprimento, 22 de largura e 9,6 de calado, da Deutsche Afrika Linien e da Woermann Linien, denominado Windhuk, que zarpou de Hamburgo, na Alemanha, em 21 de julho de 1939, para iniciar sua rota normal, oceano adentro, jamais poderiam imaginar que, por alguma fatalidade, muitos anos mais tarde, haveriam de interligar-se à história de Campos do Jordão.
Willie Schlote, no final da década de 1940, início da década de 1950, foi um dos proprietários do tradicional restaurante “Ao Franciscano”, localizado no centro turístico da Vila Capivari, em Campos do Jordão. Nesse mesmo local, vários outros estabelecimentos com comércio do mesmo ramo tentaram sucesso. Alguns conseguiram algum êxito, porém a grande maioria só conseguiu decepções. Quem conseguiu sucesso por vários anos, foi o “Bar e Restaurante Três Irmãos”, de propriedade dos irmãos Abitante (Luiz, Sérgio e Orlando). Outros comerciantes estiveram estabelecidos no mesmo endereço, mas poucos conseguiram sucesso, dentre eles, os italianos Michelli Foschi e Mário Cavandoli, com a Confeitaria Italiana - CONFIT. Em determinada época, devido aos constantes insucessos dos comerciantes que naquele local tentavam se estabelecer, costumava-se dizer que ali havia caveira de burro enterrada. Esse encanto macabro somente foi definitivamente quebrado com a instalação do tradicional “Restaurante Nevada”, introduzido pelas mãos competentes do lusitano de boa estirpe, Sr. José Manuel Gonçalves, também carinhosamente conhecido como Zé do Nevada.
Posteriormente, a partir do início da década de 1950 até início da década de 1970, Willie Schlote trabalhou no Grande Hotel de Campos do Jordão. Também era um especialista em preparar os mais sofisticados drinks que encantavam os hóspedes do hotel e os jordanense que lá freqüentavam. Durante muitos anos, foi Chefe dos garçons e responsável pelo Bar do saudoso Grande Hotel, de saudosas e inesquecíveis recordações. Foi uma pessoa maravilhosa e um grande amigo.
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