Primeira Festa da Maçã-1953-A


Primeira Festa da Maçã-1953-A - FM00- Flâmula

Flâmula Comemorativa e Promocional da Primeira Festa da Maçã, realizada nos dias 6, 7 e 8 de março do ano de 1953, na Cidade de Campos do Jordão, Estado de São Paulo. Esta flâmula foi idealizada e desenhada pelo saudoso Joaquim Corrêa Cintra, homem público dedicado e colaborador incansável de todos os setores que visavam a promoção de Campos do Jordão.

A Festa da Maçã

Contando com a presença do Governador Adhemar de Barros, a 1ª Festa da Maçã realizou-se em 6, 7 e 8 de março de 1953, constituindo-se um dos maiores eventos da história turística e econômica de Campos do Jordão.

Os pilares do evento sustentavam-se na pretensão de mostrar ao País, tridimensionalmente, o seu turismo crescente, uma pujante fruticultura e a sua industrialização.

Tiveram influência preponderante na bem sucedida promoção agro-turística, o prefeito Paulo Cury e o engenheiro agrônomo Shisuto José Murayama, então presidente da Associação Rural.

Interessante notar, que em 1951 306 Thomaz Saraiva Przirembel, escrevia ao jornal “A Cidade”, sugerindo a criação da Festa da Maçã, como veículo de promoção turística e incentivo à cultura de frutas européias, de fácil adaptação a terra jordanense.

Em dezembro de 1952, a Associação Rural, através de seu presidente, Eng Shisuto José Murayama, começou a estudar a viabilidade técnica da realização daquele importante empreendimento.

Em âmbito geral, o desenvolvimento da agricultura jordanense se deveu aos esforços da colônia japonesa, que em terreno íngreme e condições topográficas hostis, plantou, incansavelmente, desde as encostas da Serra da Mantiqueira até os suaves vales do ondulado planalto, sendo a responsável por uma produção agrícola das mais respeitáveis, consistente, naquele ano, em 50 mil sacos de cenoura, 500 mil pés de repolho e 60 mil caixas de pêra.

O esforço pioneiro de Júlio Fracalanza na década de 30, inspirou a exploração da fruticultura no Município, uma vez que ficara provada a adaptabilidade fácil das frutas européias ao clima de Campos do Jordão, e, a tal ponto aquele trabalho frutificou, que, à época em que se implantou a 1ª Festa da Maçã, cultivava-se em Campos do Jordão 40 mil macieiras, 60 mil pereiras e 30 mil oliveiras, constituindo o Município no maior produtor de batata semente.

A montagem promocional da 1ª Festa da Maçã provocou uma explosão publicitária de Campos do Jordão nos principais jornais e revistas do País.

A Belfruta Ltda., como empresa de industrialização de frutas de Campos do Jordão, alcançava o seu apogeu técnico, com alta produtividade, no início da década de 50. Ela fora constituída, em 10 de março de 1949, por Paul Ludwig Gustav Edward Bockmann e Adhemar de Barros Filho, com sede na Fazenda do Baú.

A Belfruta, além da fabricação de excelentes sucos e geléias de frutas, doces e bebidas, destacou-se, a nível nacional, com a fabricação da famosa “Calvila”, aguardente de maçã, que obteve sucesso nos mercados consumidores do País.

Foi Paulo Bockmann que idealizara a Belfruta, um alemão que muito trabalhou pela divulgação de Campos do Jordão, e que ocupou altos cargos na Administração Pública Estadual, graças ao seu íntimo relacionamento com o Dr. Adhemar de Barros.

A Belfruta foi sediada no Vale do Baú, e suas instalações tinham capacidade para industrializar 5 vezes a produção do Município, em moderno equipamento industrial, ocupando 1800 alqueires de terra, de 1000 a 2000ms de altitude, onde se cultivava 200 variedades de maçãs, pêra, framboesa, morango (1 milhão de pés), abacaxi, pêssego, manga, figo, nozes e olivas.

Miguel Acien Ruiz era o chefe das plantações.

Possuía, ainda, a Belfruta uma fazenda no pé da mantiqueira, em Piracuama, com 3 mil alqueires.

Mantinha um campo experimental, sob a direção de agrônomos da Secretaria da Agricultura, que objetivava fornecer 65 mil macieiras, no prazo de 5 anos, aos agricultores da região.

Dado o rompimento político de Lucas Nogueira Garcez e Adhemar de Barros, Paulo Bockmann permaneceu fiel à administração do primeiro, até por conveniência financeira e interesses de financiamento.

A posição de Bockmann afastou-o de Adhemar de Barros, que indicou como gerente da Belfruta, Flávio A. Costa, iniciando-se aí, o processo de desativação.

A situação agravou-se mais com a desestabilização conjugal do casal Bockmann, tendo em vista que a indústria funcionava nas terras de propriedade da esposa, Martha Matheis Bockmann.

Logo, Cássio de Toledo Leite foi nomeado liquidante, desaparecendo aquela importante indústria jordanense.

A I Festa da Maçã ofereceu a São Paulo e Rio de Janeiro um vasto programa, cujo ponto alto constituiu-se a Exposição de Frutas, Flores e Hortaliças.

E foi dentro desse clima de intensa produtividade da fruticultura jordanense, aliado aos sucessos técnicos e econômicos da Belfruta, que eclodiu o evento promocional e turístico.

Palestras sobre fruticultura proferidas por técnicos agrícolas, exibições de judô, com Hélio Gracie, espetáculos teatrais, além de concorrido concurso para eleger a Rainha da Maçã, movimentaram a Estância de Campos do Jordão.

A Rainha da Maçã, Edith Ogata, em carro aberto, desfilou pelas avenidas jordanenses, acompanhada de carros alegóricos e aplausos de populares, e bem assim, as Princesas Lolly Dal Pino, Ruth Sagesse, Wilma Pontes e Marguerite Wuilleumier.

Na exposição de frutas, flores e hortaliças recebeu o primeiro prêmio, Júlio Fracalanza, pioneiro na fruticultura jordanense, além da Sociedade Belfruta Ltda., Irmãos Novaes, Dierberg Agrícola Ltda., Antonio Damas, José Roberto e M. Yamada.

A revista “O Cruzeiro”, de abril de 1954, já cobrindo a II Festa da Maçã, estampava larga reportagem fotográfica do evento realizado, a 6 de março daquele ano, quando era prefeito, Antonio Nicola Padula, que se realizara nos interiores do Palácio Boa Vista, ainda inacabado.

Além do Governador Lucas Nogueira Garcez, assistiram a instalação, o prefeito Antonio Nicola Padula, o deputado Antonio Sylvio Cunha Bueno, o Vice-Governador Erlindo Saizano, o Sr. Cunha Bayma, representante do Ministro João Cleofas.

O ex-Governador Adhemar de Barros também esteve presente, acompanhado do Dr. Manoel M. de Figueiredo Ferraz.

Ao concurso da Rainha da II Festa da Maçã, participaram Ivany Salzano, Dalva Ferreira Leite, Leila Magalhães e Carmem Miranda.

Foi durante a instalação da II Festa da Maçã, a primeira vez que o então Governador Lucas Nogueira Garcez locomoveu-se da Capital do Estado, depois de eleito.

Um incidente na inauguração da Festa: dizia-se que o ex-Governador Adhemar de Barros, também na cidade, tentaria inaugurar a Exposição, antes do Governador Garcez, com o qual se achava rompido, politicamente.

Ante os boatos, soldados policiavam as ruas, criando um ambiente de intranqüilidade. Paulo Bockmann, um dos grandes promotores do evento, hospedava o Governador Lucas Garcez e sua comitiva.

Nada aconteceu de tudo que se propalava, pois a instalação da II Festa da Maçã, de fato, foi instalada, solenemente, pelo Governador Lucas Nogueira Garcez.

Embora presente à inauguração o Dr. Adhemar de Barros, ambos se evitavam; um entrava por uma porta e outro saia por outra.

O ex-Governador Adhemar de Barros colaborou muito para a vitória da candidata Ivany Salzano, filha do Vice-Governador Erlindo Salzano, seu fiel correligionário, que foi eleita Rainha da II Festa da Maçã, com 85.085 votos.

Por ocasião da coroação da Rainha, em praça pública, na antiga pérgola da Praça da Bandeira, situada atrás da estação ferroviária de Vila Abernéssia, concentravam-se todas as autoridades, inclusive o prefeito Antonio Nicola Padula, de corrente política adversa à do Dr. Adhemar de Barros.

No ato da coroação, perguntaram à Rainha se pretendia formular algum desejo.

Não foi outra resposta:

- Desejo ser coroada pelo Dr. Adhemar de Barros!

Houve um alvoroço, o prefeito Padula retirou-se da solenidade, visivelmente irritado e Ivany Salzano, foi coroada pelo ex-Governador, Adhemar de Barros.

Ao término da II Festa da Maçã, o engenheiro Shisuto José Murayama, chefe da Casa da Lavoura e organizador da Exposição, respirou aliviado:

- Até que enfim acabou, há dois dias que vivemos sob o temor de um tiroteio.

Lamentavelmente, por motivos políticos, logo que foi encerrada a II Festa da Maçã, o eng Shisuto José Murayama, que fora a alma do evento, foi removido para a cidade de Viradouro, o que causou grande revolta da população jordanense. Também objeto de punições políticas foram os servidores estaduais Frederico Kupper, engenheiro do Parque Estadual, Benedito Máximo de Carvalho e Álvaro Cavalheiro, que, em desagravo, receberam homenagens da comunidade local.

Sucederam-se outras Festas da Maçã, como a de número III, que foi organizada por Orlando Destro engenheiro agrônomo da Casa da Lavoura.

Em 2, 3 e 4 de março de 1956, realizou-se a 4ª Festa da Maçã, prestigiada pelo Secretário da Agricultura, Paulo de Castro Viana, na administração do prefeito Antonio Nicola Padula.

Infelizmente, pouco a pouco, o importante evento agro-turístico foi se desativando, até desaparecer completamente.

Três fatores o determinaram: o declínio da fruticultura no Município, o desaparecimento da Belfruta e a carência de apoio oficial.

Sem embargo, marcou a Festa da Maçã um episódio histórico, do maior brilho na vida econômica, turística e promocional dos jordanenses.

Do livro “História de Campos do Jordão” - Pedro Paulo Filho - 1986 - Editora Santuário - Páginas 674 a 677

 

 

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