Na década de 1950, o nosso saudoso Mestre do Desenho e maior pintor da paisagem de Campos do Jordão, Expedito Camargo Freire, o nosso Camargão, professor do saudoso Colégio e Escola Normal de Campos do Jordão - CEENE, com muita maestria, fez um estudo inédito com vários desenhos da Pedra do Baú, em diversos ângulos.
Este é um dos maravilhosos desenhos que ele fez mostrando uma imagem sobre a Pedra do Baú - Direção Oeste.
Saiba mais sobre Camargo Freire.
A Pedra do Baú
A Pedra do Baú faz parte do chamado Complexo do Baú. Esse complexo é um conjunto de rochas gnaissicas (Rocha metamórfica feldspática laminada, nitidamente cristalina, e de composição mineralógica muito variável). É formado por três rochas: a Pedra do Baú é a principal, a maior e mais alta, com 1.950 metros de altitude; as outras duas, localizadas ao redor da principal, o Bauzinho, com 1.760 metros de altitude e a Ana Chata, com 1.670 metros de altitude.
Em terras vizinhas a Campos do Jordão, no município de São Bento do Sapucaí, no Estado de São Paulo, no alto da Serra da Mantiqueira, está assentada a majestosa Pedra do Baú. É um imponente bloco de granito com base de 540 metros de comprimento, 40 metros de largura e 340 metros de altura, numa altitude de 1.950 metros. Obrigatoriamente, a Pedra do Baú, um dos principais cartões postais de Campos do Jordão, faz parte do nosso roteiro turístico, podendo ser avistada de quase todo o município.
No início a pedra era conhecida e chamada de Pedra do Embahú (em tupi-guarani = vigia). Também recebeu o nome de Itacolomi (nome indígena = pedra criança, menino de pedra, mãe com o filho). Ainda foi chamada de Canastra (cesta larga e pouco alta, tecida de fasquias de madeira flexível, ou de verga). Posteriormente, em virtude do seu formato retangular, parecido com uma caixa ou mala, foi batizada pelo povo de "Baú" (Caixa retangular de folha de madeira coberta de couro, na qual se guardam roupas brancas e outros objetos).
Para quem olha de Campos do Jordão, a Pedra do Baú é ladeada à esquerda pela Pedra Ana Chata e à direita pela Pedra Bauzinho. O acesso mais fácil é pelo lado de Campos do Jordão.
Para atingir o topo da Pedra do Baú é preciso muita destreza e experiência em escaladas, embora a altura da rocha possa ser atingida através dos 307 degraus de ferro e 602 ganchos cravados na pedra. Os pioneiros na escalada da Pedra do Baú, em 12 de agosto de 1940, com escadas de bambu, amarradas com cipó e arame, foram os irmãos João (São Bento do Sapucaí - 02/01/1903 / São José dos Campos - 12/08/1962) e Antonio Teixeira de Souza (São Bento do Sapucaí - 05/08/1889 / Mogi das Cruzes - 31/12/1973), conhecidos por irmãos Cortez, da Região de São Bento do Sapucaí. É importante esclarecer que os Irmãos Cortez não eram alpinistas.
Após dois anos dessa escalada histórica, o empresário Dr.Luís Dumont Villares (Porto-Portugal - 28/12/1899 / São Paulo - 14/06/1979), proprietário das terras onde se encontra a pedra, patrocinou a construção das duas primeiras vias de acesso à pedra (as conhecidas escadinhas de ferro), na face sul, lado do bairro do Baú, São Bento do Sapucaí, e na face norte, lado de São Bento do Sapucaí. Para esses serviços, contratou os Irmãos Cortez, como encarregados da fixação dos degraus de ferro e ganchos nas paredes escarpadas da rocha e das pedras da escadaria que permite a escalada, ao todo, 602 degraus. Graças a eles os visitantes conseguem subir ao topo da Pedra do Baú, por meio de escadas de ferro fixadas na rocha. Foram estas: “as pessoas que descobriram a Pedra do Baú para o turismo e lazer de outros tantos, ávidos em escalá-la, porém impossibilitados de atingir o seu cume.” (professor José Maria Priante)
Algum tempo depois, também patrocinado pelo Dr.Luiz Dumont Villares, foi contratada a construtora de Floriano Rodrigues Pinheiro, de Campos do Jordão, para construir no topo da Pedra, o primeiro abrigo de montanha do Brasil, para pernoite de alpinistas. A construção foi iniciada em 30/agosto/1943. “Antônio Cortez chefiava a obra e os operários. O pagamento era feito mediante apresentação de folha de pagamento constando os dias trabalhados de cada empregado e o quanto deveria receber no escritório de Floriano R. Pinheiro, em Campos do Jordão.” (Livro Pedra do Baú - Isaura Aparecida de Lima Silva - Bianchi Editores - 1988)
Esse maravilhoso abrigo, oficialmente, recebeu o nome de “Abrigo Antonio Cortez”, em homenagem ao bravo “alpinista” que escalou a Pedra do Baú pela primeira vez e “foi inaugurado no dia 12 de janeiro de 1947, com churrascada, cantoria e a presença de muita gente das redondezas, das cidades cizinhas e da capital, convidadas pelo Dr. Luiz Villares.” (Livro Pedra do Baú - Isaura Aparecida de Lima Silva - Bianchi Editores - 1988).
Era composto de uma casa de tijolos e madeira, com quatro metros de largura e quatorze de comprimento, pára-raios, telhado de cobre, bem servida de água, com captação das águas pluviais, através de calhas colocadas no telhado e levadas por canos de cobre até dois reservatórios de madeira, com capacidade para 200 litros cada, especialmente colocados para receber e armazenar a água coletada. Os reservatórios ficavam um de cada lado da casa. Como no topo da pedra não existe água, a que era coletada e armazenada através do sistema implantado, servia para higiene pessoal dos visitantes e para beber. Internamente a casa continha: sala de estra com lareira, armário com prateleiras, bancos de madeira e dormitório com vinte e uma camas de campanha.
Lamentavelmente, esse lindo e útil abrigo, refúgio necessário para todos aqueles que conseguiam a grande façanha de atingir o topo da Pedra do Baú, escaladores profissionais e amadores, não existe mais, foi totalmente destruído ao longo dos anos, por seguidos atos de cruel e irracional vandalismo.
É possível andar em boa parte do topo da Pedra da Baú. Do seu ponto mais alto a visão é maravilhosa e espetacular, com 360º graus de amplitude, uma verdadeira pintura. Posssibilita avistar a cidade de São Bento do Sapucaí, os Vales do Baú e Paraíba e do Sul de Minas Gerais. De um lado avista-se boa parte da maravilhosa serra de Campos do Jordão, do outro, as lindas montanhas de Minas Gerais. Na ponta da Pedra do Baú vê-se enorme precipício de granito, capaz de dar vertigem em qualquer pessoa.
A Pedra do Baú pode ser avistada não só dos municípios de Campos do Jordão, Santo Antonio do Pinhal, do próprio São Bento do Sapucaí e Santana do Sapucaí - Mirim-MG. e através da serra existente após a Cidade de Pouso Alegre, rumo às Cidades de Caldas e Poços de Caldas, especialmente no local onde existe um mirante com grande pedra que divide a estrada em dois sentidos, subida e descida.
A forma da Pedra do Baú varia, de acordo com o ponto de onde é observada. Vista das proximidades de Sant'Ana do Sapucaí Mirim, ela tem o formato de uma pirâmide; de Campos do Jordão, é mais alta, mais larga, mais baú; de Pouso Alegre, é muito chata e larga. No pôr-do-sol a Pedra do Baú adquire novas cores, formando um lindo espetáculo de luz e sombras que encanta os amantes da natureza.
A escalada da Pedra do Baú é considerada muito difícil, devido aos flancos íngremes, quase verticais, além dos fortes ventos que ali sopram. Grupos de apreciadores nesse tipo de aventura e escalada, organizam caminhadas para escalar a Pedra do Baú, partindo de São Bento do Sapucaí e de Campos do Jordão.
Para chegar à Pedra através do Município de Campos do Jordão é necessário seguir as placas indicativas, a partir de Vila Jaguaribe, utilizando-se a Estrada Municipal Dr. Irineu Gonçalves da Silva, que dá acesso à Colônia de Férias da Polícia Militar do Estado de São Paulo, Gruta dos Crioulos e Itajubá-MG. Na seqüência, uma estrada de terra (em dias de chuva a estrada pode ficar em más condições), até o Bauzinho, já a 1.700 metros de altitude. O acesso mais esportivo se faz por São Bento do Sapucaí. Seguir as placas indicativas até terminar o asfalto. Pegando-se uma estrada de terra chega-se a uma altitude de 1.250 metros. Nesse local deve-se estacionar o veículo, colocar a mochila nas costas e caminhar em trilha, cerca de 2 horas (aproximadamente 3 km), até o Baú. Chegando ao Baú, sobe-se a escada de degraus e grampos de ferro cravados na rocha até atingir o topo da Pedra. Através da mesma trilha alcança-se também as pedras menores, Bauzinho e Ana Chata, que também, merecem ser escaladas.
Edmundo Ferreira da Rocha - 15/11/2011
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