Na foto o saudoso Sr. Jamil Pedro Zaiter, um pioneiro do comércio de Campos do Jordão onde, por diversas décadas, esteve estabelecido com a tradicional e famosa Casa Oriental, localizada em frente à Estação de Vila Abernéssia, da Estrada de Ferro Campos do Jordão.
A seguir, um pouco da história do Sr. Jamil Pedro Zaiter, contada por ele mesmo:
Jamil Pedro Zaiter
“Cheguei a Campos do Jordão em 1926, com 15 anos. As primeiras pessoas que conheci foram João Maquinista e Floriano Pinheiro.
O primeiro era o banco da cidade, emprestava dinheiro a juros, alugava casas e vendia terrenos. Levava uma vida muito econômica.
Na verdade, foi um incentivador do progresso de Vila Abernéssia.
O Dr. Robert John Reid foi um homem bom, fez muitas doações e morreu pobre, depois de ser rico.
Morreu em uma casa de madeira onde Frei Orestes, mais tarde, construiu a sua creche. Acompanhei o seu sepultamento.
Na hora de baixar o ataúde, ele não cabia na cova aberta; foi preciso serrar, na hora, um pedaço de madeira.
Caprichos da vida - o homem que doou em vida tanto terreno, na hora da morte não tinha direito a mais um palmo de terra.
Em 1926, Vila Abernéssia não passava de uma fazenda, tinha umas 20 casas. Quem descobriu Campos do Jordão foi Adhemar de Barros, que trouxe o engenheiro Prestes Maia para fazer o projeto de urbanização da cidade.
Ficou 3 meses em Campos do Jordão.
Em 1940, o Grêmio Recreativo e Artístico Jordanense levou muitas peças de teatro no Cinema Jandyra, e entre os atores, figuravam Floriano Pinheiro e Augusto Barsaline. Esse Grêmio, além disso, projetava filmes, tocava discos antes das sessões, promovia bailes de carnaval para a família jordanense.
Participei de sua constituição, e bem assim do Cine Glória, que o sucedeu. Antes das sessões, soltava-se foguetes para avisar o povo.
Conheci o pintor Carlos Barreto, o escritor Caio Jardim, que mantinha um curso de datilografia e Octávio Bittencourt, que abandonou o 3° ano de medicina, e doente, veio para cá, de Santos.
Em 1935, com Benedito Vaz Dias, fundou o serviço de alto-falante, o embrião da rádio emissora.
Em 1934/35, apareceu um doente, de origem árabe, com uma carta de recomendação a Felipe Salim, que não podia mantê-lo sozinho.
Reuni a colônia sírio-libanesa e o enfermo foi mantido.
Aí surgiu a idéia de fundar uma sociedade beneficente com o dinheiro arrecadado.
Ibrahim Cury que descansava na cidade soube da idéia e resolveu ajudar, convocando a colônia árabe no Cinema Jandyra, o que permitiu a fundação de uma sociedade beneficente.
Eis que surge um impasse, uns queriam que se denominasse Sanatório Sírio, e outros, Sanatório Sírio-Libanês.
Como a maioria era síria, somente Pedro Paulo e eu votamos pela segunda denominação.
O descendente de árabe mais antigo em Campos do Jordão foi Felício Raimundo, meu avô, que se instalou nos Mellos e depois veio para Abernéssia. Teve duas filhas, Naza, casada com Nagib Muait e Hasna, casada com Pedro Zaiter, meus pais.
Depois vieram Felipe Salim, Nabi Narche, Bady Salim, Jorge Azem Rachid, Pedro Paulo, Nacim Abrão e Abrahim Jundi, entre outros.
Foi o Dr. José Carlos de Macedo Soares que incentivou a construção da estrada que liga Campos do Jordão a S. José dos Campos.
OBS: Do livro “História de Campos do Jordão” - Editora Santuário, Outubro de 1986, páginas 733 e 734, da autoria do Escritor, advogado, jornalista e historiador Pedro Paulo Filho.
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