Gruta dos Crioulos


Gruta dos Crioulos - FS42 12

Distante aproximadamente 9 Km de Vila Jaguaribe pela estrada que demanda a Itajubá, de onde sai um caminho rústico aberto na mata, atinge-se a Gruta dos Crioulos.

Trata-se de enorme pedra, meio côncava, chata e arredondada, com um diâmetro de aproximadamente 30m de altura e 20m de profundidade, podendo abrigar inúmeras pessoas, no seu interior.

Localiza-se no centro de exuberante arvoredo tropical, constituindo interessante capricho da natureza.

Conta Eduardo Moreira da Cruz, que, por volta de 1915, havia perto da Gruta, um barracão de pretos, liderados por Manoel Crioulo, em terras que eram de Cícero Prado.

Um belo dia, o Dr. Domingos José Nogueira Jaguaribe Filho, recebeu na vila Velha (Vila Jaguaribe) alguns visitantes ilustres, como o Dr. Assis Brasil e o Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino de Alencar.

O Dr. Assis Brasil que era gaúcho e fazendeiro, desde logo revelou vontade de comer jacus, ao que Eduardo, por ordem do Dr. Domingos Jaguaribe, saiu à caça.

Aproximando-se da Gruta, Eduardo viu um punhado de negros, abrigados em um barracão, reconhecendo, de imediato, o couro esticado de um boi, de sua propriedade, que houvera desaparecido.

Voltou e contou a história ao Dr. Jaguaribe, que requisitou policiais de São Bento do Sapucaí, os quais acabaram localizando 16 negros homiziados no interior da Gruta. Caçadores pernoitam no local, fazendo pequenas fogueiras para se aquecerem nas noites frias. Há estórias e lendas da velha gruta que adquiriu essa denominação porque os escravos evadidos das fazendas do Vale do Sapucaí, nela se refugiavam para escaparem à fúria dos capitães do mato que iam ao seu encalço.

Entretanto, há mais de cem anos, no tempo da escravidão, a gruta era lugar quase inacessível. Fora descoberta por acaso por um viandante escravo que a comunicou aos seus companheiros de infortúnio. Para se atingir a gruta, então, era uma verdadeira odisséia.

Caminharam, léguas e léguas, por entre o emaranhado de ramaria rasteira. O latido dos cães que eram colocados para farejar suas pegadas faziam-nos correr, dilacerando suas vestes e a própria carne. Muitos atingiam o esconderijo da libertação já tão exangues que acabavam morrendo, fustigados pelo frio e pela fome.

A gruta foi se tornando um local roubado pelos escravos; para muitos era a liberação para a morte, para outros um repouso para empreender novas fugas.

Contam os moradores mais antigos que até hoje, nas noites de lua cheia, quem andar pelos lados da Gruta dos Crioulos, ouve, noite alta, gemidos e bater de correntes - são os espíritos dos crioulos fugidos que ainda vagam pelas redondezas.

OBS: do Livro “História de Campos do Jordão”, da autoria do Escritor, Advogado e Jornalista Pedro Paulo Filho - Editora Santuário - 1986 - Páginas 698 e 699.

 

 

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