Foto solicitada a Hugo de Barros Filho, o conhecido Bacalhau, amigo de longa data, desde os gloriosos tempos do Tênis Clube quando esteve, por algumas décadas, sob comando do saudoso e dinâmico Presidente Plínio Freire de Sá Campelo, nos idos da década de 1960 em diante.
A foto mostra seu pai, o saudoso Sr. Hugo de Barros, eterno apaixonado por Campos do Jordão, assíduo freqüentador destas terras da Mantiqueira, desde época longínqua, juntamente com sua esposa, a simpática, bonita e gentil Dona Carmita e demais familiares. Ficavam na casa de suas propriedades, situada na Av. Dr. Victor Godinho, em Vila Capivari, onde, atualmente, está sediada a Pousada do Conde.
Uma simples foto, mostrando um homem segurando um belo exemplar de truta arco-íris pode levar a que tipos de reflexão? Vejamos o que ela pode nos trazer de informações.
Inicialmente, no dia 17 de julho de 2011, por volta das 11 horas da manhã, assistimos cerimônia organizada pelo Instituto Pinho Bravo e Amigos do Ribeirão Capivari. Essa iniciativa foi apoiada por diversos parceiros importantes. Foi realizada na “Praça dos Pinhos Bravos”, proximidades do Parque Hotel, em Vila Capivari, solenidade comemorativa ao início do renascimento do principal rio que atravessa a cidade de Campos do Jordão, o sofrido Rio Capivari. Simbolicamente, foi procedida a soltura nas águas do rio, infelizmente, altamente poluídas, de peixes-folhas criados por crianças de nossa comunidade. Essa cerimônia contou com a presença do Governador do Estado de São Paulo, da Prefeita Municipal, da Diretora-Presidente da Sabesp, do Secretário de Saneamento de Recursos Hídricos e de grande número de pessoas.
Nesse mesmo dia, 17 de julho de 2011, por volta do meio dia, após longa e batalhadora espera, depois de muito empenho de diversas entidades e autoridades municipais, superando inúmeros obstáculos enfrentados nessa árdua caminhada, pudemos presenciar, solenidade especial realizada na Praça de São Benedito em Vila Capivari. Contando com grande aglomeração de Jordanenses e turistas, tivemos oportunidade de assistir, o Excelentíssimo Senhor Governador do Estado de São Paulo, Dr. Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho, acompanhado de diversas autoridades governamentais e da Prefeita Municipal de Campos do Jordão Dra. Ana Cristina Machado César, assinar termo específico, autorizando destinação de verba necessária, para a construção e implantação do tão sonhado “Sistema de Esgotamento Sanitário de Campos do Jordão”.
Bem, o que isso tem a ver com a simples foto acima que mostra o Sr. Hugo de Barros segurando uma truta?
Em meu modesto entendimento, muita coisa importante.
É sabido, de longa data, que, infelizmente, o principal Rio que atravessa nossa cidade, o Rio Capivari, desde sua principal nascente situada próxima ao Bairro Santa Cruz e, ao longo do seu percurso, todos afluentes que contribuem para a sua formação, vêm sofrendo, a cada instante, paulatinamente, altos índices de poluição, das mais variadas espécies, principalmente, através da depositação de esgotos sanitários em suas águas. Isso é resultado da falta de sistema de captação de esgotos sanitários para toda cidade.
Desde tempos remotos até hoje, a grande maioria das edificações que foram surgindo ao longo do Rio Capivari e seus afluentes, infelizmente, direcionaram seus esgotos sanitários para suas águas. Isso tornou essas águas, altamente poluídas. Hoje, esse rio e os afluentes, são rios mortos. Em suas águas é impossível o desenvolvimento ideal e satisfatório de várias espécies de vida aquática, especialmente peixes de qualquer espécie.
O Rio Capivari e seus afluentes, mesmo contando, desde muito tempo, com índices de poluição, nas décadas de 1950 e 1980, sem dúvida, eram, sensivelmente, muito inferiores aos atuais. Diziam algumas pessoas mais ligadas a esses aspectos técnicos que, essa poluição inicial, estaria desaparecendo, sendo dissolvida ao longo da caminhada das águas dos rios, através das corredeiras, quedas d´água e cachoeiras naturais.
Assim, acreditando na hipótese acima mencionada, até comprovada em grande parte, pela resposta dada pelas próprias águas dos rios, nas décadas também referidas, a partir da região denominada Lagoinha, foi possível a criação satisfatória de trutas ao longo do seu percurso. Inicialmente, através do programa denominado “peixamento dos rios Jordanenses”, através parceria entre a Prefeitura Municipal de Campos do Jordão e Posto de Salmonicultura, atual Estação Experimental de Salmonicultura “Ascânio de Faria”, vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agro negócios da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, situada no Horto Florestal, foi procedida soltura de grande quantidade de alevinos de trutas nas águas de nossos rios que, na realidade, foi revestida de grande sucesso. Durante esse trabalho foi importante a ajuda e participação dos pesquisadores do Instituto de Pesca de São Paulo e do técnico agrícola Kiyoshi Koike.
Com isso era possível, através do cumprimento de regras estabelecidas pelos setores competentes, a pesca, com varas, ao longo de vários trechos de nossos rios.
Voltando ao querido e saudoso amigo Sr. Hugo de Barros. Nessas décadas de 1950 e 1970, diversas pessoas aficionadas à prática da pesca esportiva e não predatória, residentes em Campos do Jordão ou até vindas de outras cidades, se posicionavam com suas varas de pesca ao longo do curso do rio Capivari, após a região da Lagoinha até limites com nosso Horto Florestal, tentando fisgar alguns exemplares da valente e arisca truta, já praticamente selvagem. Seu Hugo de Barros estava dentre esses apaixonados pela pesca esportiva. Sempre que vinha para Campos do Jordão, dedicava boa parte do seu tempo para a prática desse passatempo calmo e descontraído, procurando aquela higiene mental buscada pelos aficionados dessa modalidade esportiva. Muitas vezes, esteve acompanhado do companheiro de pesca, Benedito Luiz Salvador, residente em Campos do Jordão.
Tive oportunidade de vê-los algumas vezes, ao longo do trecho acima referido, enquanto tentavam fisgar alguma truta e, também, orgulhosos, mostrando alguns exuberantes exemplares por eles fisgados, alguns, chegando pesar próximo de um quilo e meio.
Em determinada ocasião Seu Hugo, pelos contatos que tínhamos com certa freqüência no Tênis Clube, me presenteou com um belo exemplar de truta por ele fisgada. Praticamente, foi primeira truta que tive oportunidade de degustar. Aliás, de carne com textura inconfundível e sabor maravilhoso. É importante ressaltar que a truta, praticamente selvagem, criada livremente nas águas geladas dos rios, alimentando-se de insetos, pequenas plantas aquáticas e musgos têm sabor completamente diferente da truta criada em cativeiro. A diferença da sua carne é praticamente a mesma que podemos constatar entre a carne do frango criado pastando no terreiro, comendo milho e o frango criado em granjas, comendo ração.
Vejam, portanto, a grande e fundamental importância e necessidade da pureza e limpidez das águas de nossos rios. A limpidez das águas dos rios propicia o desenvolvimento e manutenção da criação de diversas espécies de animais aquáticos, especialmente os peixes.
Aliás, essa luta pela despoluição de rios e lagos é enfrentada por diversas e importantes cidades brasileiras, inclusive com a Grande São Paulo, na tentativa de despoluição do seu importante Rio Tietê. Também, é constante em todo mundo, como na França e Inglaterra e outros países importantes, que enfrentam essa árdua batalha para salvar seus principais rios que atravessam cidades de renome internacional.
Com tudo isto só nos resta a esperança de que a implantação do sistema de tratamento de esgotos de Campos do Jordão seja concluída o mais rápido possível. Só assim, no futuro, de acordo com estes registros da nossa história, que nos enchem de esperança, tenhamos a oportunidade de voltar ver nossos rios praticamente despoluídos. Esperamos que o nosso Rio Capivari volte a ser piscoso, com grande quantidade de trutas, possibilitando a prática da boa e tranqüilizante pesca esportiva, relembrando os bons e salutares momentos vividos pelo Seu Hugo de Barros e muitos outros que tiveram a feliz oportunidade de, no passado, desfrutar desses importantes momentos de suas vidas, registrados em nossa história.
Concluindo: Vejam, portanto, a que reflexões levam uma simples foto, mostrando um homem segurando um exemplar de truta arco-íris.
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