Essa foi a primeira casa feita em alvenaria (tijolos unidos por argamassa) em Campos do Jordão.
Estava situada numa bela Chácara de 10 mil metros quadrados, localizada na Vila Abernéssia, proximidades da atual Vila Fracalanza. Pertenceu ao saudoso casal Joaquim Ferreira da Rocha e Maria Güttler Rocha, meus avós, desde a década de 1910 até início da década de 1950. A partir de 1950, após o falecimento do meu avô, essa propriedade foi vendida para as Irmãs do Sagrado Coração de Jesus de São Paulo que, no local, instalaram a Obra Social ASSISO que funcionou até este ano de 2016, nas proximidades do atual Supermercado Maktub.
Anteriormente às casas feitas de alvenaria (com paredes feitas de pedras justapostas e superpostas, de tijolos ou mistas), aqui em Campos do Jordão, eram feitas de madeira, normalmente de tábuas serradas dos nossos pinheiros de Campos do Jordão. Algumas outras, eram feitas de taipa, também chamadas de tabique, estuque, taipal ou pau-a-pique com paredes feitas de barro ou de cal e areia com enxaiméis, (estacas ou grossos caibros que, juntamente com as varas, constituem o engradado das paredes de taipa, destinado a receber e a manter o barro amassado ou a massa de cal e areia) e fasquias de madeira (ripas).
Lembro-me muito bem que na Vila Capivari, existia muitas e grandes casas feitas de taipa, inclusive sobrados, dentre outras, a linda casa do Embaixador José Carlos de Macedo Soares e uma em que morei, no mesmo local onde hoje está sediado o Hotel Europa. Depois de prontas, com as paredes desempenadas (endireitadas, aplainadas) e pintadas, pareciam casas feitas de alvenaria.
Essa casa foi construída por um pioneiro destes Campos do Jordão, tendo vindo para cá com a família, junto com a construção da Estrada de Ferro Campos do Jordão, durante os anos de 1912 a 1914. Seu Rocha como era chamado, conhecido por todos, construiu essa casa para abrigar sua numerosa família que, além do casal, era composta por mais quatorze filhos.
Antes de construir essa casa a família morava em outra mais antiga, feita de madeira, situada na mesma propriedade, uma chácara com aproximadamente dez mil metros quadrados, com grande plantação de peras diversas, talvez, ao todo, mais de mil pereiras.
Tão logo a construção dessa casa foi concluída, antes de mudar-se para ela, seu Rocha alugou-a no ano de 1917, para o Senhor (Mister) George Friederick Morris, pai da querida amiga Senhora Sylvia Morris Siegel, casada com o grande e saudoso amigo Dr. Marcos Wulf Siegel, residentes na cidade de São José dos Campos.
Meus avós e os filhos moraram nessa casa até quase final da década de 1940. Já no final dessa década meus avós mudaram para a vizinha cidade de Pindamonhangaba. A grande casa, no ano de 1947, foi alugada e transformada em uma pensão para doentes acometidos do mal da época, a tuberculose. Nessa ocasião, embora já existissem vários sanatórios especializados para o tratamento dessa doença, ainda havia várias pensões que insistiam em acolher os acometidos do mal, mesmo existindo a recomendação contrária ao eventual tratamento da doença junto a essas pensões que, na realidade, careciam de tratamento mais especializado, acompanhado por profissionais e médicos especializados em tisiologia.
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