A Casa Cânticos
No início da década de 1940, no prédio ainda existente, construído pelo Sr. Próspero Olivetti, estava sediada a Pensão Mantiqueira. Nesse mesmo prédio, posteriormente, por vários anos, esteve o Hotel Brasil, de propriedade do Sr. Gontran Emílio Ballion. Na parte térrea do prédio, na quarta porta da esquerda para a direita, estava sediada a tradicional Casa Cânticos, inicialmente de propriedade do Sr. Manoel Pereira Alves e, posteriormente, do Sr. Alberto Bernardino e esposa, Dona Gracinda. As três primeiras portas, no final da década, abrigaram o famoso armazém de secos e molhados denominado A Bandeirante, de propriedade do Sr. Julio Domingues Pereira. Atualmente, nas oito primeiras portas da parte térrea do prédio, está o conhecido e famoso Restaurante e Pizzaria do Serginho.
O prédio onde estava sediada a Casa Cânticos”fica ao lado do prédio do Palacete Olivetti, ainda existente, onde, na época, havia a Pensão e Sanatório Campos do Jordão, para ambos os sexos, de propriedade do Sr. Hans Hanbensak, com 30 leitos e mensalidades entre 400 e 600 mil réis. Nesse prédio, posteriormente, durante muitos anos, esteve estabelecido o Hotel Montanhês, do Sr. Wolfgang Böhme e sua esposa, Dona Érica Böhme. Ele fora um dos tripulantes do famoso navio alemão Windhuk que, em plena guerra, fugindo das embarcações da marinha inglesa, ancorou no porto de Santos no dia 07 de dezembro de 1939. Posteriormente, por alguns anos, o referido prédio foi a sede da Prefeitura Municipal.
“Acredito que o nome da ‘Casa Cânticos’ provém do livro de Cântico dos Cânticos, também chamado de Cantares, Cântico Superlativo, ou Cântico de Salomão. Faz parte dos livros poéticos do Antigo Testamento, vindo após Eclesiastes e antes do Livro de Isaías. Representa, em hebraico, uma fórmula de superlativo; significa o mais belo dos cânticos, Cântico por Excelência ou o cântico maior.
“De acordo com o título, o Cântico dos Cânticos foi escrito por Salomão, filho do rei Davi. Pode-se dizer que é ‘de Salomão’, pois a expressão hebraica ‘de Salomão’ pode ser traduzida ‘de’ Salomão (como o seu autor) ou ‘para Salomão’ (como a pessoa à qual o livro é dedicado). A opinião tradicional entre judeus é a de que Salomão foi o seu autor (Cf. 1Rs 4:32). Para os católicos este livro pertence ao agrupamento dos Sapienciais, que condensam a sabedoria infundida por Deus no povo de Israel. Como pertence ao grupo dos sapienciais recebe como autor a figura simbólica de Salomão, o modelo da sabedoria em Israel. Tem sua escrita estimada por volta do ano 400 a.C, e constitui-se de uma coletânea de hinos nupciais.” (Wikipedia, a Enciclopédia livre)
Acredito, também, que o nome identificava a rotina da Casa Cânticos. Com o ramo de bar e café, tinha assíduos, frequentadores que aproveitavam o local para CANTAREM músicas populares, acompanhados de vários instrumentistas da época. Assim, com seus CÂNTICOS especiais, atraíam grande número de amigos e pessoas amantes da música, adeptas às serestas, a exemplo do nosso querido e atual Senadinho, dos irmãos Cintra, atualmente contando somente com o amigo Daniel Cintra, nosso grande seresteiro de Campos do Jordão.
A Casa Cânticos tornou-se um ponto de encontro das pessoas jordanenses e, também, ficou famosa pelos magníficos quitutes e sanduíches, cuidadosamente preparados, com muita habilidade, pelo Sr. Manoel Alves e a filha Alice Alves e servidos aos seus assíduos clientes.
O Sr. Manoel Alves foi o pai dos nossos queridos amigos Manoel Pereira Alves Filho, o Seu Manoel, o Eduardo César Alves e a Sra. Alice Alves. D. Alice, sempre, com aquele seu contagiante bom humor e grande vitalidade, atualmente, reside na cidade de Taubaté com a família.
Esse estabelecimento, posteriormente, foi vendido para o Sr. Alberto Bernardino, que ali ficou estabelecido por algum tempo. O Sr. Alberto Bernardino, sempre contando com o grande apoio de sua esposa Dona Gracinda, transferiu-se para Vila Capivari, estabelecendo-se com a tradicional Casa Ferraz, armazém de secos e molhados, situada na Av. Vitor Godinho, esquina com a Rua Ribeiro de Almeida, onde ficou por quase duas décadas. Na década de 1960, construiu e inaugurou o famoso Hotel Estoril I. Para esse prédio, transferiu para o piso térreo a Casa Ferraz, que sempre ficou sob a responsabilidade da dedicada esposa, Dona Gracinda. Posteriormente, construiu também o Hotel Estoril II. Atualmente, depois da perda do simpático casal, esses hotéis passaram para a administração do filho Alberto de Almeida Bernardino e esposa, Sonia. Dinâmicos e bem-sucedidos no ramo hoteleiro, formaram uma rede de hotéis, anexando aos pioneiros o maravilhoso Hotel Serra da Estrela e o tradicional Hotel Bologna.
Edmundo Ferreira da Rocha
25 de setembro de 2011.
Na foto, na parte interna, o Sr. Manoel P. Alves e a filha Alice.
Na parte externa, da esquerda para a direita: Felício Raymundo Neto, posteriormente o Felicinho do Grande Hotel, Jamil Pedro Zaiter. Na seqüência, até os fundos: Libre Banciela Santa Clara, Waldemar Ferreira da Rocha e Silverinho.
OBS: Foto gentilmente cedida pelas amigas Dona Lola Alves e Dona Alice Alves
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