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Fotografias que contam a história de Campos do  Jordão.


 

 


  ((7AAzeite Oliva Jordanense))O sabor das lembranças

A história gastronômica de Campos do Jordão e região não é feita somente com a saga dos bons restaurantes e hotéis, mas também de curiosidades que pouca gente conhece.

O azeite jordanense

Não fosse a incansável luta do advogado e historiador Pedro Paulo Filho, esta seria mais uma história apagada de nossa memória. Trata-se da história de Antonio de Oliveira Pires, português de nascimento e jordanense por adoção, que chegou às nossas terras no ano de 1936 para tratamento de saúde. Natural de Leiria, Pires foi pioneiro em nossa cidade inaugurando, no mesmo ano, primeira linha de transporte urbano, ligando as Vilas Abernéssia, Jaguaribe e Capivari, denominada Viação Campos do Jordão.

Em 1937 criou a Viação São Paulo – Campos do Jordão, uma linha intermunicipal, ligando a cidade à capital do Estado, via São José dos Campos. Sofreu grande prejuízo, devido às precárias condições das estradas da época, num trajeto que demorava por volta de 7 horas, tendo hora para partir, mas não para a chegar.

Em 1951 vendeu sua linha de ônibus para a empresa Pássaro Marrom, e passou a se dedicar ao cultivo de azeitonas para fabricar o primeiro azeite nacional, “tendo sido bem sucedido e provocado grande repercussão em São Paulo”.

Segundo o historiador, “em oito de abril de 1959, o engenheiro Irineu Gonçalves da Silva, do Departamento de Produção Vegetal, da Secretaria de Agricultura, convidou as autoridades municipais para a inauguração do Lagar de fabricação de azeite de oliva, instalado na Pousada da Serra, enfatizando o pioneirismo da olivicultura industrial no Brasil”

“Dois dias depois, o jornal O Estado de São Paulo, sob o título ‘Primeira fábrica de Óleo de Oliva’, noticiava a inauguração da destilaria que, embora pequena, resultava do pioneirismo de seu proprietário, em atividade ainda completamente inédita no Brasil.”

O azeite brasileiro

“A destilaria foi instalada nos moldes usados em Portugal (Lagar), compondo-se de um tanque circular, com um motor elétrico no centro, que acionava duas rodas de pedra, de 500 quilos cada uma e que transformava, por esmagamento, em massa compacta as azeitonas ali lançadas.”

“Essa pasta, colocada em interessantes recipientes de fibra, importados de Portugal e denominados “cera”, passava a ser comprimida em uma prensa, passando então a verter o azeite, através das fibras da “cera”, ainda em estado bruto. Imediatamente, o azeite em estado bruto era colocado em nova “cera” de mistura com água fervente, voltando à prensa, dali saindo o azeite destilado.”

“Transportado para recipientes especiais, revestidos de folhas de flandres, o azeite ficava em repouso, cristalizando-se na tona do líquido. Nesse momento, era aberto um “ladrão” para o escoamento da água que permanecia no fundo, restando somente o azeite destilado para o consumo.”

Ainda segundo o historiador Pedro Paulo, “em 31 de dezembro de 1963, o jornalista Moacyr Jorge do Diário da Noite, publicou uma reportagem sob o título ‘Um sonho português: azeite de oliva em Campos do Jordão”. Confessou que, quando lhe comunicaram que no quilômetro 17 da SP50, rodovia São José dos Campos – Campos do Jordão, funcionava uma fábrica de azeite de oliva, não acreditou e subiu a Mantiqueira para certificar-se.”

“No local indicado, encontrou Antonio de Oliveira Pires, um português de Leiria, em um sítio de sete alqueires, onde plantara duas mil árvores, algumas das quais com 15 anos. A Mantiqueira, explicou o produtor, tinha um clima idêntico ao da Europa e propício ao cultivo de oliveiras e este era um sonho acalentado, que alguns chamavam de loucura.”

As primeiras oliveiras

“Pires plantou as primeiras mudas que, infelizmente, morreram. Ninguém explicou-lhe as causas do malogro, até que um espanhol chamado Galvez o advertiu: “As oliveiras só nascem encavaladas. É preciso enxertá-las num pedaço de madeira brasileira. Basta cortar com um canivete o pau e aí amarrar um ramo de oliveira.”

“Galvez abriu o caminho para a realização do grande sonho do pioneiro. Plantadas as primeiras mudas na forma recomendada, o crescimento foi rápido, com troncos bem galhados. Quinhentas oliveiras àquela época já estavam produzindo azeitonas grandes e carnosas, tanto quanto as portuguesas, espanholas e gregas.”

“Em 23 de abril de 1965, o jornal O Estado de São Paulo informava que a plantação do sítio era de 10 mil árvores, das quais cinco mil estavam em franca produção, gerando mil e quinhentos quilos de azeite por ano.”

O azeite jordanense

“Jardineira” da Viação São Paulo Campos do Jordão,fundada por Antonio Oliveira Pires. Ilustração assinada por C. Barreto publicada no “Campos do Jordão Jornal”, em matéria de uma página em janeiro de 1940.

Qualidade internacional

“Vender azeitonas, contudo, não era o ideal de Pires. As amostras do azeite jordanense foram levadas para análise na Federação Rural do Estado de São Paulo. Quando Pires foi buscar o resultado, o técnico lhe perguntou: “Por que o senhor mandou examinar este azeite?” Ele respondeu: É brasileiro.

Muito brasileiro. É de Campos de Jordão! O técnico retrucou: “O senhor vá contar história em outra freguesia. No Brasil, nem oliveiras existem!” Quando Antonio de Oliveira Pires contou-lhe a história, o técnico respondeu: “É tão bom ou melhor do que o azeite que importamos da Europa!”

Confessou o velho pioneiro: o azeite de Campos do Jordão dá para o gasto, para os amigos e para vender. Não tenho apoio financeiro para instalar uma indústria moderna. Se o tivesse, já estaria enlatando ou engarrafando. Minhas posses não me permitem comprar uma máquina de refinação.

“Quando consultei a fábrica holandesa, custava 200 contos.Agora, deve estar custando uns dois milhões ou mais.”

O historiador Pedro Paulo ainda se lembra, nos anos 60, de quando seu tio Jed Boulos subia frequentemente a serra para comprar o azeite de Antonio de Oliveira Pires para o fabricante do óleo Maria, da empresa J.P.Duarte.

Pires, foi casado com Ana de Jesus Freire, teve um filho, Alberto, e morreu em Campos do Jordão em 12 de novembro de 1966.

Mesmo lamentando o fechamento da fábrica de azeite e a extinção das oliveiras, com a exceção de algumas poucas árvores que ainda possam existir, o historiador Pedro Paulo ressalta o “impressionante pioneirismo, a coragem e a determinação desse lusitano de Leiria, que virou um capítulo na história de Campos do Jordão, lembrado apenas por ter seu nome ligado a uma pequena travessa na Vila Abernéssia.”

Matéria Publicada na Revista Gastronomia na Montanha
Ano 2 - Primavera/Verão 2006 (Paginas 40 a 42)

 

 

 

 

 

 

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