Sessão da Academia de Letras de C.J. - 29.03.2014


Sessão da Academia de Letras de C.J. - 29.03.2014

No Plenário o Acadêmico Edmundo Ferreira da Rocha, ocupante da Cadeira 29 - Patrono Guimarães Rosa, enquanto apresentava as poesias: “Visita à casa paterna”, da autorias do poeta Luiz Guimarães Junior, “Saudade”, da autoria do poeta e compositor Anacleto Rosa Junior e “Assim nasceu Campos do Jordão”, da autoria do poeta Condelac Chaves de Andrade, que foi membro da Academia de Letras de Campos do Jordão.

Abaixo, as três poesias apresentadas na oportunidade:

Visita à casa paterna - Luis Guimarães Junior

A minha irmã Isabel.
Como a ave que volta ao ninho antigo,
Depois de um longo e tenebroso inverno,
Eu quis também rever o lar paterno,
O meu primeiro e virginal abrigo.
Entrei. Um gênio carinhoso e amigo,
O fantasma talvez do amor materno,
Tomou-me as mãos, - olhou-me, grave e terno,
E, passo a passo, caminhou comigo.
Era esta sala… (Oh! se me lembro! e quanto!)
Em que da luz noturna à claridade,
minhas irmãs e minha mãe… O pranto
Jorrou-me em ondas… Resistir quem há de?
Uma ilusão gemia em cada canto,
Chorava em cada canto uma saudade.
Rio - 1876.


LUÍS GUIMARÃES JÚNIOR (1845-1898)
Luís Caetano Pereira Guimarães Júnior, diplomata, poeta, romancista e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro em 17 de dezembro de 1845 e faleceu em Lisboa, Portugal, em 20 de maio de 1898. Começou os estudos de Direito em São Paulo e concluiu no Recife. Exerceu o jornalismo e depois foi diplomata, tendo sido adido no Chile. Serviu ainda na Inglaterra, na Santa Sé, em Portugal e na Venezuela. Além de poesia, escreveu contos, comédia e dramas. Foi um dos dez membros eleitos para se completar o quadro de fundadores da Academia Brasileira de Letras, onde criou a Cadeira nº 31, que tem como patrono o poeta Pedro Luís.

Obra poética: Carimbos (1869) e Sonetos e rimas (1880), com segunda edição aumentada em 1886.



SAUDADE - Anacleto Rosa Junior

Saudade é como chicote
Que surra como surrava
No tempo da escravidão


Saudade é erva daninha
Que em nosso peito caminha
Que brota no coração


E quando alguém me pergunta
Se adianta sentir saudade
Respondo no pé da letra
Com toda sinceridade


A saudade é uma ciência
Que nosso peito contém
Adianta sentir saudade
Infeliz de quem não tem.
Ubatuba 19/11/1970


Anacleto Rosa Jr. Anacleto, compositor de musicas Sertanejas, Valseados, Rancheiras, Sambas, Tangos ,etc... Nascido em 18/07/1911 em Mogi das Cruzes , Faleceu em Taubaté onde residiu até 04/02/1978. Em sua casa sempre recebia vários cantores e compositores famosos da musica Sertaneja, tais como: Tonico e Tinoco, Mario Zan, Limeira e Zezinha, Torres e Florencio, Palmeira e Luizinho , o compositor Arlindo Pinto e vários outros artistas.

Anacleto compôs a musica CAVALO PRETO em 1945 e foi a 1ª moda campeira consagrando-o pioneiro da musica campeira do Brasil. Musica Tres Boiadeiros, Fogo no Rancho com parceria Elpidio dos Santos do filme (Jeca Tatu) do Mazaroppi, Musicas: Aparecida do Norte, Baldrana Macia, Mestiça, Cortando Estradão, Confissão, Cruz de Ferra e etc.... Segundo a Revista Sertaneja de Dezembro de 1959, Anacleto tinha 430 composições e entre elas 60 foram feitas para a Dupla Tonico e Tinoco. Em 1960 foi convidado para ser Diretor Artístico do SELO SABIÁ COPACABANA DISCO. Seu trabalho foi um sucesso e deixou musicas inéditas que estão sendo trabalhadas; há anos.



Assim Nasceu Campos do Jordão - Condelac Chaves de Andrade

Ao perpassar o infinito dos anos...
A sesmaria do lendário Inácio Caetano,
Comprada foi pelo Brigadeiro Jordão.
Retalhada... passando por muitas mãos...
E no alto da Mantiqueira, bem no alto,
A partir de 29 de abril de 1874,
Num pedaço de suas “terras bravias
De qualidade, frias
E habitadas por muitas onças”,
Matheus da Costa Pinto, Ana Miquelina, Diogo Mendonça,
João Maquinista, Salvador Miranda e anônimos pioneiros,
Entre montes adornados com pinheiros,
Constituíram pensão de tísicos e uma capela.
Á sombra repousante deles,
Nasceu a Vila São Matheus do Imbiry!
Raiz das Vilas Abernéssia, Capivari...
Alicerces da cidade de Campos do Jordão.
Fonte de esperança... desde então,
Á Vila, perfumada pela floração das matas,
Repercutindo a música das cascatas
E o orfeão dos passarinhos,
Foi chegando gente de todos os caminhos...
Amparada por Nossa Senhora da Saúde,
Estância tornou-se de raríssimas virtudes:
Sanatorial e turística... mística e profana...
Monte de Oliveiras à dor e à angústia humana !


Condelac Chaves de Andrade

Foi Membro da Academia de Letras de Campos do Jordão, participou ativamente da vida da nossa Cidade, ocupou cargos importantes em diversas instituições, dentre elas, a Santa Casa de Campos do Jordão - Hospital Dr. Adhemar de Barros onde, durante várias décadas, ocupou com sucesso, muita responsabilidade e eficácia, o difícil cargo de Provedor. Valorizou nossa cultura e preservou os primórdios da nossa história de maneira espetacular, possibilitando a todos que vieram posteriormente, tomar conhecimento dos principais fatos, dando também, feliz oportunidade para as futuras gerações, através do seu “Álbum - Almanaque Histórico de Campos do Jordão - de 1720 a 1948”

Seu trabalho é de suma importância para todos aqueles interessados que, de alguma forma, venham a se interessar pela continuidade do trabalho iniciado, passando a registrar os fatos importantes de cada época da nossa história.

 

 

 

 

 

Voltar

- Campos do Jordão Cultura -