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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Manezinho de Fátima entra numa gelada. 


Manezinho de Fátima entra numa gelada.

O Manoel dos Reis Bastos Pozada, o Manezinho de Fátima.

 

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Manoel dos Reis Bastos Pozada, o "Manézinho de Fátima" e sua saudosa mãe D. Laura Benvinda dos Reis.

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O conhecido Aércio Luiz de Oliveira, o responsável pelo fato indesejado ocorrido.

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Manuel dos Reis Bastos Pozada, o conhecido Manezinho de Fátima, filho da saudosa D. Laura Benvinda dos Reis, lusitana de forte estirpe, trabalhadora incansável, de grande generosidade que, por diversos anos, foi dona do tradicional Bar São Luiz, estabelecido no centrinho turístico de Vila Capivari, juntamente com seu sobrinho José de Almeida. Extremamente religiosa, via de regra, em quase tudo que dizia, invocava o nome da santa Nossa Senhora de Fátima, por razões não só de religiosidade, mas também por força da procedência da santa que é a Padroeira de Portugal, sua terra natal. Devido a essa particularidade da mãe, o Manezinho, para ser identificado melhor, acabou por receber a identificação de Fátima.

Manezinho de Fátima, para melhor identificação, é sobrinho do também saudoso Sr. Alberto Bernardino, antigo comerciante de Vila Capivari no ramo de secos e molhados, que se popularizou com a sua tradicional Casa Ferraz, situada na Avenida Dr. Victor Godinho. Esse estabelecimento situava-se nas proximidades do atual Hotel Sagres, que, por coincidência, pertence às suas sobrinhas. O Sr. Alberto, posteriormente, iniciou-se em bem-sucedida carreira na hotelaria local e foi o idealizador e proprietário do tradicional Hotel Estoril. Hoje este hotel e mais outros três, de classe internacional, são habilmente administrados, por seu único filho, o conhecidíssimo Albertinho Bernardino, primo do Manezinho.

Manezinho é amigo de diversas travessuras juvenis e colega de vários anos durante o curso ginasial do nosso querido CEENE – Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão.

Creio que o Manezinho de Fátima está bem identificado.

Manézinho de Fátima era um bom rapaz, porém daqueles que “pegava no pé” de todo mundo. Extremamente “gozador”, não dava tréguas quando resolvia tirar o sossego de amigos e conhecidos mais próximos.

Em meados da década de cinqüenta, lá no centrinho de Vila Capivari, talvez por graça e interferência de Nossa Senhora de Fátima, uma tragédia envolvendo o Manezinho deixou de ser consumada. No conjunto comercial pertencente à D. Olga Dias Afonso, composto de 14 lojas, nas proximidades do mencionado Bar São Luiz, existia o açougue do Plínio Vasconcelos de Oliveira. Nesse açougue, além do Plínio, excelente açougueiro, que sabia servir e agradar seus fregueses, com atenção especial e extrema cortesia, trabalhavam seus irmãos, o conhecidíssimo Aércio Luiz de Oliveira que, posteriormente, veio a se estabelecer com o mesmo ramo, em outro local da cidade, como proprietário do “Açougue do Aércio”, atualmente situado na Vila Albertina, em plena atividade, e o Benedito que, até pouco tempo, também foi proprietário de um outro açougue aqui na cidade.

O Aércio era bem jovem na época. “Judiava”, muito do Manezinho, como se costumava dizer, com brincadeiras até pesadas, porém inofensivas. Ficava furioso com as “gozações” e trotes que o Manezinho aprontava para ele no açougue.

No fundo do açougue, após o balcão, havia uma enorme geladeira, do tipo frigorífico, construída de alvenaria, com porta especial revestida de madeira, com trava que se fechava ao ser batida ou empurrada, evitando-se a alteração da temperatura ideal para o resfriamento e conservação das carcaças de bois e porcos que eram recebidas diretamente do Matadouro Municipal. Nessa porta, pelo lado de dentro, claro, havia um dispositivo para abertura, caso viesse a ser fechada inesperadamente, porém uma pessoa que não estivesse acostumada com ela, não saberia dessa particularidade e poderia ficar preso dentro do frigorífico, com conseqüências desastrosas.

Foi mais ou menos isto o que aconteceu com o Manezinho de Fátima que, na época, tinha aproximadamente doze anos de idade.

Em determinada oportunidade, o Aércio atendia alguns fregueses no balcão do açougue e o Manezinho estava lá, ao seu lado, pronto e na espera para mais uma de suas “aprontações”. Num determinado instante o Aércio entrou no frigorífico para pegar uma carcaça de boi para a retirada de alguma peça de carne solicitada pelo cliente, e o Manezinho foi junto. O Aércio, mais rápido, saiu do frigorífico, fechou a porta e deixou o garoto lá dentro. Sua intenção, sem dúvida, era dar um susto no garoto. Até pensou que o menino conhecesse o dispositivo interno para destravar a porta. Continuou servindo o freguês, e conversa vai conversa vem, acabou esquecendo, momentaneamente, que o Manezinho estava dentro do frigorífico. Depois de uns quinze minutos, talvez, lembrou-se do garoto e abriu imediatamente a porta do frigorífico e lá o encontrou quase branco de frio, trêmulo e quase hipotérmico. Retirou-o de lá e, apavorado, fazia massagens em seu corpo e tentava fazê-lo movimentar-se para aquecê-lo e reanimá-lo, chegando a colocar sobre ele casacos pessoais. Melhorando um pouco mais, o garoto foi imediatamente para o Bar São Luiz, onde sua mãe trabalhava.

Dona Laura ficou furiosa quando soube do caso e foi imediatamente tirar satisfações com o Aércio que, por mais que tentasse se desculpar e justificar o que havia acontecido, que não queria o resultado ocorrido, de nada adiantava.

Realmente, uma brincadeira de sensível mau gosto que poderia ter tido um final desastroso e infeliz, embora indesejado e impensado ou não pretendido pelo autor da brincadeira.

O caso teve um prolongamento judicial que deu bastante trabalho para o Aércio, porém sem maiores conseqüências, e foi por muito tempo comentado por todos que conheciam o Aércio e o Manezinho de Fátima.

Lamentavelmente, o Manezinho teve uma glomerulonefrite (Glomerulonefrites ou glomerulopatias são afecções que acometem o glomérulo, estrutura microscópica do rim formada por um emaranhado de capilares e que é a principal estrutura renal responsável pela filtração do sangue.) e enfrentou sérios problemas de saúde devido a esse quase congelamento, sendo obrigado a fazer um tratamento prolongado com medicamentos especiais, repouso etc.

Fui diversas vezes visitá-lo em sua casa situada em prédio anexo à já mencionada Casa Ferraz, onde também moravam seu tio Alberto Bernardino e sua tia D. Gracinda. Como eu não tinha televisão em casa, aproveitava para visitá-lo e assistir aos programas da extinta PRF 3 - TV Tupi, especialmente os programas do Arrelia e Pimentinha, Fuzarca e Torresmo e desenhos animados diversos. Fui um dos que mais visitou o colega naquela época. Claro, um pouco era interesse pessoal.

Posteriormente, o Manezinho estudou, prestou vestibular para Medicina, ingressou em Faculdade em São Paulo, formou-se, começou a trabalhar como médico gastroenterologista, especialidade que pratica até hoje; já foi diretor clínico de hospital em São Paulo, é casado, tem filhos e, de vez em quando, aparece aqui em Campos do Jordão, onde mantém a propriedade vizinha ao Hotel Estoril.

É como eu disse: parece um milagre de autoria de Nossa Senhora de Fátima, em face da grande devoção de sua mãe.

Edmundo Ferreira da Rocha

15/02/2007

 

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