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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Cotinha 


Cotinha

Cotinha em foto do início do ano de 1932.

 

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A famosa casa da Chácara, a primeira casa de alvenaria de Vila Abernéssia, de propriedade do casal Joaquim Ferreira da Rocha e Maria Güttler Rocha.

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O famoso muro de pedra da Chácara, situada em Vila Abernéssia, pertencente ao casal Joaquim Ferreira da Rocha e Maria Güttler Rocha, construído na década de 1920, existente até os dias atuais.

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Cotinha (Maria Ferreira da Rocha) era uma moça alta e bonita.
Namorava Nilo Teixeira, um rapaz doente, mas de boa família que curava a sua tuberculose em Campos do Jordão. Morava em uma república de rapazes que ficava perto da residência de dona Domingas Pasquarelli, na entrada de Vila Ferraz, na rua João Rodrigues da Silva.
Um belo dia, Cotinha resolveu romper o namoro com Nilo, reatando com seu antigo namorado, Ernani Fonseca, que estava morando em Promissão, para onde Cotinha costumava viajar.
Nilo Teixeira, um moço forte e esbelto, não se conformou. Preparou uma suculenta feijoada na república onde morava e foi convidar Cotinha, a fim de tentar uma reconciliação.
Cotinha, porém, já havia decidido: o rompimento fora definitivo. Recusou o convite. Certa feita, tendo chegado de Promissão, e encontrando-se na chácara de seu pai - a atual Assistência Social do Sagrado Coração de Jesus - Assiso, Cotinha, contente da vida, contou à sua mãe:
- Mamãe, mamãe, estou muito feliz. O padre veio pedir a papai para eu trabalhar na quermesse das obras da igreja, junto com as moças ... papai deixou ... que alegria!
A igrejinha ficava no centro do jardim principal de Vila Abernéssia cuja padroeira era Santa Isabel, depois demolida.
Uma tosca igreja, de alvenaria, mas sem acabamento, e a quermesse se destinava a arrecadar fundos para a construção da nova matriz de Santa Teresinha do Menino Jesus, a atual.
A quermesse estava apinhada de gente e se realizava ao redor da igreja.
Nilo Teixeira tomava aperitivos no bar do Tenente Barraquinha, um pouco mais acima, nos baixos do antigo Hotel Brasil.
Aí, Nilo disse ao pessoal que iria dar uma olhada na quermesse, para onde se dirigiu, armado de um revólver.
Cotinha trabalhava com outras moças em uma das barracas, quando Nilo se aproximou e disse: - Cotinha, você quer fazer o favor de vir aqui um pouquinho?
Cotinha se aproximou de Nilo à altura do pinheiro central do jardim de Abernéssia, quando Nilo sacou de sua arma, apontou o peito de Cotinha e fez um único disparo.
As vestes de Cotinha se avermelharam imediatamente, e ela tombou morta em pleno borborinho da quermesse.
Rápido, Nilo Teixeira apontou a arma para a sua própria cabeça e disparou, caindo ao lado do corpo de Cotinha.
Gritos e correrias em plena quermesse. A música parou de tocar.
Um soldado pegou Cotinha nos braços, ensanguentada, colocou-a em um carro e a levou para a chácara de seu pai, morta.
Em agonia, transportaram Nilo Teixeira para a farmácia de Próspero Olivetti, que ficava nos baixos do Hotel Montanhês.
De repente, chegou Joaquim Ferreira da Rocha, lívido e entorpecido pela notícia que lhe deram: mataram sua filha Cotinha!
Pobre pai!
Olhou para aquele homem, assassino de sua filha, esvaindo-se em sangue, deitado no chão da farmácia, respirando rápido e ofegante e prenunciou seu fim próximo.
Transportado para o Vale do Paraíba, onde foi operado, Nilo durou 48 horas.
Uma tragédia passional na quermesse da Vila.
Cotinha, moça bonita que Deus levou tragicamente.


Nota: Estória contada por Waldemar Ferreira da Rocha.


Do livro “Estórias e Lendas do Povo de Campos do Jordão” da autoria de Pedro Paulo Filho,páginas 267/268.


Na foto do ano de 1932, a saudosa Maria Ferreira da Rocha (Faxina-SP. - atual Cidade de Itapeva - 02/01/1908 - Campos do Jordão - 07/05/1932). Era mais conhecida por Cotinha (corruptela de Maria, passando para Maricota e, por último, Cotinha), a sexta filha da prole de 14 (catorze) filhos do casal pioneiro de Campos do Jordão, Joaquim Ferreira da Rocha e Maria Gürtler Rocha, proprietários da famosa “Chácara”, local da primeira casa de alvenaria de Vila Abernéssia, onde residiram com os filhos de 1914 até início da década de 1950. Essa casa estava situada no local onde hoje está sediada a Obra Social ASSISO, da Irmãs do Sagrado Coração de Jesus. Ao fundo e à direita, o prédio da famosa, tradicional e histórica Pensão “Sans-Souci”, situada nos altos da atual Vila Fracalanza.

07/05/1980

 

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