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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

A presença de Getúlio Vargas 


A presença de Getúlio Vargas

Na foto, o Sr. Paulo Bockmann, proprietário da Fazenda Belfruta, no ano de 1951, serve a famosa, deliciosa CALVILA, o primeiro Calvados brasileiro, produzido em Campos do Jordão, em sua Fazenda, ao Presidente da República Dr. GetúlioVargas, ao Governador Dr. Adhemar de Barros e ao Ministro Danton Coelho.

 

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"Campos do Jordão está vivendo os dias mais agitados de sua história" - assim Joaquim Correa Cintra começou a noticiar no jornal ‘A Cidade’ a presença do presidente eleito, Getúlio Vargas, em Campos do Jordão, em janeiro de 1951.

O governador Adhemar de Barros coordenava as conversações políticas que se processavam no ambiente acolhedor da Fazenda Belfruta, de Paulo Bockmann, onde se hospedava Getúlio Vargas.

A movimentação política era intensa, reuniões aqui com Lucas Nogueira Garcez, Erlindo Salzano e Danton Coelho, acolá, Café Filho, vice-presidente da República conversava com Munhoz da Rocha, governador eleito do Paraná.

Chefiado pelo prefeito Paulo Cury, presidente do P. S. P., Getúlio Vargas recebeu na Belfruta o diretório municipal do Partido Social Progressista, que compareceu em peso à residência de Paulo Bockmann: João Alves Teixeira, Alfeu de Brito, Pedro Paulo, Jayme Augusto de Almeida, Alfredo Mastrandréa, Joaquim Correa Cintra, João Rodrigues Pinheiro, Arthur Pereira Pinto, Floriano Rodrigues Pinheiro, Joaquim Calleres do Amaral, Júlio Rodrigues, Tarcísio Coutinho, Arakaki Masakazu, Luiz Gustavo da Silva, Mário Utiama, Fausto Bueno de Arruda Camargo, Husny Cury, José de Oliveira, Sílvio Santa Clara, Álvaro Cavalheiro, Renato Carneiro Guimarães, Júlio Ruggiero, Theodoro Correa Cintra, Sebastião Correa Cintra e Noêmia Damas Cintra.

Entrevistado por Joaquim Correa Cintra, Getúlio disse: "Estou magnificamente impressionado com Campos do Jordão".

Na edição de 28 de janeiro de 1951, o jornalista escreveu que, desde o primeiro dia de sua chegada a Campos do Jordão, manifestou o sr. Getúlio Vargas o mais vivo entusiasmo pelo belo aspecto que ofereciam as plantações, jardins e florestas da estância. Em nenhum momento, porém, o Presidente da República demonstrou interesse maior do que quando teve a oportunidade de visitar, detidamente, a maravilhosa estância do sr. Paulo Bockmann, anfitrião do sr. Getúlio Vargas.

Inicialmente, o sr. Getúlio Vargas percorreu as plantações de 20.000 macieiras, 5.000 pessegueiros e um framboezal de 21 alqueires.

O Presidente exaltou a obra que o sr. Paulo Bockmann realizara nesse setor. Aliás, o Presidente foi nessa ocasião informado que, em sua especialidade, ou seja, na cultura de macieiras, pessegueiros, pereiras e oliveiras, a Fazenda Belfruta pode ser considerada a maior do país.

O viveiro da fazenda possuía cerca de 300.000 enxertos das espécies acima referidas, o que motivou novas exclamações de admiração da parte do sr. Getúlio Vargas e de sua comitiva.

Logo a seguir, assistiu o Presidente a um verdadeiro desfile dos magníficos produtos industrializados na Fábrica Belfruta, entre eles, um delicioso destilado de maçã, de nome Calvila, que pela sua qualidade, superava a famosa bebida francesa denominada Calvados.

Os demais produtos de fabricação, os seus sucos e geléias de framboeza, de pêssego e damasco, foram muito apreciados pelo Presidente, que teve para cada um desses produtos uma expressão de entusiasmo.

Aliás, durante a sua agradável permanência na residência do sr. Paulo Bockmann, o presidente Vargas teve a oportunidade de saborear quase todos os seus produtos.

Mas foi um outro produto, que é mundialmente conhecido pelo nome de cidra, que teve do Presidente manifestações de maior apreço.

Foi o jornalista Samuel Wainer, do jornal “última Hora", convidado especial do Presidente, quem contou o que ocorreu nos bastidores da Fazenda Belfruta durante a visita de Vargas a Campos do Jordão.

Em suas memórias, deixadas gravadas, o jornalista consignou: "Mas nós estamos em Campos do Jordão no início de janeiro de 1951. Adhemar começou a solicitar os postos que lhe dariam o domínio do poder.

Ele queria o Ministério da Guerra para -Estillac Leal, que era meio Getúlio, meio Adhemar.

Estillac foi o primeiro coronel da Coluna Prestes, grande herói nacional, que já em 42 tomara posição contra o nazismo.

Além disso, Adhemar queria o Ministério do Trabalho para o Danton Coelho - que também era metade Adhemar, metade Getúlio - o da Fazenda para o Ricardo Jafet e mais um ou outro, deixando para o Getúlio apenas o rebotalho. Na época, dois Ministérios eram o poder: o da Guerra e o da Fazenda. Getúlio começou a resistir de maneira indireta, tentando criar problemas para evitar ter que entregar o governo inteiro.

As negociações prosseguiam, Getúlio mais irritado a cada dia e Adhemar cobrando, com aquele jeitão.

Finalmente, Getúlio entregou o Ministério da Guerra ao Estillac. Getúlio entregou também o Ministério do Trabalho ao Danton Coelho, uma pessoa maravilhosa, mas que não conhecia sequer o "cheiro” de um operário.

Na hora do Ministério da Fazenda, Getúlio manobrou: entregou o Ministério ao Lafer, sob o pretexto de obter com isso o apoio do PSD, e nomeou o Jafet para o Banco do Brasil, dividindo o que chamava de "a guerra santa”.

Na verdade, Getúlio montou um governo de composição: nomeou João Cleofas, da UDN, para a Agricultura, o Simões Filho para a Educação.

Mas o essencial foi decidido em Campos do Jordão, onde Adhemar ficou com a parte do leão.

Uma noite, Getúlio me chamou e disse:

- Nós vamos embora amanhã e eu gostaria que você conseguisse dar uma nota nos jornais, dizendo que estou em Campos do Jordão, onde sou hóspede. Fui convidado para desfrutar dos prazeres da cidade e descansar. Mas, ao me retirar, o anfitrião me apresentou a conta e eu paguei. Portanto, estamos quites.

Naquele dia, ele rompeu com Adhemar, que leu a nota no dia seguinte, no "Diário de S. Paulo”.

Adhemar veio me perguntar o que significava aquilo. Eu disse que era uma nota que eu havia dado. Mas ele sabia que Getúlio estava atrás daquilo. E entendeu o que ele estava dizendo: que já tinha pago a campanha.

O relacionamento entre os dois se complicou tanto, depois, que o Adhemar se tornou um dos grandes adversários de Getúlio".

Nota: Estória extraída do jornal "A Cidade de Campos do Jordão", de 21 e 28 de janeiro de 1951 e da revista "Play-Boy", de abril de 1983.

OBS: Do livro Estórias e Lendas do Povo de Campos do Jordão, da autoria de Pedro Paulo Filho,”O Recado, Editora Ltda.”,1988 - páginas 105 a 108.

15/11/1980

 

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