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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Maria Miné 


Maria Miné

A saudosa Maria Miné mencionada nesta bela crônica do historiador Pedro Paulo Filho.

 

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Evocando os tipos populares de Campos do Jordão, não é possível esquecer de Maria Miné. Ela era baixinha, preta e encarquilhada. Tinha um sorriso de menina. O povo a chamava assim, mas o seu nome verdadeiro era Maria da Conceição Dias de Almeida. Chegou à cidade aos 15 anos de idade e viveu conosco quase um centenário.

Nascera em Moreira César, distrito de Pindamonhangaba, e por ter sido criada pela família Miné, ficou com o apelido para o resto da vida. Teve 4 filhos, 50 netos e 20 bisnetos, mas era solteira. Todo mundo gostava daquela velhinha simpática, que adorava prosear com quem se encontrava nas vias públicas.

Sempre tinha alguma história para contar. Durante décadas foi lavadeira de pensões de tuberculosos, sobretudo quando Campos do Jordão foi uma afamada estação de tratamento de doenças pulmonares e Vila Abernéssia era um verdadeiro paraíso de pensões de doentes.

Era uma pessoa muito comunicativa e alegre e, por isso, se esbaldava durante o Carnaval. Adorava fantasiar-se durante as festas do Rei Momo, e como gostava de um “melzinho”, então cantava as músicas da época. Cantava e encantava. Depois que envelheceu e não podia mais levar roupas para os doentes, Maria Miné resolveu apanhar flores e levá-las para as donas de casa abastadas da cidade, e, com esse gesto simpático, acabava sempre ganhando algum dinheirinho. Uma de suas paixões foi Adhemar de Barros, de quem era uma feroz defensora.

Não perdia um comício, onde havia faixas e fotografias de Adhemar de Barros. E ajudava, pedindo votos, cantando as modinhas de vésperas eleitorais e pedindo votos para os candidatos do P. S. P. – Partido Social Progressista. Às vezes, brigava por causa de Adhemar. Certa vez, foi convidada para batizar uma criança, que o pai havia dado o nome de João Bosco. Maria Miné não concordou: “Não, senhor, o menino vai se chamar Adhemar de Barros!” E, pronto não se discute mais. Quando alguém ficava doente, logo recebia sua visita de solidariedade e conforto, e para a pessoa ficar boa, fazia uma promessa para o doente cumprir. Quando ficou bem velhinha Maria Miné andava com dificuldade, vindo de Vila Ferraz, onde morava e logo começou a usar óculos que ganhou de presente de um médico muito bom, o doutor Newton Kara José. Mas, mesmo assim não perdeu o jeito carinhoso e meigo de falar, com aquela vozinha de criança e aquele coração bom de preta velha. Faleceu em 12 de agosto de 1978, com quase 100 anos e a Prefeitura Municipal ofereceu os seus funerais e o túmulo que recolheu os restos mortais da alegre velhinha no cemitério municipal. Era uma adorável criatura humana que foi mãe de leite de muitas crianças, hoje homens e mulheres que vivem em Campos do Jordão, ignorando que, um dia, Maria Miné deu-lhes alimento, saúde e vida. Deus a guarde na sua misericórdia.

Pedro Paulo Filho

20/01/1985

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=141

 

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