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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Maternidade só para mulheres... 


Maternidade só para mulheres...

Primeiro prédio da Santa Casa de Campos do Jordão onde foi instalada a "Maternidade só para mulheres..."

 

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Nos idos dos anos 30, vivia em Campos do Jordão um português chamado João Rodrigues da Silva, hoje nome de via pública, que tinha o apelido de João Maquinista. Foi um homem controvertido. Possuía grandes áreas de terras em Vila Abernéssia e fornecia água encanada aos seus moradores, cobrando-a logicamente.

Fez a doação de uma porção de terras para a construção da Maternidade de Campos do Jordão, quando era prefeito José Arthur da Motta Bicudo. Exigiu que na escritura de doação constasse que no terreno doado fosse construída uma maternidade só para mulheres... Na época, questionou-se sobre a legalidade da exigência do doador, pois, não existe maternidade para homens, mas, ele desistiria da doação se a expressão não fosse incluída na escritura. E foi.

Por questões de divisa de terra o português assassinou o engenheiro José Magalhães logo na entrada a Vila Ferraz. Foi levado ao Tribunal do Júri na Comarca de São Bento do Sapucaí, e foi absolvido por três vezes, com fundamento na legitima defesa pessoal.

Foi o primeiro banco de Campos do Jordão, pois, a cidade não dispunha de estabelecimentos bancários. Todo mundo que necessitava de dinheiro, socorria-se do João Maquinista que emprestava dinheiro a juros baixos.

Quando a cidade não possuía sanatórios, os doentes que desembarcavam das automotrizes da Estrada de Ferro Campos do Jordão, na estação ferroviária de Vila Abernéssia, eram transportados para o barracão do Maquinista. Embora malcriado, ele estendia colchões no barracão, onde ficavam os tuberculosos em péssimo estado, escarrando sangue. Maquinista cuidava e fornecia alimentação para aqueles coitados que subiam a serra em busca de saúde.

Não tinha muito asseio, usando uma capa de gabardine o ano inteiro, toda ensebada, com a qual ele era logo identificado. Pela capa, o pessoal dizia: "Lá vem o João Maquinista..." Certa vez esqueceu a capa na beira da linha férrea que ficou pendurada num postinho à noite inteira, com grande quantidade de dinheiro. Quando amanheceu, ele lembrou da capa, foi buscá-la. Todo o dinheiro ainda estava lá. É que o pessoal passava longe da capa ensebada do João Maquinista...

Foi ele quem disse algumas frases antológicas, como por exemplo: “Todo mundo fala mal do João Maquinista, mas, sozinho, João Maquinista fala mal de todo mundo”.

A outra: "Em Campos do Jordão, quando o sujeito chega de perneira, logo é engenheiro, quando chega de óculos logo vira doutor".

Em 12 de abril de 1930, o delegado de Polícia Luiz Jurema Barroso Franco embarcou no bonde da E. F. C. J., na estação de Vila Abernéssia em direção a Pindamonhangaba. Ele tivera atritos com João Maquinista, que era um português malcriado. Quando o Maquinista soube que o delegado ia embora, contratou um punhado de gente para soltar foguetes em volta da estação. Foi um tremendo foguetório. O delegado desceu do bonde e deu voz de prisão a João Maquinista, ofendido na sua autoridade pela de manifestação de alegria pela sua partida. Maquinista não sabia que a viagem era de férias, pensou que o delegado partia definitivamente...

Pedro Paulo Filho

10/12/1980

 

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