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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

O Nevada e João Leite 


O Nevada e João Leite

Quadro da autoria do amigo e artista plástico Paulo Persifal, do ano de 1967 - Foto autorizada pelos amigos do Restaurante Nevada.

 

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João leite foi uma figura popular marcante, o verdadeiro Jeca Tatu redivivo, do escritor Monteiro Lobato. Velho e encarquilhado, pachorrento e cansado ao peso dos anos, vivia sentado na Praça São Benedito, em Vila Capivari.

Era a expressão típica do caboclo do mato. Andava vagarosamente com seu modo característico de joelho valvo, tendo sempre à mão uma corda onde amarrava seu companheiro fiel, o cachorro Piloto.

Calças erguidas até quase o peito, com uma delas dobrada até a canela, botinhas, paletó e um chapeuzinho de feltro enterrado na cabeça cobrindo os poucos cabelos brancos.

De vez em quando falava sozinho e xingava com as malvadezas da molecada. Ele chegou a Campos do Jordão em 1941, vindo de São Bento do Sapucaí, indo parar na Fazenda São Geraldo, de Raul Barbosa Lima.

Chegou, pediu um prato de comida e ficou, fazendo serviços rurais, como trazer o cargueiro carregado de mercadoria até o Mercado, em Vila Abernéssia. Quando moço, levara uma chifrada de boi bravo, que fez saltar as suas vísceras para fora, e, entre a vida e a morte, salvou-se, mas ficou meio abobalhado.

Com o falecimento de Raul Barbosa Lima, dona Helena Andrade Marinho começou a cuidar dele com carinho, como se fosse o avô velhinho.

João leite tinha um jeito especial de tratar as pessoas que gostava e queria agradar: ”Minha égua”, “Minha cabrita”. Com idade avançada, pediu a dona Helena que trouxesse à sua presença o Padre Vitor, de São Bento do Sapucaí. Ela solicitou ao Frei Moisés, da paróquia de Campos do Jordão, que, por caridade, se apresentasse como tal, para fazer seu desejo.

Frei Moisés aceitou cristãomente e foi dar-lhe a comunhão, quando José Leite, agradecido, perguntou: “Agora, Padre Vitor, estou pronto para casar ?”, vindo a falecer aos 104 anos de idade.

Na sua missa de sétimo dia, Frei Moisés perguntou se na igreja havia algum parente de João Leite. Dona Helena levantou o braço, afirmativamente, e o sacerdote proclamou do altar: “Ele já está no céu!”.

Quem resgatou, pioneiramente, a memória do Jeca Tatu jordanense foi José Manuel Gonçalves, que pendurou nas paredes do Restaurante Nevada um quadro com a cara de João Leite, onde o artista captou com fidelidade os seus traços físicos, chamando a atenção dos fregueses, que, frequentemente manifestavam curiosidade de saber de quem se tratava.

O artista era Paulo Persifal e o quadro está lá até hoje.

Nomeado curador de João Leite, em razão de seus problemas mentais, José Manuel Gonçalves se encarregava mensalmente de receber os proventos da aposentadoria de seu curatelado.

Aí José Manuel encontrava um grande problema, pois João Leite se recusava a receber o dinheiro, a não ser que fosse em notas de um cruzeiro.

Se não fosse assim, em notas de um cruzeiro, não havia cristo que fizesse receber o dinheiro a que tinha direito.

Pesquisa realizada pelo jornalista Josias Marques Coutinho do jornal “Folhetim da Serra”, em setembro de 1980, revelou que a figura mais popular de Campos do Jordão fora ele, mais votado, com 51 votos, mas, agora João Leite já está lá no céu.

Pedro Paulo Filho

21/11/2001

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=158

 

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