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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

A grande compra de leite ninho na Mercearia Ana Maria 


A grande compra de leite ninho na Mercearia Ana Maria

 

 

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A Mercearia Ana Maria ficava quase em frente à Estação da Estrada de Ferro Campos do Jordão, de Vila Abernéssia, na atual Avenida Frei Orestes Girardi, no local onde hoje está sediada a Loja de Materiais Elétricos, pertencente à META Ferramentas.

Para as décadas de cinqüenta e sessenta, era uma belíssima e muito bem montada mercearia; contava com um grande e variado estoque composto de uma enorme gama de gêneros alimentícios de alta qualidade, além de bebidas nacionais e importadas, latarias diversas, balas, doces, chocolates, queijos e frios diversos.

Seu proprietário era o saudoso, simpático, alegre, bondoso e divertido seo JULIO RUGGIERO.

Era um local considerado como ponto de encontro de muitas pessoas da sociedade jordanense, de turistas e, inclusive, de uma grande quantidade de alunos do CENE - Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão, que muito apreciavam aquele local, por causa da simpatia e bondade de seu proprietário, pelo fato de seus filhos Julinho, Ana Maria e Rita serem, também, nossos colegas no mesmo Colégio e, também pelo fato de estar localizado ao lado da Foto Abernéssia, de propriedade do também saudoso, simpático e maravilhoso Manoel Luiz Ferreira e de seus filhos Zé Luiz e Carlão.

A Mercearia Ana Maria e o seo Julio, que jamais percebeu algo ou tomou conhecimento dessa sua faceta, ligada à sua verdadeira e grande generosidade, muitas vezes patrocinaram, inconscientemente, a merenda da tarde de muitos dos estudantes que faziam ponto em frente ao seu estabelecimento comercial.

Em várias oportunidades, no meio da aglomeração de estudantes, um surrupiava uma lata de goiabada, marmelada ou outro doce qualquer, que era transportado com muito cuidado e estilo para ser saboreado por muitos, algumas vezes antes das aulas e outras após as aulas, no famoso e saudoso peral que existia nas proximidades do Colégio Estadual.

É preciso dizer, também, que em muitas dessas oportunidades, quem surrupiava a lata de doce era o nosso colega Julinho, filho do seo Julio, dono da Mercearia, para ter o prazer de saboreá-lo conosco na hora certa.

Que saudades daqueles doces tão saborosos, com gosto de infância, juventude e das travessuras dos tempos de estudante. Que saudades do seo Julio. Se alguma vez ele percebeu algo, jamais comentou com quem quer que seja e nunca tomou nenhuma providência no sentido de evitar reincidências, pois seu coração generoso, com certeza, sabia qual era a real intenção e necessidade daqueles jovens que nunca faziam aquilo por maldade.

Pois bem. Mas vamos à história principal. Em certa época, um professor do Colégio Estadual que, infelizmente, primava em não manter em dia seus compromissos financeiros, periodicamente, ia até a Mercearia do seo Julio e pedia uma lata de “Leite Ninho, da Nestlé”, pois, naquela época, um de seus filhos era pequeno e tomava a mamadeira com esse tipo de leite. Acontece que nunca pagava e pedia para que o coitado do seo Julio marcasse em sua conta que, também, nunca era acertada.

Em todas as oportunidades, sempre pedia uma única lata de Leite Ninho.

Em determinada oportunidade, o seo Julio estava na porta da Mercearia, conversando com diversos amigos, e percebeu que o referido professor vinha vindo em direção ao estabelecimento. Pensou, na oportunidade: “Hoje vou pregar uma peça nesse professor.”

Não deu outra. O professor, chegando à Mercearia, foi logo perguntando:

– Seo Julio, o senhor tem Leite Ninho?

Foi aí que querendo pregar uma peça no professor, o seo Julio respondeu:

– Tenho, sim.

O professor então pediu:

“O senhor me dá uma lata.”

Aí veio o pior da história. Pior a emenda que o soneto. O seo Julio disse:

– Eu tenho sim, mas só estou vendendo a caixa fechada com 12 latas.

Ao que o professor respondeu:

– Tá bem, seo Julio, desta vez eu levo a caixa fechada, porém, o senhor, por favor, marque na minha conta.

O que o coitado do seo Julio não imaginou, a princípio, é que estava lidando com um professor altamente escolado nessa arte, acostumado a enfrentar todos esses simples problemas.

Em vez de levar o calote em apenas mais uma latinha de Leite Ninho, dessa feita levou um calote muito maior, de 12 latas.

Acredito que o seo Julio jamais veio a receber essas contas. Porém tenho certeza absoluta de que, em momento algum, veio a considerar esse professor como seu inimigo ou pessoa com quem deveria encerrar a sua preciosa amizade.

Outra coisa ficou muito bem definida nessa história: O filhinho do professor cresceu forte e saudável, graças ao Leite Ninho da Nestlé patrocinado pelo seo Julio.

Pessoas assim já não existem mais em nossos dias.

Edmundo Ferreira da Rocha

25/08/1999

 

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