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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Suiça brasileira ? 


Suiça brasileira ?

Vista da Vila Capivari - Campos do Jordão - Década 2010

 

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Há 10 anos, entrevistado pela grande imprensa paulista, o professor do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo, Eduardo Yazigi, autor do livro “Alma do Lugar”, fez uma apreciação crítica sobre a identidade de Campos do Jordão. Disse ele que o turismo só pode fazer sentido, como o encontro de diferenças, como por exemplo: “Se vem a Paris é porque é diferente de São Paulo”. A Capital francesa é exemplo de cidade feita para o cidadão e não para o turismo e que por isso mesmo se tornou atração turística. Campos do Jordão, na sua visão, é um caso oposto, porque a diretriz recente de prefeitos e vereadores tem compactuado com o professor considera “a mentira de Suíça Brasileira”. Alega o mestre que se trata de mentira dupla, por imitar traços culturais alheios e por escamotear disparidades sociais inexistentes na Suíça. Ele diz: “todo lugar tem sua alma. Essa alma é feita por todo o mundo físico e pelo que não parece no físico, mas que faz, por exemplo, que uma Catedral e um prédio da Bolsa de Valores, com o mesmo estilo neo-clássico, despertem sentimentos diferentes. O que faz a alma do lugar é a paixão do homem por ele, de geração em geração. As periferias das grandes cidades são lugares sem alma. Não há condições para que seus moradores tenham vínculo afetivo com o lugar perverso em que vivem. Nós estamos nos modificando pelo lado perverso da globalização. Destruímos toda nossa herança cultural e arquitetônica. O que sobrou como identidade física? É a geografia física. Não globalizo a Serra do Mar; ela continuará diferente da Floresta Negra alemã.” A apreciação do professor é ácida: “Turismo é incompatível com miséria. Não adianta você ter um hotel cinco estrelas e o turista sair à rua e ser assaltado, assassinado ou dar com a cara com uma favela, que, no caso de Campos do Jordão, está virando as montanhas. Quando você sai do bairro Abernéssia em direção ao Palácio do Governo, vê um mar de favelas. Não acho que a arquitetura deva imitar o resto do mundo com uma subserviência cultural. O bairro de Capivari, por exemplo, é, escandalosamente, uma tentativa de imitar a Suíça. Isso é uma mentira. Os turistas europeus que vem aqui são muitos discretos em não debochar da nossa cara. A verdadeira identidade de Campos do Jordão está no bairros de Abernéssia e Jaguaribe. Já em Capivari, as pessoas tem que botar madeirame nas fachadas para que estas pareçam suíças. Começaram a cultuar tanto a imagem de “lugar do frio” que, quando não tem frio as pessoas não vão lá, ao contrário das montanhas da Europa. Então, começam a inventar festivais de tudo no resto do ano porque os hotéis fecham. Quisera Deus, Campos do Jordão tivesse os padrões suíços. Suíça Brasileira com favela,com lixo acumulado na rua, sem escolas, nem hospitais? Campos do Jordão ainda tem lugares de uma beleza excepcional, sobretudo, na área rural. Não que eu ache feio o que está em Capivari. Só que é uma mentira, até porque adota uma arquitetura do século 19. A Suíça de hoje não é essa. Bariloche (Argentina) que teve efetiva ocupação alemã, não cai nesse simulacro. Em toda Serra da Mantiqueira, inclusive em Campos do Jordão, ignorou-se solenemente toda inspiração que poderia vir da arquitetura colonial e até da caipira, que hoje é de uma beleza e simplicidade enormes. Permitimo-nos fazer um reparo à análise do ilustre professor. A legenda “Suíça Brasileira” não é uma diretriz recente de prefeitos e vereadores. Como escrevemos em “História de Campos do Jordão”, livro esgotado, essa aureola foi criada no século 19, em 1891, pelo Dr. Domingos Jaguaribe quando escrevia no Jornal do Comércio” do Rio de Janeiro, exaltando a natureza jordanense. Quem sabe, em 1891, Campos do Jordão era semelhante à Suíça?

Pedro Paulo Filho

28/04/1998

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=190

 

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