Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Aberdeen visita Abernéssia 


Aberdeen visita Abernéssia

Conheça o motivo da cidade de Aberdeen - Escócia ter influenciado no nome da Vila Abernéssia - Campos do Jordão - Brasil

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

Em homenagem ao dia da cidade (122 anos de nossa Campos do Jordão), vamos divulgar um compacto da narrativa do escocês John Murray, que veio visitar a Montanha Magnífica na década de 50 – portanto, há 46 anos -, simplesmente por haver tido a sua curiosidade despertada pelo nome Abernéssia!

O artigo publicado em maio de 1959, na revista “Coletânea” nº 92. Vamos a ele.

Por Orestes Mário Donato

“Em nossas andanças pelo mundo, temos feito longas temporadas no Brasil. Numa delas soubemos que dois compatriotas nossos, naturais de Aberdeen e Inverness - também condado da Escócia setentrional,- tinham batizado uma região brasileira com a fusão desses dois nomes, resultando a denominação “Abernéssia”.

O escocês jamais se engana no uísque que bebe e no lugar que escolhe para residir.

Foi nessa certeza que, em minuto inspirado, resolvemos conhecer Abernéssia, um dos agrupamentos que formam a Estância Climática de Campos do Jordão.

A viagem, turística propriamente dita, começou em Pindamonhangaba, ou “Pinda”, como dizem numa engraçada abreviatura. É ai que se toma a Estrada de Ferro Campos do Jordão, para percorrer, em confortáveis automotrizes, pouco mais de quarenta quilômetros, até a Estação Emilio Ribas.

Atravessando o rio Paraíba, quilômetros depois, o Piracuama corre ao nosso lado, com águas saltitantes e poéticas, para rumorejar mais adiante, em cascatas e corredeiras, apertado já entre os espigões abruptos da serra.

Não demora muito que trenzinho comece a galgar fortes rampas, serpenteado pelos flancos da Mantiqueira. O Piracuama, espumante, ainda nos segue durante algum tempo. Sentimos uma vontade doida de ir, por ai afora, gritar o que vimos e sentimos pelas cristas e lombadas da imponente serra.

Estamos agora em plena ascensão. A mole da montanha está em nossa frente e em volta de nós. É um espetáculo. Os vales ficam embaixo, entre contrafortes imensos. O Paraíba afigura-se então uma fita de prata, sinuosa, marginada de verdes e de campos geometricamente cultivados. Muito longe divisa-se o perfil, também formidável, da Serra do Mar.

Vamos subindo sempre. No alto do Lajeado, atingimos, na Estação do Toriba, 1743 metros, a maior altitude alcançada, no Brasil, por uma ferrovia.

É nesse altiplano que se localiza Campos do Jordão, estância erguida nos vales dos ribeirões Perdizes e Imbiri, nos flancos suaves das ondulações que eles contornam.

Um ar diferente, seco, tonificante, enche-nos os pulmões. O cheiro sadio dos pinheirais, que vinha conosco, de longe, intensifica-se agora.

Pela primeira vez na vida sentimos autêntico prazer de respirar.

Como soubemos depois, o clima de Campos do Jordão foi considerado dos melhores do mundo, em Congresso de Climatologia, reunido em Paris.

Enquanto em largos haustos sorvíamos aromas e saúde, a vista perdia-se enlevada pelos férteis vales, pelas encostas e campos luxuriantes.

Pouco depois estávamos em Abernéssia, o núcleo mais denso e mais antigo da estância, onde está o principal comércio e administração.

Abernéssia, como Jaguaribe ou Capivari - outros dois núcleos populacionais, -- é terreno exclusivo do turista, do viajante, daquele que procura fazer uma simples estadia de repouso, nos confortáveis e modernos hotéis. A temperatura é sempre amena e o ar seco, depurado de umidade, retida nos ventos alísios por um primeiro impacto na Serra do Mar e um segundo na própria Mantiqueira, no flanco voltado para o Paraíba, dão ao corpo agilidade e vigor.

Campos do Jordão está repleto de locais belíssimos que devem ser visitados.

São passeios obrigatórios e motivo de êxtase permanente a Lagoinha, o Morro do Elefante, Véu da Noiva, a Vista Soberba, o Lago da Yara, onde fica o Moinho da Água, o Pico do Itapeva, a dois mil e tantos metros e do qual se avistam seis cidades do Vale do Paraíba; a Pedra do Baú, o Alpagens, o Pico do Imbiri, e muitos outros lugares bucólicos, que se abrem para os vales juncados de pinheirais e pequenos bosques ou que enfrentam a paisagem larga, imponente, multímoda, na sucessão das grimpas e ramificações do soberbo maciço serrano.

Campos do Jordão, como estância de veraneio, possui amplos, modernos e luxuosos hotéis, piscinas e cinema, centros de turismo e desporto.

Boas razões tiveram os nossos patrícios da penumbrosa Escócia.

Abernéssia - ou seja, Campos do Jordão — é uma Suíça quase sem neve, altitude sem umidade, aglomerado de gente boa e sadia, afilhada querida da natureza, que lhe deu belezas e benefícios sem conta.”

OBS: Publicado no Jornal “Campos do Jordão & Cia.” Página 5, 27 de abril de 1996.



Vila Abernéssia - A origem do nome e o seu fundador

ROBERT JOHN REID era um engenheiro muito próspero, formado pela Universidade de Oxford, Inglaterra, nascido na longínqua Aberdeen, Condado de Aberdeenshire, na Escócia. Veio para o Brasil em 1896 e para Campos do Jordão em 1907 e aqui ficou morando nas primeiras décadas do século vinte, contratado para elaborar serviços de topografia visando à demarcação e à divisão judicial da imensa Fazenda Natal, nas terras da Mantiqueira que, na realidade, era constituída pela grande maioria das terras que formavam o Município dos Campos do Jordão. Após a conclusão de seus serviços em 1908, na impossibilidade de receber em dinheiro o valor referente a eles, acabou recebendo da Société Commérciale et Financièré Franco Brésilenne, como pagamento, boa quantidade de terras em Campos do Jordão.

Reid, como era comumente chamado (a pronúncia correta é RRID ou REED e não Reidi), primeiramente residiu na Vila Nova como era conhecida a vila existente na entrada de Campos do Jordão, numa antiga casa que já havia sido uma Casa de Saúde de propriedade de Plínio de Godoy e João Marcondes Romeiro, situada nos altos da atual Vila Suíça, antiga moradia de Ignácio Caetano Vieira de Carvalho, nas proximidades da atual Escola “Dr. Tancredo de Almeida Neves”. Posteriormente, residiu durante muitos anos em sua Chácara situada na atual Vila Britânia, em seu famoso sobrado que tinha o nome de Vila Abernéssia. Anos mais tarde esse sobrado abrigou, por várias décadas, famoso e saudoso Conventinho dos Padres Franciscanos, demolido na década de 1970.

Posteriormente, com o consentimento geral, a vila Nova fundada por Reid e outros foi por ele batizada com o nome de Vila Abernéssia. Esse nome foi construído artesanalmente por Robert John Reid usando os nomes ABERDEEN, INVERNESS e ESCÓCIA. (ABERDEEN, do Condado de Aberdeenshire é a cidade da Escócia no Reino Unido onde nascera). É importante porto do Mar do Norte, com cerca de 216.000 habitantes (2008). É conhecida como a "cidade do granito" por haver muitos edifícios construídos à base dessa matéria-prima. É banhada pelo Mar do Norte e fica situada na foz dos rios Dee e Don. INVERNESS, também na Escócia, onde seu pai havia nascido. (Inverness é a maior cidade do Norte da Escócia e capital das terras altas, conhecidas como Highlands, local de muitas lendas e tradições. É uma cidade pequena e tranqüila, cortada pelo rio Ness). Retirou a primeira sílaba do nome da primeira ABER e a esta anexou a última sílaba do nome da segunda, NESS o que resultou em ABERNESS. Antes de concluir seu trabalho, acabou por acrescer o pequeno sufixo IA da Escócia, sua terra natal. Concluindo, denominou a nova vila ou Vila Nova, como muitos a chamaram durante vários anos, de Vila ABERNÉSSIA (ABER + NESS + IA).

Edmundo Ferreira da Rocha

05/05/1959

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=191

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -