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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

MANÉ PINO ACHA ESCONDERIJO QUASE SEGURO NA ROD. PRES. DUTRA 


MANÉ PINO ACHA ESCONDERIJO QUASE SEGURO NA ROD. PRES. DUTRA

O saudoso Manoel Pino, mais conhecido como Mané Pino, do antigo e tradicional Armazém Cristal de Vila Ferraz e do Café Mané.

 

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O saudoso Manoel Pino, mais conhecido como Mané Pino, do antigo e tradicional Armazém Cristal de Vila Ferraz e do Café Mané.

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Manoel Pino, aquele do antigo Armazém Cristal e do Café Mané. Ele mesmo, o nosso amigo de muitas e divertidas histórias. Vejam só o que aconteceu com ele em determinada oportunidade.

Há quase três décadas, quando ele ainda mantinha aqui em Campos do Jordão a torrefação e moagem do tradicional Café Mané, viajava com freqüência até a cidade de Caçapava, onde tinha um depósito de café em grão, para uso da torrefação e, também, para venda no Vale do Paraíba. Numas dessas viagens, saindo de Campos do Jordão numa tarde chuvosa, por volta das 17 horas, com destino a Caçapava, quando atingiu a Rodovia Presidente Dutra, o relógio já marcava quase 18 horas e já anoitecia. Quando foi chegando às proximidades do conhecido “Vinhos Danny”, que fica do outro lado da pista, sentido São Paulo/Rio de Janeiro, percebeu que seu carro começou a apresentar algum problema, pois balançava muito. Parou o carro no acostamento, foi verificar o que estava acontecendo e constatou, para sua infelicidade, que um pneu traseiro estava furado.

Bem, não tinha outro jeito senão trocar o pneu ali mesmo. Abriu o porta-malas do carro para pegar as ferramentas, o macaco e o estepe. Para sua surpresa, vasculhou todo o porta-malas e, inclusive o carro, e não encontrou o danado do macaco.

A essa altura, já era noite. O movimento na Rodovia Presidente Dutra, naquele horário, era intenso. Procurou se localizar bem e verificou que o local mais próximo onde poderia pedir auxílio e empréstimo de um macaco para levantar o carro e trocar o pneu furado era no posto de abastecimento existente ao lado da “Vinhos Danny”.

Com muita dificuldade e cuidado conseguiu atravessar uma das pistas da rodovia. Parou no canteiro central que divide as duas pistas. Tentava enxergar onde pisava, pois já havia anoitecido. Uma garoa acentuada e os faróis dos veículos contribuíam negativamente e ofuscavam-lhe a visão. Não conseguiu ver que havia obras no canteiro central. Somente depois do fato ocorrido pôde ver que estavam fazendo diversas valetas no canteiro central para a colocação de algum tipo de tubulação.

Aí aconteceu o inesperado. O coitado do Mané Pino, sem saber dessas obras, foi andando no canteiro central e acabou caindo numa dessas valetas. Era uma valeta funda, talvez com quase dois metros de profundidade. Logo que caiu no fundo da valeta, já percebeu que ela estava pela metade de água.

De estatura reduzida, com aproximadamente 1,60 de altura, tentou inutilmente se agarrar às bordas da valeta. A chuva começou a aumentar, o nível da água na valeta ia aumentando. Começou a gritar por socorro, porém o barulho dos veículos que passavam pela rodovia em alta velocidade atrapalhava muito; seria muito difícil alguém ouvir o seu desesperado pedido de socorro.

Ficou ali naquela valeta por muito tempo, por mais de uma hora. Conforme o tempo ia passando, ele, ali dentro da valeta e com a água já pela cintura, começava a ficar gelado e já tremia de frio.

Já passava das 20 horas, e o coitado do Mané continuava na valeta. Cada vez mais desesperado e preocupado com o seu destino, caso ninguém ouvisse seus gritos de socorro que, aos poucos, iam ficando mais fracos.

Embora nunca se tenha esmerado em alguma convicção religiosa, já começava a rezar e pedir algum tipo de auxílio para que pudesse ser ouvido e retirado, de alguma forma, daquela valeta. Não perdeu, porém, a esperança e insistia com seus gritos de socorro.

Para sua sorte, o movimento de veículos na rodovia já havia reduzido sensivelmente e já se ficava por vários minutos num silêncio quase total.

Deu sorte ou foi, realmente, ajudado por alguma força superior. A verdade é que um caminhoneiro parou seu caminhão ali no acostamento, nas proximidades onde o carro do Mané estava estacionado, para fazer aquela já tradicional verificação de pneus, com o martelinho de madeira e, talvez, aproveitar a oportunidade para desaguar, o que é muito comum nessas oportunidades.

Ficando no local por uns cinco minutos, acabou ouvindo pedidos de socorro. Curioso e, por que não dizer, corajoso, atravessou a pista e foi verificar de perto de onde vinha o pedido de socorro. Acabou chegando à beira da valeta, no esconderijo quase perfeito e, com o auxílio de uma lanterna, pôde ver o Mané lá no fundo. E perguntou: “O que você está fazendo aí amigo?” E obteve a resposta: “Por favor, tire-me daqui senão vou acabar morrendo. Depois te conto o que aconteceu”.

O caminhoneiro falou: “Espere aí que já volto”. Foi até ao caminhão, pegou uma corda e voltou. Preparou a corda, fazendo um grande laço numa das pontas e jogou-a para o Mané, dizendo: “Ponha o pé na argola da corda e segure-se bem nela que vou puxá-lo para cima”.

Assim foi feito e o Mané foi salvo da maldita valeta. Já fora dela, em solo firme do canteiro central, pôde contar ao caminhoneiro o que havia acontecido.

Bateram um papo rápido e o caminhoneiro ainda ajudou a trocar o pneu furado.

Combinando previamente, cada um pegou seu veículo e parou no primeiro posto de abastecimento existente alguns quilômetros à frente. Lá chagando, tomaram um belo conhaque para cortar o frio, principalmente o do Mané que continuava todo molhado.

Para recompensar o trabalho do caminhoneiro, enfiou a mão no bolso e pegou dinheiro, literalmente “frio e molhado” e deu ao homem e, agradecendo, seguiu cada um seu rumo.

Pelo que conheço do Mané, mão-de-vaca como ele só, deve ter dado uns dez reais de gorjeta, e duvido que tenha sido mais que isso. Digo isto e exemplifico: Um dia encontrei o amigo numa dessas lojas de artigos de R$ 1,99. Estava procurando uma vasilhinha para dar leite para seu gato. Até ajudei-o a encontrar o que procurava. Acreditem, quando foi passar no caixa para pagar, começou dizendo para a moça: “Sou um aposentado e luto com muita dificuldade. Será que não dá para você fazer um desconto?” Pasmem, a moça acabou cobrando R$ 1,50 em vez de R$ 1,99. Dá para acreditar? O danado não sabe nem o que fazer com tanto dinheiro que tem e, ainda, faz dessas coisas.

Se o caminhoneiro soubesse desses detalhes teria fingido não ouvir os pedidos de socorro. Brincadeira, com relação ao caminhoneiro, só pela sua coragem em atravessar a pista, com toda aquela chuva e escuridão, ir pelo canteiro central verificar de onde vinha o pedido de socorro, pode-se avaliar que se tratava de um homem de bem, de princípios elogiáveis, disposto a enfrentar qualquer parada e dificuldade para ajudar o próximo, sem se preocupar com qualquer tipo de recompensa, mas somente com o compromisso do dever cumprido.

Na realidade, refletindo bem, poderia ter acontecido uma tragédia, caso esse caminhoneiro não tivesse parado seu caminhão onde parou e na hora certa. Talvez o desfecho desse caso tivesse sido desastroso e muito triste.

Graças a Deus tudo terminou bem para o Manoel Pino, para felicidade de todos nós que o temos como um grande amigo e irmão.

Hoje em dia, quando relembramos esse caso, damos muita risada e pegamos no pé do Mané, como se costuma dizer. Pelo desfecho que teve, hoje é até muito engraçado, ainda bem!

Edmundo Ferreira da Rocha

15/04/2007

 

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