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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Caçando Tubarão em São Paulo... 


Caçando Tubarão em São Paulo...

Foto montagem mostrando parte do Memorial da Amécica Latina-São Paulo. No lago um tubarão com a cabeça do Luiz Pereira Moysés (Tubarão) na boca.

 

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O título, a princípio, pode até parecer muito estranho. A história é séria e, depois das sérias preocupações e transtornos da época, agora, é motivo de muito riso e diversas brincadeiras. Em 2004, quando eu fazia parte do Conselho Municipal de Cultura de Campos do Jordão, como secretário, durante as exemplares e bem-sucedidas gestões do incansável, dinâmico e competente presidente Sr. Dynéas Fernandes de Aguiar, atendendo a seu pedido, fui destacado para representá-lo em uma das finais do Mapa Cultural Paulista, realizada na Cidade de São Paulo.

“O Mapa Cultural Paulista é um dos mais importantes projetos culturais de São Paulo do ponto de vista formativo, informativo e de circulação de artistas do interior do Estado de São Paulo. Nenhum estado brasileiro possui projeto parecido, tornando-se referência nacional.

Criado em 1995, tem o objetivo de fomentar as produções culturais do interior, revelando valores em segmentos que não teriam acesso aos meios de comunicação e com pouca visibilidade no meio cultural.

Durante a realização do evento, são selecionados artistas de 13 regiões administrativas do Governo do Estado para participarem de atividades culturais distribuídas em quatro fases. Em todas elas os artistas que se destacam apresentam seus trabalhos, primeiro no município de origem, depois na região em que estão sendo inseridos, e ao final, na fase estadual, apresentam-se na capital paulista.

Teatro, Dança, Artes Visuais, Canto Coral, Música Instrumental, Literatura e Vídeo são as expressões artísticas contempladas neste projeto, que juntos revelam o mapeamento cultural de São Paulo.”

Na oportunidade em que fui representar o presidente Dynéas, em São Paulo, a final do Mapa Cultural Paulista foi realizada no magistral e monumental “Memorial da América Latina”, situado na Av. Auro de Moura Andrade, 664, no Bairro da Barra Funda. Como era uma atividade importante, ligada à Prefeitura Municipal de Campos do Jordão, foi destacado um veículo oficial com motorista para nos levar até ao local em São Paulo e, também, no retorno, de lá até Campos do Jordão.

Lembro-me de que, naquela oportunidade, me acompanhou na viagem o amigo e artista plástico da arte da pintura, Luiz Pereira Moysés, o conhecido Tubarão que estava concorrendo à fase final do Mapa Cultural, com um de seus maravilhosos quadros, na categoria “Artes visuais” – pintura.

O motorista que nos acompanhou nessa viagem, o experiente e exímio profissional do volante Luiz do “Nestor Pereira”, com sua prática de muitos e muitos anos e inúmeras viagens, nos proporcionou maravilhosa, segura e tranquila viagem entre Campos do Jordão e São Paulo.

No período da manhã, assistimos a diversas e magníficas apresentações de diversos grupos que se apresentaram visando abrilhantar a solenidade.

Durante o intervalo para o almoço, aproveitando o tempo disponível, conforme combinado com o presidente Dynéas, fui até a um Bairro de São Paulo, proximidades do Ipiranga, buscar impressos para a Prefeitura Municipal, que foram confeccionados por uma gráfica de São Paulo. Na oportunidade, como era somente o tempo de ir, pegar os impressos e voltar para assistir à segunda fase das solenidades de entrega de prêmios e diplomações do Mapa Cultural Paulista, o Luiz Pereira Moysés, o Tubarão, preferiu ficar no Memorial da América Latina, ver os trabalhos expostos, almoçar sossegado nas proximidades, esperando nosso retorno.

Como é sabido por todos nós, o trânsito de São Paulo é terrível; muitas vezes, imaginamos que, num tempo de meia hora, é possível fazer tudo o que estava programado e até com alguma sobra. Grande engano. Nesse dia, a ida e a volta até à gráfica foram um transtorno. Trânsito “engarrafado” em todos os sentidos. Nosso retorno ao Memorial, a princípio, imaginado num tempo de meia hora, demorou quase duas horas. Chegamos ao Memorial por volta das 14 horas, horário em que já deveria estar começando a segunda parte das solenidades. Como nosso retorno para Campos do Jordão estava marcado para após as 16 horas, ou seja, após o encerramento da entrega dos prêmios e diplomas para os competidores dessa fase final do Mapa Cultura, estávamos tranquilos. Era somente localizar o amigo Luiz Moysés, o Tubarão, lá no auditório, proximidades do local onde havíamos ficado no período da manhã, e pronto. Grande e triste engano.

Aí começou a grande agonia que justifica o título desta história: Caçando Tubarão em São Paulo.

Perdemos muito tempo e ficamos imensamente preocupados, sem a mínima notícia sobre o paradeiro do amigo Tubarão.

Perguntamos para as pessoas amigas e conhecidas, da nossa região do Vale do Paraíba, se haviam visto, sabiam ou tinham algum recado deixado para nós pelo Tubarão. Ninguém tinha nenhuma notícia animadora.

Ficamos desesperados, procurando o Tubarão por todos os lados do Memorial da América Latina. Fui até aos banheiros masculinos e cheguei a olhar por debaixo das portas dos boxes que estavam fechadas, para ver se via pés de alguma pessoa sentada no vaso sanitário, pensando que ele poderia ter se sentido mal e estivesse desmaiado ou em situação difícil. Infelizmente nada.

Perguntamos ao responsável pela portaria do Memorial se alguém havia deixado algum recado. Também sem sucesso.

Saímos a pé pelas redondezas da Barra Funda para ver se o encontrávamos em alguma loja, restaurante ou lanchonete. Também, infelizmente, nenhuma boa notícia.

Eu e o motorista Luiz estávamos com celular, porém o Tubarão estava sem. Qualquer tentativa de localizá-lo com as facilidades do celular estava prejudicada.

Perguntamos e fornecemos suas principais características, para os motoristas dos micro-ônibus, que faziam o traslado entre o Memorial da América Latina e a maravilhosa e linda Sala São Paulo, instalada no imponente edifício da Estrada de Ferro Sorocabana, situada na Praça Julio Prestes, imediações da Estação da Luz, imaginando que o Tubarão tivesse resolvido ir até ao local. Lá estavam acontecendo importantes exposições de pintura. Também sem nenhum sucesso. Chegamos, eu e o motorista Luiz, a ir até à Sala São Paulo e lá percorremos suas várias dependências, e não encontramos o danado do Tubarão.

Ligamos para o Conselho Municipal de Cultura e pedimos para a Tânia ligar na casa do Luiz Pereira Moysés e, com muito cuidado, para não assustar sua esposa, perguntar se o Tubarão havia entrado em contato ou se, por acaso, já havia retornado. Também em nada nos ajudou. Nossa preocupação, a cada instante, ficava mais forte.

Já estávamos atingindo o horário das 19 horas e não conseguíamos, em nossa caçada incessante, encontrar o Tubarão em São Paulo.

Pensei em começar a procurar nos prontos socorros e hospitais de São Paulo, pensando na hipótese de ele ter se sentido mal e, até, ter sido, infelizmente, atropelado.

Chegamos à conclusão de que isso nada nos ajudaria a localizá-lo, somente nos faria perder mais tempo.

Ligamos mais uma vez para a Tânia, que tentou ver com a esposa do Tubarão se ele já havia chegado em sua casa. Sua esposa ligou até para a irmã que reside em São Paulo, perguntando se o Luiz Moysés havia aparecido por lá. Também sem sucesso.

Já passava das 20 horas, eu disse para o Luiz: Vamos embora e pedir a Deus que o Tubarão esteja bem em algum local.

Fizemos uma viagem completamente preocupada e, o tempo todo, imaginando ou tentando entender o que poderia ter acontecido para o Tubarão ter sumido.

Chegamos a Campos do Jordão por volta das vinte e duas horas e trinta minutos. Seguimos diretamente para a casa do Tubarão e conversamos com sua esposa, que nos atendeu. Ela nos disse que, também, não tinha nenhuma notícia sobre ele. Eu disse a ela que ainda faltava um último ônibus, que chegaria de São Paulo entre 23 e 24 horas. Pedi para que, se ele chegasse nesse ônibus, me ligasse imediatamente, pois eu não iria conseguir dormir até conseguir ter notícias do seu paradeiro.

Voltamos e o motorista Luiz me deixou em casa. Por volta de pouco mais de 23 horas o telefone tocou e, imediatamente, corri para atender, com o pensamento pedindo a Deus para que fosse alguma notícia sobre o Tubarão. Felizmente era o próprio Luiz Pereira Moysés, o Tubarão, caçado por todos os cantos desde São Paulo.

Sem maiores delongas e explicações, ele justificou que, como demoramos a retornar ao Memorial, ele pensou que havíamos retornado para Campos do Jordão e o esquecido em São Paulo e pegou um táxi e foi para a Estação Rodoviária e pegou o primeiro ônibus com destino a Campos do Jordão.

Parece incrível, mas isso, na realidade, é uma história verídica, com certeza, incompreensível. Jamais iríamos retornar para Campos do Jordão e deixá-lo ou esquecê-lo em São Paulo. Fomos juntos e deveríamos retornar juntos. Ele deve ter se apavorado com o atraso para retornar ao Memorial, acima mencionado, e não quis ficar esperando até o final das apresentações do dia, tratando de garantir seu retorno mesmo de ônibus.

Até hoje, depois de tantos anos, nos lembramos desse episódio inesquecível, “Caçando Tubarão em São Paulo...”, ainda, sem uma explicação que satisfaça completamente. Agora, passado o grande sufoco que vivenciamos, damos muita risada.

Edmundo Ferreira da Rocha 23 de maio de 2013.

23/05/2003

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=215

 

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