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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

O Bairro do Recanto Feliz 


O Bairro do Recanto Feliz

O Armazém Recanto Feliz tendo à frente seu proprietário Sr. João Siqueira.

 

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O Armazém Abissínia tendo à frente a Sra. Mayara Oliveira (Tia Perina) e o Silvio Siqueira, filho do proprietário Sr.João Siqueira

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Em 23 de dezembro de 1921, os doutores Emílio Marcondes Ribas e Victor Pereira Godinho dividiram o remanescente das terras que haviam adquirido em 1911, da Société Financiére et Commerciale Franco-Brésilienne. No final dos anos 30, Ruy Pereira de Almeida e Lincoln Ferreira de Faria adquiriram uma área de terras que, na divisão aludida, coubera ao Dr. Victor Pereira Godinho, implantando ali um loteamento operário, onde residiam, por mera coincidência, mas predominantemente, pessoas da raça negra.

Um dia, já na década de 1940, por lá passou João Moysés, morador na Vila Capivari, na propriedade pertencente a Mr. William Sebastian Harlet, denominada Ninho de Flora, e encontrou o amigo italiano Ubaldo Biagioni discutindo com Galdino Paulo, de cor negra. Como a Itália estava em guerra com a Abissínia, Moysés logo associou os fatos e passou a chamar o bairro de Abissínia, e Abissínia ficou.

No bairro, radicaram-se os irmãos Ubaldo, Urbano e Peregrino Biagioni. Ubaldo casou-se com Eva Maria, tendo os filhos Sérgio, Ubaldino, Délio, Gustavo, Elza, Irene, Dina e Benedita. Urbano casou-se com Hortênsia, tendo os filhos Áurea, Ondina, Anésia, Waldo, Wladimir e Nelson. Peregrino casou-se com Benedita, sem prole.

Anos mais tarde, ainda na década de 1940, João Siqueira instalou no bairro seu tradicional e famoso armazém de secos e molhados e colocou na frente, bem no alto, uma placa com letras garrafais, os dizeres: “Armazém Abissínia”.

Em meados da década de 1950, Plínio Freire de Sá Campello, grande publicitário da época, passou a residir no bairro. Como Campello gostava de tudo o que valorizasse os lugares, as pessoas e as coisas, vendo que o armazém do bairro exibia em sua parede o letreiro “Armazém Abissínia”, de propriedade do saudoso João Siqueira, propôs a este que assumiria as despesas para a troca do nome do armazém, desde que passasse a ser denominado “Armazém Recanto Feliz”, aproveitando o nome “Recanto Feliz” da placa de identificação projetada pelo saudoso Orestes Mário Donato, designativo da casa que pertencia ao saudoso francês Auguste Louise Beneteau – que aqui residiu na década de 1950, em sua propriedade situada nas proximidades da curva que dá acesso à Vila, antes da ponte de acesso à casa do Campello. João Siqueira gostou da ideia, concordou com Campello, e este assumiu toda despesa. Daí em diante, sempre que alguém falava em ir para aquele armazém, dizia: “Vou ao Recanto Feliz”. E assim, aos poucos, o bairro passou, também, a ser conhecido por este nome, que acabou sendo oficializado pelo município.

Plínio Freire de Sá Campello, paulista, nascido em 18 de setembro de 1909, na cidade de São Paulo – SP. Infelizmente, por determinado aspecto, veio para Campos do Jordão em 1943, como muitos, em busca da cura para a tuberculose, o mal do século XX. Felizmente, por outro lado, por meio do motivo principal, veio para Campos do Jordão e foi muito útil, prestando grandes e relevantes serviços na divulgação, sem fronteiras, do nome de nossa cidade.

Como, infelizmente, nesta nossa vida nada é eterno, Campello nos deixou no dia 23 de junho de 1993, com 83 anos de idade.

O seu nome ficou para a nossa história por tudo de bom e magistral que ele soube criar e fazer por Campos do Jordão, durante grande parte de sua longa vida, da qual mais de cinquenta anos intimamente ligados a esta cidade que tanto amava, curtia, vivia e respeitava, contribuindo grandemente para a divulgação do nome da nossa cidade que, dificilmente, conseguirá se livrar da frase ímpar de sua autoria, que é a nossa maior propaganda: “Campos do Jordão, a 1.700 metros acima das preocupações!”

Campello costumava dizer que, quando morresse, gostaria de ser cremado e que suas cinzas fossem jogadas ao vento quando este estivesse soprando sobre a nossa Vila Capivari. Infelizmente, essa sua vontade não pôde ser concretizada por causa das dificuldades surgidas quando de seu falecimento. Temos certeza de que, como gostava tanto de Campos do Jordão e da nossa Vila Capivari, mesmo que suas cinzas tenham deixado de ser sopradas ao vento, como gostaria, seu alto-astral, amor, senso positivo, inovador e atuante continuam impregnando não só o ar, como também as plantas, os rios, toda a nossa vegetação; enfim, tudo o que faz parte desta cidade que tanto gostava e admirava.

Edmundo Ferreira da Rocha

28/05/2018

 

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