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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Rios Capivari e Sapucaí-Guaçu já tiveram águas limpas e até potáveis 


Rios Capivari  e Sapucaí-Guaçu já tiveram águas limpas e até potáveis

Na foto da década de 1940, a bela e aconchegante Cachoeira localizada no início do Rio Capivari, na propriedade da tradicional Vila Dom Bosco, no Bairro de Vila Abernéssia.

 

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A linda e aconchegante Cachoeira do Véu da Noiva localizada ao longo do Rio Capivari, na década de 1950.

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Um famoso coral se apresent5a na Boate Grande Hotel na década de 1960

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O rio ou ribeirão Capivari é o rio mais importante de Campos do Jordão. Nasce nas proximidades da quadra esportiva da Chácara Dom Bosco, situada próximo à entrada da Vila Abernéssia. Inicialmente é formado pelo córrego Serraria, à sua esquerda, proveniente do bairro Santa Cruz, posteriormente, à sua direita, pelo córrego Piracuama, proveniente do bairro Vila Albertina. É um típico curso d´água urbano que atravessa o bairro de Vila Abernéssia, onde recebe e encontra, à sua direita, o córrego Abernéssia, com as águas vindas do bairro do Umuarama, também de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, a uma altitude de 1.620 metros, as mais altas vertentes brasileiras que ajudam na formação do rio da Prata. Atravessa o bairro da Vila Jaguaribe, recebendo, à sua esquerda, as águas do ribeirão do Imbiri e, na sequência, já na Vila Capivari, à direita, as águas do ribeirão das Perdizes, que passa pela Ducha de Prata; à esquerda, recebe as águas dos córregos do Guarani e do Homem Morto, proximidades do Teleférico da Estrada de Ferro Campos do Jordão. Daí em diante forma o rio Sapucaí-Guaçu e segue na direção do Parque Estadual/Horto Florestal de Campos do Jordão. Ainda dentro do município de Campos do Jordão, recebe as águas dos ribeirões do Fojo, dos Marmelos, do Paiol, do Ferradura, da Serra, do Campo do Meio, da Guarda/Galharada ou Gaiarada, do Casquilho, Serrote e do Coxim. Daí em diante segue na direção do estado de Minas Gerais e percorre aproximadamente 248 quilômetros até desaguar no reservatório da Usina Hidrelétrica de Furnas, a 780 metros de altitude, entre os municípios de Paraguaçu e Três Pontas, também em Minas Gerais.

Bem, agora já identificados o rio Capivari e o Sapucaí-Guaçu, vamos a um fantástico acontecimento, história verídica do passado, registrando como eram puras e limpas as águas dos nossos rios, ainda na década de 1940.

No ano de 1948, meus pais, Waldemar Ferreira da Rocha e Odete Pavan da Rocha, e eu, Edmundo Ferreira da Rocha, na época com cinco anos de idade, fomos morar no bairro dos Tabacos, localizado no estado de Minas Gerais. Esse local fica pouco adiante do bairro Água Santa, no estado de São Paulo, proximidades da região da fábrica de engarrafamento da tradicional e maravilhosa água mineral Minalba. Meu pai havia sido contratado para cuidar de uma pequena fazenda – e administrá-la –, de propriedade do Senador Roberto Simonsen que, também, tinha sua residência de férias em Campos do Jordão, proximidades da região da Fonte Simão, a saudosa e maravilhosa Vila Simonsen.

Nessa ocasião, toda locomoção entre Campos do Jordão e o bairro dos Tabacos era feita a cavalo, atravessando, inclusive, os cursos dos rios, pois não existiam pontes que pudessem ser utilizadas para a passagem dos cavalos. Mesmo dentro da grande área de terras pertencente à fazenda, o único meio de transporte era a pé ou a cavalo.

Lembro que eu, mesmo criança, estava sempre junto a meu pai. Lembro, também, que meu pai, como a grande maioria dos homens daquela época, usava chapéu. Alguns usavam os tradicionais chapéus de palha; outros, chapéus das tradicionais marcas Prada, Cury, Ramezoni e outras marcas famosas. O chapéu do meu pai era da marca Ramezoni, de um material firme e impermeável, parecido com um feltro.

Lembro-me, ainda, de que, em determinado dia muito quente, estávamos andando por aqueles caminhos estreitos que davam acesso a alguns lugares próximos, e eu estava com uma sede danada. Infelizmente, naquelas proximidades não havia sequer uma fonte de água. Eu insistindo com meu pai que estava com muita sede. Estávamos à beira do rio Sapucaí-Guaçu, naquela região, já com um volume bastante grande de água. Meu pai procurou um local na margem do rio que pudesse ficar mais próximo da água. Cuidadosamente abaixou, tirou o chapéu da cabeça, enfiou na água do rio e o tirou. Jogou a primeira água fora. Enfiou novamente o chapéu na água do rio e o tirou totalmente cheio e o levou a mim. Disse: “Pode beber. Essa água está totalmente limpa”. Sem nenhum receio tomei até me fartar, matando a danada da sede. Em momento algum essa água me acarretou algum problema intestinal ou estomacal.

Vejam que coisa maravilhosa. O rio Sapucaí-Guaçu, depois de percorrer mais de uns cinquenta quilômetros, desde as nascentes do rio Capivari, em Campos do Jordão, até o bairro dos Tabacos, já nas proximidades da cidade de Itajubá – MG, passando por regiões inóspitas, mantinha suas águas límpidas e despoluídas, ainda em condições de serem bebidas, ou seja, potáveis.

Velhos tempos, épocas que passaram e não voltam mais. Há muitas décadas, as águas desses rios todos que alimentam e formam o rio Capivari e depois o rio Sapucaí-Guaçu, estão totalmente poluídas, impróprias para o consumo e, em alguns casos, para outras diversas utilizações. Somente podem ser utilizadas depois de rigoroso serviço de tratamentos especiais.

Entendo que é importante este depoimento. Nos dias atuais já é difícil acreditar que a água de rios como os mencionados, um dia, saciou nossa sede. Imaginem então no futuro.

Edmundo Ferreira da Rocha 16 de março de 2019.

16/03/2019

 

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