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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Rosalvo Madeira Cardoso, Professor e Diretor Inesquecível 


Rosalvo Madeira Cardoso, Professor  e  Diretor  Inesquecível

Grande Diretor e Professor Rosalvo Madeira Cardoso em fotos com Profesores e alunos no ano de 1958

 

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Homenagem ao Grande Diretor e Mestre Rosalvo Madeira Cardoso que, neste ano, estará completando 90 anos.

O professor Rosalvo Madeira Cardoso, filho de Saturnino Madeira e Viviana Maria de Jesus Madeira, nasceu em 18 de dezembro de 1919, em Rio Pomba - MG. Veio para Campos do Jordão em 1957, para assumir o cargo de Diretor do CEENE – Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão.

Além de professor secundário, com licenciatura para as cadeiras de Português, Inglês, Sociologia e Latim, era formado em Direito e exercia a advocacia com grande saber e habilidade. Durante o tempo em que morou e trabalhou como diretor e professor, aqui em Campos do Jordão, teve a oportunidade de exercer a advocacia junto ao nosso Fórum local, sendo um dos mais brilhantes e competentes advogados que por aqui passaram.

Já nos primeiros dias após seu ingresso como diretor, pudemos sentir, observar e acompanhar as mudanças implantadas, que mudaram por completo o ritmo das várias atividades profissionais e estudantis desenvolvidas no colégio. Com grande capacidade intelectual, com rigor e dinamismo, seriedade e mãos extremamente seguras, iniciou mudanças eficazes, há muito necessárias, visando reforçar, através de determinações, disciplina ímpar, mudanças e inovações diversas, a seriedade do ensino público estadual, tão elogiado, prestigiado e respeitado, especialmente pelo extenso currículo eficaz e capacidade dos professores, escolhidos e avaliados através dos rigorosos concursos públicos de provas e títulos.

Sem tirar o valor e o mérito de outros excelentes diretores que passaram pelo colégio, antes e depois do professor Rosalvo, somos obrigados a reconhecer que este marcou muito a sua estada e a sua direção à frente do colégio.

Lembro-me de que, na época, estava cursando a primeira série do curso ginasial. Garoto saído de escola pública municipal e de curso particular de admissão ao ginásio, onde a disciplina, embora regulada, não podia, de forma alguma, ser comparada à de um colégio estadual, especialmente sob a direção do professor Rosalvo. O impacto inicial, imediatamente sentido, foi muito grande.

A disciplina dos alunos era invejável naquele colégio. Quando batia o sinal (na época, literalmente, era um sino de bronze que era badalado manualmente por um dos inspetores de alunos ou algum funcionário do colégio, especialmente determinado para tal função) para os recreios, após cada uma das aulas, claro, um grande número de jovens, com a idade entre onze e dezoito anos ou, em alguns casos, até um pouco mais velhos, incluindo os alunos dos cursos científico, clássico e normal, saíam falando alto, correndo, pulando e até brincando, como é normal nessas idades. Era impressionante. Ao passarmos ou visualizarmos a porta do biombo de madeira (de compensado escurecido) que separava a entrada principal, as salas da Direção da Escola e da Secretaria do Colégio, vendo a figura ímpar do professor Rosalvo, postado ali em frente a ela, com seu inconfundível e elegante terno escuro e gravata, com as mãos cruzadas atrás das costas, altivo e sério, ocorria uma imediata e rapidíssima alteração no comportamento de todos os alunos. A partir desse instante acabava a correria, as brincadeiras e o falatório. Daí em diante não se ouvia um pio sequer. Nutríamos por aquele professor e diretor grande admiração, um respeito muito grande, até revestido de um certo temor, embora nada pudesse justificar esse nosso temor, pois, em momento algum, pudemos tomar conhecimento ou presenciar alguma atitude exorbitante ou injusta ou que não estivesse rigorosamente amparada por sérios princípios de justeza e legalidade.

Outra peculiaridade inédita do professor Rosalvo, aliás, extremamente rara e jamais presenciada em outro ocupante de cargo de direção de qualquer tipo de colégio, quer estadual, quer particular, eram a sua grande capacidade e o seu conhecimento profundo de todas as matérias lecionadas no colégio. Era realmente um maestro do ensino. Sempre que tomava conhecimento que um professor, especialista em alguma das matérias lecionadas no colégio, faltava por algum motivo, não perdia a oportunidade. Acabava com a alegria dos alunos e nos surpreendia com seu grande conhecimento e habilidade. Entrava na sala de aula e perguntava aos alunos: “Onde o professor parou na última aula? Qual foi o último ponto dado?” Continuando, falava: “Bem, vamos continuar daí para a frente. Todos a postos com lápis e cadernos sobre a carteira”. E realmente continuava a matéria do ponto em que havia sido interrompido na aula anterior. Parece incrível, mas era a realidade. Pude, pessoalmente, testemunhar alguns desses acontecimentos. Também é preciso esclarecer que não escolhia a matéria. Era português, matemática, história, geografia, inglês, francês etc.

O colégio, naquela época, final da década de 1950 e início da de 1960, embora nos parecesse muito grande, se comparado aos colégios de hoje, era bem pequeno. Somente para que se tenha uma noção do corpo discente, mal dava para encher o seu Salão Nobre de aproximadamente 120 metros quadrados, com todos os alunos sentados.

Toda vez que o diretor ou os professores tinham algum comunicado importante e necessário para ser repassado e explicado aos alunos, era marcada uma reunião geral que era executada nesse Salão Nobre. Eram reuniões marcantes e muitas inesquecíveis, nas quais podíamos ficar vislumbrados com a facilidade para falar e com o grande conhecimento de muitos dos professores que usavam da palavra.

Nessas reuniões, geralmente iniciadas com todos os alunos presentes de frente para os professores que, postados junto a uma enorme mesa montada especialmente junto ao espaço reservado para o palco desse salão, todos em pé, com o máximo rigor e respeito, cantavam o Hino Nacional Brasileiro, comandados pela professora de Música e Canto Orfeônico.

Após essa formalidade, sempre o comando e a abertura da reunião eram feitos pelo diretor do colégio. Quando o professor Rosalvo começava a falar, além da sua voz forte, clara e com dicção impecável, reforçando as letras “L” (ele) das palavras, não se ouvia nem o barulho de uma mosca voando, como se costuma dizer em linguagem popular. Suas mensagens eram facilmente entendidas por todos, não deixando nenhuma dúvida. O português usado era extremamente correto e descomplicado.

Durante o tempo em que aqui permaneceu, embora com sua vastíssima cultura, capacidade intelectual e demonstrações mais do que suficientes de excelente administrador à frente de nosso colégio, candidatou-se ao cargo de prefeito municipal, porém não se elegeu. Em meu ponto de vista, esta foi a melhor solução para ele. Pelo seu perfil austero e de homem ligado ao ensino, jamais iria ser um bom político.

Depois de algum tempo na direção do nosso colégio, transferiu-se para Campinas, chegando a lecionar na UNICAMP e até a assumir alto cargo na direção dessa universidade.

Chegou a voltar para Campos do Jordão em meados da década de 1960, por um período pequeno, tendo assumido a cadeira de Português. Também nesse pouco tempo, marcou sua presença com seu alto conhecimento e a facilidade cultural. Demonstrava, com muito orgulho e habilidade, que sabia cantar o Hino Nacional Brasileiro até do final para o início. Chegamos a aprender, porém não praticamos; infelizmente esquecemos.

Saudade do grande diretor, amigo e professor Rosalvo.

Hoje, aposentado, ora está em Campinas, ora em sua casa na cidade de Queluz - SP, cidade de sua esposa e de seus familiares. Pai de família numerosa e bem estruturada, teve dez filhos.

Há alguns anos estive com ele em sua casa, no Município de Queluz - SP.. Matamos um pouco da saudade daqueles bons tempos em que viveu aqui em Campos do Jordão, de muitas felizes e até infelizes recordações.

Rogamos ao Bom Deus para que o abençoe e lhe dê muita saúde, junto a toda família. Receba a nossa eterna gratidão pela oportunidade que nos deu de conhecê-lo e por todo o tempo em que privamos da sua maravilhosa convivência. Tenha certeza de que o senhor jamais foi ou será esquecido por todos aqueles que o conheceram e tiveram a oportunidade de tê-lo com diretor e professor aqui em nosso CEENE - Colégio e Escola Normal Estadual de Campos do Jordão.

Edmundo Ferreira da Rocha

20/01/2008

 

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