Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Festas Juninas na Carpintaria do Pedro Russo 


	Festas Juninas na Carpintaria do Pedro Russo

Um pedacinho da Carpintaria.Pedro Russo, Esposa Margarida e Filhas:Delma,Marisa e Diva.Ano 1959

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

Na década de 1950, especificamente do final desse ano até o ano de 1952, morei com meus pais, Waldemar Ferreira da Rocha e Odete Pavan da Rocha, na Rua Felício Raimundo, a conhecida e tradicional Volta Fria, área já pertencente à Vila Jaguaribe.

Moramos numa casa assobradada. Na parte superior morava o saudoso tio Álvaro Ferreira da Rocha, irmão de meu pai, com a esposa, a tia Jandira, e sua pequena filhinha Sônia Maria. Eu e meus pais morávamos na parte inferior da casa.

Naquela região existiam poucas casas. Ao lado esquerdo de quem olhava para a casa morava o saudoso João de Oliveira e família. Ele era proprietário de açougue especializado em carnes suínas, existente no antigo Mercado Municipal, localizado onde hoje está sediada a Agência da Caixa Econômica Estadual. Ao lado direito, havia um outro sobrado onde, na época, moravam Laurindo Fonseca e família e um irmão do saudoso seu Pedro Russo.

Pedro Russo morava com sua maravilhosa família numa outra casa, ao lado desse segundo sobrado. Ao lado de sua casa funcionava sua carpintaria, especializada na confecção de móveis, esquadrias e tudo mais que pudesse ser feito em madeira. Diga-se de passagem que, além do grande profissional da arte da carpintaria e marcenaria que era o seu Pedro Russo, entre outros excelentes profissionais, lá trabalhavam nessas artes os saudosos Antônio e Robertinho.

Seu Pedro Russo era casado com a saudosa e maravilhosa Dona Margarida, da tradicional família Andreolli. Tinham três lindas e maravilhosas filhas, minhas amigas perenes e eternas – na sequência: Delma, Marisa e Diva.

Eu, quase diariamente, estava na casa de Dona Margarida e na Carpintaria do seu Pedro Russo.

Lembro-me, com muita saudade, dessa época memorável. Naquela época, somente algumas poucas pessoas tinham em suas casas um rádio de válvulas que, normalmente, ficava sintonizado na nossa Radioemissora de Campos do Jordão, ZYL-6, a mais alta do Brasil. Por meio dessa rádio eram ouvidas as principais notícias locais e nacionais, músicas, alguns programas de auditório, retransmissão de novelas veiculadas em outras rádios de São Paulo, etc. Hoje, contando até parece invenção. O cumprimento dos rígidos ritos impostos pela sociedade daquela época – normas, costumes sociais e religiosos – era seguido à risca. Nos dias determinados ao respeito, às lembranças e homenagens aos finados, normalmente comemorados nos dias 2 de novembro de cada ano, todas as radioemissoras suspendiam suas programações normais e ficavam durante todos esses dias apresentando somente músicas sacras ou clássicas tradicionais. Até os automóveis nas ruas deixavam de usar suas buzinas, procurando manter o mais absoluto silencio sempre, buscando com o máximo respeito reverenciar e homenagear todos aqueles que já haviam partido para o Universo superior.

Seu Pedro Russo, embora sempre esbarrando em sérios problemas de saúde, era muito animado. Gostava de homenagear São Pedro, o Santo do dia do seu nascimento, responsável pelo seu nome de batismo. Assim, anualmente, no final da tarde de 29 de junho, transformava sua carpintaria num verdadeiro salão de comemoração dessa tradicional festividade junina. Convidava seus amigos e parentes que aqui moravam. O local ficava cheio de crianças e adultos. Eram festas memoráveis, maravilhosas e inesquecíveis. Essas festas primavam pela fartura. Muita pipoca, amendoim torrado, pinhão cozido e assado, apanhados pelo próprio seu Pedro junto aos pinheiros existentes ao longo da Volta Fria (muitas vezes, acompanhado de suas filhas, ajudamos colher os pinhões para essas festas), sucos, refrigerantes, salgados, bolos, sanduíches e doces diversos. Nunca se esquecia do tradicional quentão para aqueles que gostavam.

A necessária e tradicional fogueira de São Pedro, alimentada com sobras de madeira, ardia ali nas proximidades da carpintaria, ajudando aquecer o ambiente e todos aqueles que já sentiam o rigor do frio do inverno jordanense. Ao som de músicas típicas dessa época do ano, executadas através de rádio-vitrola que tocava ainda aqueles discos pretos de 78 rotações, muitos dançavam, e até eram organizadas as tradicionais quadrilhas. Também havia a tradicional queima de fogos de artifício, dando-se preferência àqueles que explodiam moderadamente e enchiam o céu de prateado e cores lindas e maravilhosas.

Mesmo depois que mudei daquela região para Vila Capivari, muitas vezes viemos participar dessas felizes festas juninas comemorativas do dia de São Pedro e do aniversário do seu Pedro Russo.

Hoje, somente a feliz lembrança daquela época maravilhosa e da maioria daqueles queridos amigos que, infelizmente, já nos deixaram há muito tempo. Lembrança que ficará eternamente em nossa memória e em nossos corações, como uma das melhores de nossa vida.

As festas juninas de hoje nem de longe podem ser comparadas àquelas daqueles bons tempos.

Felizmente, ainda temos em nosso convívio as filhas do seu Pedro e da D. Margarida, muitos de seus primos e muitos dos filhos daqueles nossos amigos de outrora, com quem compartilhamos muita alegria e felicidade.

Edmundo Ferreira da Rocha

08/01/2009

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=47

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -