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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

As escaladas noturnas pela tromba do Morro do Elefante 


As escaladas noturnas pela tromba do Morro do Elefante

O lindo Morro do Elefante primitivo, na década de 1950, sem a infeliz degradação atual.

 

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Há um bom tempo passado, de grata e saudosa memória, quando a cidade era muito tranqüila e sossegada, desprovida do intenso tráfego de veículos de hoje, da iluminação pública reduzida, de conformidade com a necessidade da época, e não por causa de acordo de débitos entre a Prefeitura Municipal e a Companhia de Eletricidade, ainda assim, muito mais feérica que a de outrora, algumas poucas pessoas se aventuravam sair à noite, logo após o jantar, para fazerem uma pequena e salutar caminhada pelas ruas calmas e seguras da cidade.

Lembro-me muito dessas caminhadas familiares. Durante elas, era comum o encontro de algumas famílias que aproveitavam a oportunidade para bater longos e importantes papos.

Muitos dos adolescentes da época, entre os quais estou gratificantemente incluído, nessas oportunidades e, principalmente, nas noites de lua cheia, que mais “parecia um Sol de Prata branqueando a escuridão, enchendo de estrelas nosso chão”, aproveitavam para escalar, através da erosão existente no trajeto delineado pelas águas das chuvas, que ia desde sua “tromba” até seu “dorso”, o tradicional e primitivo Morro do Elefante – hoje, lamentavelmente, quase que totalmente desfigurado, sem qualquer semelhança com o maravilhoso animal que lhe concedeu, por muita semelhança, o nome e, também, por causa do desrespeito e descuido das autoridades que, infelizmente, não tiveram o cuidado e o carinho necessário para preservá-lo sempre lindo e admirável, mantendo-o com uma aparência próxima à intocabilidade desejada.

Era uma subida difícil, com um percurso íngreme, onde somente o clarão da lua nos permitia pisar em bases mais seguras, evitando que pudéssemos enfiar os pés nos muitos buracos do caminho.

Essas escaladas, quase via de regra, se transformavam em competições. Vencia aquele que conseguia escalar o morro desde a sua base até o seu topo no menor espaço de tempo possível. O tempo era marcado no relógio, por uma das pessoas que ficava na base do morro e que considerava a prova concluída quando o primeiro dos participantes gritava lá de cima, do topo, do “dorso” do Elefante, “Cheguei!”.

É importante registrar que, devido ao mínimo barulho da época, especialmente ao número limitadíssimo de veículos que trafegavam pelas ruas da cidade, dos barulhos de pessoas falando alto ou gritando, e dos raríssimos e quase inexistentes sistemas de alto-falantes que, hoje, infernizam e tiram o sossego da nossa querida Campos do Jordão, permitia, a quem ficava cronometrando o tempo da escalada, na base do Morro do Elefante, ouvir o grito do vencedor que primeiro chegava ao seu topo e era declarado o vencedor da prova.

No topo do Morro do Elefante, ou melhor, sobre o seu “dorso”, havia somente uma grande cruz de concreto com alguns poucos degraus em todo o seu redor. Nesses degraus, sentávamos para recuperar as forças e o fôlego despendido na dura e difícil escalada contra os ponteiros do relógio do juiz da prova, como, também, para admirar e agradecer a Deus por nos conceder o privilégio de admirar a vista deslumbrante, maravilhosa, impar e sem limites, colocada à nossa disposição gratuitamente, sem qualquer cobrança de ingresso, restrição ou limitação etária.

Sem dúvida, fomos privilegiados. Hoje, é muito diferente daquela época dourada, ou melhor, prateada pelo clarão da Lua. Muitas mudanças, para pior, com obstáculos desde físicos, existentes no percurso entre a base, nas proximidades de sua “tromba”, até seu “dorso” e, também, os sociais, tecnológicos e todos aqueles que podem interferir na segurança física e pessoal impedem que as pessoas de hoje, jordanenses e turistas, possam desfrutar de oportunidades semelhantes, com a mesma tranqüilidade e prazer de outrora.

Dentre as pessoas que, muitas vezes, participaram dessas escaladas noturnas, nos lembramos de Toninho Lourenço (Toninho Magrela), Walter Araújo (Uru), Fernando Seabra (Sabiá), Édison dos Santos (Dinho) e, com muita saudade, dos irmãos Nelson (Carroça) e José Walter, da família Degli Esposti.

Edmundo Ferreira da Rocha

23/11/1993

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

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