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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Calorosa recepção para os alunos do Colégio São Joaquim de Lorena 


Calorosa recepção para os alunos do Colégio São Joaquim de Lorena

Na falta de foto daquela oportunidade, esta retrata o cenário daquela tarde do ano de 1961.

 

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Elegância, respeito, educação, diplomacia e muitas outras delicadezas devem ser os principais requisitos para quem recebe visitas ilustres e ansiosamente esperadas. Igualmente, com certeza, devem ser os requisitos de quem chega e é recebido.

Certa feita, nos idos de 1961, no mês de outubro, no dia após as longas aulas de um sábado, por volta das 17h30, um bando de alunos bem educados e de fino trato, até prova em contrário, desde que venham receber um tratamento semelhante e com uma mesma característica, pertencentes às melhores famílias jordanense, desce do Colégio Estadual e Escola Normal de Campos do Jordão – CEENE, para recepcionar os alunos do famoso e tradicional Colégio São Joaquim, da querida cidade de Lorena, pertencentes à rigorosa, laboriosa e exigente Ordem dos Padres Diocesanos, que estavam vindo para Campos do Jordão passar o final de semana e onde iriam participar de diversas atividades esportivas diante das equipes jordanenses, inclusive, equipes do próprio CEENE.

Naquela época, o meio de condução mais favorável, econômico e eficiente para quem vinha do Vale do Paraíba e, inclusive, do Rio de Janeiro, para Campos do Jordão era, sem dúvida, os confortáveis, admirados e maravilhosos bondes da Estrada de Ferro Campos do Jordão, que faziam o trajeto entre Pindamonhangaba a Campos do Jordão e vice-versa.

Os alunos do Colégio São Joaquim deveriam, a princípio, receber as boas-vindas junto no pátio da Estação de Vila Abernéssia, onde se encontrava um grande aglomerado de estudantes locais e alguns professores, buscando espaço entre os outros bondes lá estacionados, bondes denominados “subúrbios”, que faziam o trajeto Vila Capivari, da Estação Emílio Ribas até a Estaçãozinha em frente ao Sanatório São Cristóvão e o bonde de carreira que iria para Pindamonhangaba.

Por volta das 18 horas chegou à referida Estação o bonde vindo de Pindamonhangaba, trazendo os esperados estudantes do Colégio São Joaquim.

A pequena fanfarra do CEENE começou a rufar os tambores, caixas de repique, surdos etc., dando as boas-vindas aos colegas.

Em um pequeno lapso de silêncio da fanfarra, um desavisado, indelicado e inconseqüente aluno do Colégio São Joaquim botou a cara para fora da janela do bonde e gritou: “Cambada de filhos de tuberculosos!”.

Foi, lamentavelmente, a gota d´água que faltava para entornar e macular todo o sucesso e brilhantismo da recepção planejada.

No Pátio da Estação de Vila Abernéssia, que havia sido revestido por um pedrisco fino, de granito cinza, rajadas rápidas desse pedrisco foram impiedosamente arremessadas contra o bonde e contra os estudantes de Lorena.

Passados os ataques, dado o troco pelas ofensas recebidas, a confusão continuou e as conseqüências foram impiedosas.

Na plataforma da Estação de Abernéssia, várias discussões tomaram rumos imprevistos e lamentáveis, com palavras deselegantes por parte de alunos, professores e, inclusive, por parte de alguns pais de alunos que, na oportunidade, estavam no local ou que por ali passavam e resolveram entrar na contenda.

O bonde com os estudantes do Colégio São Joaquim, graças a Deus, seguiu seu trajeto de destino rumo à Estação de Emílio Ribas, em Vila Capivari.

Após um bom tempo de discussões inflamadas, entre o diretor do Colégio Estadual, o querido e estimado professor Gad Aguiar, alguns outros professores, alunos, pais e mães destes, o forrobodó foi encerrado, porém, com a garantia prévia do diretor deixando claro que os alunos envolvidos estavam, desde aquele instante, suspensos das atividades escolares por um período de cinco dias, a contar da próxima segunda-feira.

Na segunda-feira, a Direção do Colégio mandou solicitação aos pais dos principais alunos envolvidos, em número aproximado de cinco, para que comparecessem a uma reunião para tratar de assunto envolvendo o lamentável comportamento de seus filhos quando da recepção dos estudantes de Lorena – seria discutida a penalidade imposta a eles, baseada no Regimento Interno do Colégio. Nessa oportunidade, até alguns vereadores da cidade participaram da reunião com o intuito de tentar minimizar os efeitos negativos da suspensão aplicada, argumentando que os alunos não estavam nas proximidades do Colégio, que estavam sem os respectivos uniformes etc.; porém, tudo em vão.

A Direção do Colégio, com o apoio e testemunho de alguns professores que a tudo presenciaram naquele fatídico dia, fez valer o Regimento Interno do Colégio e as suspensões aplicadas.

Com a penalidade aplicada e considerando que nessa semana seguinte ao acontecido, estariam sendo realizadas as provas mensais, fomos altamente prejudicados. Perdemos as provas e ficamos com nota zero de aproveitamento.

Alguns professores, de saudosa memória, condoídos com o nosso prejuízo, aplicaram alguns trabalhos especiais ou chamadas orais visando reduzir os efeitos prejudiciais da nota mínima, possibilitando que, na média, esta ficasse em torno de cinco.

No meu caso específico, essa nota zero foi altamente prejudicial, especialmente, nas matérias em que eu já tinha muita dificuldade. No final desse ano, a reprovação foi inevitável. Não me recordo com precisão, porém acredito, para mais algum colega o desfecho foi o mesmo.

Uma coisa é certa em todo esse incidente lamentável, imprevisível, prejudicial e inédito: esse fato ficou para a história estudantil de Campos do Jordão.

Outra coisa também é certa: jordanense não leva desaforo para casa, mesmo que as conseqüências para eles possam ser prejudiciais e desastrosas.

Ainda outra coisa também é certa: jordanense sabe tratar seus ilustres visitantes com elegância, respeito, educação, diplomacia e muitas outras delicadezas, porém exige que a recíproca seja rigorosamente verdadeira.

Edmundo Ferreira da Rocha

02/02/2005

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=75

 

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