Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Campinho de futebol próximo ao Posto Esso de Vila Capivari 


Campinho  de futebol próximo ao Posto Esso de Vila Capivari

Na falta de foto do nosso campinho, estou usando esta. Até bem parecida.

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

Clique para Ampliar!

 

 

Em meados da década de 1950, morava em Vila Capivari, ali na Avenida Emílio Ribas, 908, na casa que pertencia ao gentil, educado e saudoso amigo Adauto Camargo Neves, um dos primeiros corretores de imóveis de Campos do Jordão. Essa casa ficava exatamente ao lado do atual Hotel JB, nas proximidades do tradicional Posto Esso de Capivari. Nessa época não existiam ainda o Hotel JB, Hotel Sagres e aqueles edifícios ao lado e atrás do Posto Esso, que pertencia ao saudoso Sr. Wilson Brügger, nosso incentivador, amigo e torcedor, especialmente quando um dos times tinha algum de seus filhos jogando. Na direção dos fundos dessa casa, existia somente um prédio antigo dividido em duas partes. Do lado esquerdo de quem olhava para o prédio, ficava o estabelecimento do Sr. Benedito Olimpio Miranda, com o ramo de artigos para vestuário e tecidos, administrado pelo saudoso Sr. Moreira. Do lado direito, o estabelecimento denominado “Casa Ferraz”, de propriedade do saudoso lusitano de boa estirpe Sr. Alberto Bernardino, tendo o comando de sua dedicada esposa, a também saudosa Dona Gracinda, pais do Albertinho, meu companheiro e colega de ginásio, competente empresário que, iniciando com o tradicional Hotel Estoril deixado pelos pais, hoje é o proprietário de uma rede de quatro hotéis de turismo em Vila Capivari.

Bem, vamos ao assunto do título. Como toda aquela área onde hoje estão os hotéis JB, Sagres e outros prédios era enorme, somente coberta por uma baixa e reduzida vegetação, tendo, inclusive, um gramado natural bem ao lado da Rua Dr. Camilo de Morais, lateral do Posto Esso, com a especial e famosa grama quicuio, a garotada que morava nas proximidades, dentre eles eu, o Walter Araújo, o Uru, seu irmão Wilson, que chamávamos de Virso, o José Milton, o Baltazar, o José Luiz Sagesse, o Paulinho Andrade, o Batatinha, seu irmão Vicente, o Walter do Cornélio, o Nelsinho e o Gugu Brügger, filhos do Sr. Wilson, dono do Posto Esso, o Edimar, neto do Sr. Miranda, o Manezinho de Fátima, filho da D. Laura, irmã da D. Gracinda e até outros que moravam mais distantes, como o Zé Eleutério, o Zé Meu Fio, seu irmão Chicão, o Mirinho Adão e o Orlando Jacaré, o Adelson Alves, o Chinho e alguns outros, transformaram a área em um ajeitado e aconchegante campinho de futebol. Colocamos até as traves dos gols, feitas com varas de bambu.

Foi um dos locais mais freqüentados pela molecada da época. Eu estudava no período da manhã no saudoso Grupinho Municipal Rio Branco, situado em Vila Abernéssia, atualmente Escola Monsenhor José Vita. A grande maioria dos amigos estudava em Vila Jaguaribe, no tradicional e ainda existente Grupo Escolar Dr. Domingos Jaguaribe.

Via de regra, nas primeiras horas após o meio-dia, a molecada já ia chegando ao nosso campinho e as equipes se iam formando. Claro, quase sempre os “atletas” eram insuficientes para a montagem de dois times com onze jogadores de cada lado. Às vezes, eram montadas duas equipes com três, quatro, cinco ou mais jogadores de cada lado. Em algumas ocasiões, um dos times tinha até um jogador a mais que o outro. A equipe que ficava com um jogador a mais que a outra era sempre a que, pela sua formação, apresentava jogadores com menores habilidades que os demais.

Ali passávamos horas jogando futebol. Íamos até ao início da noite, até quando ainda podíamos enxergar a bola e os jogadores. Fazíamos até diversos campeonatos entre as diversas equipes que conseguíamos montar em algumas oportunidades.

Na época do Natal, o presente mais esperado do “Papai Noel” era uma bola de capotão de couro, como costumávamos dizer. Essas bolas, se comparadas com as atuais, eram horríveis. Tinham realmente um capotão de couro. Em um dos gomos dessa cobertura de couro havia uma abertura e diversos furos, traspassados por um atanado de couro (espécie de cordão) que permitia a abertura e fechamento após o enchimento da câmara de ar, através de enorme bico de borracha que, após, era dobrado, amarrado e enfiado para dentro do gomo da bola, dentro desse capotão de couro. Essa abertura era semelhante à de um sapato de couro (social) com seu cadarço para ser solto e amarrado de acordo com a necessidade. Depois de completada a operação para enchimento, a bola ficava até meio ovalada, com um enorme calombo onde continha o bico e todo o seu aparato para fechamento do local. Era terrível quando íamos dar uma cabeçada na bola e coincidia que todo aquele calombo duro e protuberante batia em nossa testa ou em nossa cabeça. Chegava até a machucar. Pior ainda, quando chovia, esse capotão de couro ficava encharcado, liso e pesado. Nessas ocasiões, ninguém ousava dar uma cabeçada na bola. Quando alguém chutava a bola com muita força, o companheiro ou o adversário até saía da frente para não levar uma forte carimbada, como dizíamos.

Esses momentos maravilhosos, naquele campinho de futebol, grandioso estádio de nossa infância, alegria de nossa época, perduraram por vários e felizes anos, até que cada um seguiu seu destino, rumo ao futuro necessário e inadiável do restante de nossas vidas.

É importante deixar registrado que, durante todos aqueles anos em que passávamos diversas horas por dia jogando um despretensioso e inocente futebol, jamais nos desentendemos ou acabamos brigando seriamente uns com outros, a ponto de ficarmos inimigos. Claro, de vez em quando havia algum desentendimento mais acalorado que logo era contido e em poucos minutos estava completamente esquecido.

Tempos bons que, infelizmente, não voltarão jamais. Somente persistem e permanecem gravados em nossas mentes, com muita saudade, inclusive, daqueles que já se foram para integrar novas equipes de futebol amador em outras paragens deste imenso Universo.

Edmundo Ferreira da Rocha

15/05/1990

 

Acesse esta crônica diretamente pelo endereço:

www.camposdojordaocultura.com.br/ver-cronicas.asp?Id_cronicas=83

 

Voltar

 

 

- Campos do Jordão Cultura -