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Crônicas que contam histórias de Campos do Jordão.

 

Homenagem ao Dia dos Pais. 


Homenagem ao Dia dos Pais.

Joaquim Corrêa Cintra - O homenageado pelo filho José Roberto Damas Cintra

 

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Joaquim Corrêa Cintra, a esposa D. Noêmia Damas Cintra,o filho José Roberto Damas Cintra - final década 1940

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Não identificado, João de Sá, Joaquim Corrêa Cintra, Noêmia Damas Cintra e José Roberto Damas Cintra

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Dr. Fausto Bueno de Arruda Camargo, José Roberto Damas Cintra, D.Noêmia Damas Cintra e Jesus de Carvalho - ano 1960

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Prefeito José Antonio Padovan, Joaquim Corrêa Cintra, Professor Harry Mauritz Lewin, Milton Valim e Waldomiro Buozzi - ano 1960 - Biblioteca Municipal.

 

Perdi meu amigo

Há quase 40 anos atrás, estávamos jogando sinuca no Tênis Clube, após um jantar do Rotary. Era uma só família e brincávamos alegremente com a força da nossa juventude de então. Não sei, mas naqueles tempos a nossa cidade, bem pequenininha, nos proporcionava tantos bons momentos!

O telefone tocou e o garçom cochichou algo no ouvido do Samuel, que logo olhou para mim e disse: “presidente, temos que correr para a Santa Casa “o Joaquim não está bem”...

Meu sangue congelou e a tremedeira tomou conta do meu corpo ouvindo o “Samuca” relatar que ele sentiu-se mal numa famigerada reunião com hoteleiros no antigo Hotel Savoy.Imaginei que tivesse se emocionado,ou alguém o tivesse ofendido, coisa que não poderia acontecer, dados seus antecedentes coronarianos.

Chegando na Santa Casa, ainda vi por uma fresta da porta semi-aberta de um consultório, um médico recém-chegado, um tal de Newton Ledoux, (que depois viria a ser um grande amigo) montado sobre um corpo, massageando freneticamente seu peito, numa luta feroz para traze-lo à vida. Era o Joaquim, meu pai, meu amigo, que sem mais esperanças prostrou-se morto, irremediavelmente morto.

Com apenas 56 anos de vida, dos quais 34 dedicados a Campos do Jordão primeiro e depois à minha mãe e a mim, Joaquim Corrêa Cintra – meu pai – meu amigo, embora com vida curta, preencheu-a com muito trabalho e idealismo voltados quase que exclusivamente à cidade e aos menos favorecidos. Também órfão de pai ainda muito jovem, o Joaquim era como se fosse pai também dos seus irmãos, dos quais hoje só resta o Daniel, aquele do Senadinho... Que momentos difíceis iríamos passar, minha mãe estraçalhada, tentava juntar as partes, e eu, em meio às lágrimas ainda ouvia lamentações de muita gente humilde exclamando: ”Perdi meu pai, e agora?”. Não sobravam alças no caixão e havia sim, uma disputa por elas... Velado na Prefeitura velha (onde hoje está um triste terreno baldio) ao lado do Cine Glória, hoje “Espaço Cultural Dr.Além”, era impossível chegar-se próximo ao esquife recoberto pela bandeira jordanense e pelo ultimo exemplar do Jornal “A Cidade” de Campos do Jordão. As lágrimas do povo e da família encharcavam o antigo assoalho de madeira. Foi uma morte repentina, dolorida e prematura pelo tanto que ainda havia por fazer.

Morreu o meu amigo – e pai. Que pena. Como filho único, teria agora que virar Homem de qualquer maneira. A partir de agora, não mais teria aquela barra estabilizadora na qual me segurava nas horas de angústia. Não mais tinha aquela bóia salvadora nos mares revoltos da vida. Não tinha mais aquele conselheiro sincero, indubitavelmente honesto e verdadeiro. Um enorme vazio que sinto até hoje, mesmo tendo as responsabilidades que tenho. Mas, diante dele, sinto-me apenas uma criança...

Nos momentos mais angustiantes, sinto a presença dele e passo a acreditar nos anjos-da-guarda. Como gostaria de ser como o Joaquim, mas não consigo atingir nem de longe aquele espírito iluminado que clareava de maneira estonteante os Campos do Jordão, espalhando seu amor por esta terra tão maravilhosa e tão judiada nos dias de hoje.

Vejo a figura do meu pai – meu amigo, nos retratos e nas pinturas. Sinto a presença do meu pai – meu amigo, no balouçar das copas dos pinheiros verdejantes. Sinto a presença dele nas boas coisas que acontecem aqui e a sua reprovação severa nas ações que querem tirar daqui a condição de melhor estância climática de montanha de toda a região Sudeste. Campos do Jordão, sua paixão e amante, respira nos seus ares um pouco do aroma do amor do Joaquim.

Em mais este dia dos pais em que o comércio aspira por mais vendas, faço um esforço para deixar de lado a finalidade verdadeira e oculta deste dia para dedicar meu pensamento, minha oração, minha enorme e imorredoura saudade a você, meu amigo e meu pai, JOAQUIM.

E a todos os pais verdadeiros, que amam seus filhos, e a todos aqueles que os perderam também, meu abraço.

Àqueles que ainda têm a Graça de ter ao seu lado o seu pai, não poupem carinho, boas palavras e boas ações a eles, para que não tenham que chorar como eu e muito outros filhos que porventura pensaram que os pais seriam eternos. Mas não são!

Amém.

José Roberto Damas Cintra

11/08/2011

 

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