Home · Baú do Jordão · Camargo Freire  · Campos do Jordão

Crônicas e Contos · Culinária  ·  Fotos Atuais · Fotos da Semana

  Fotografias · Hinos · Homenagens · Papéis de Parede · Poesias/Poemas 

PPS - Power Point · Quem Sou  · Símbolos Nacionais · Vídeos · Contato

Oscar Ribeiro de Godoy

 

O CORTE DE PINHEIROS

 Serrando toras de pinheiro.

No início das nossas atividades na nova morada, o Rancho Santo Antônio, era comum entre nós o corte de pinheiros. Além da serraria do Juquita no Rancho Alegre, havia no Retiro, fazenda que na época era de propriedade do meu tio Ministro Godoy Sobrinho, um homem chamado Sguaglio que viera do Paraná e comprara milhares de árvores. Trabalhava com afinco para poder cumprir os prazos que combinava.

As estradas eram de terra, péssimas em conservação e, bem na frente do meu Rancho havia uma subida com alta porcentagem de aclive. Os caminhões carregados de madeira lutavam para passar a tal ponto que o Sr. Sguaglio mantinha juntas de bois ali estacionadas para puxar aqueles que não conseguiam subir. Trabalhava, em geral, à noite e perguntando-lhe o motivo dessa preferência, me disse: “À noite a turma tem mais coragem porque não vê o perigo em volta”. Além dessas serrarias, havia aqueles que cortavam as araucárias à mão.

Também nos enveredamos por esse caminho, a exploração da madeira. Tínhamos mais da metade das nossas terras cobertas de matas e com grande profusão de pinheiros. Usamos os serradores manuais que trabalhavam sempre com dois companheiros. Eles construíam o estaleiro, apoiando paus grossos num barranco e a outra sobre forquilhas de forma que pudessem trabalhar um por baixo da tora e outro por cima. Do pinheiro derrubado, tiravam-se as cascas e repartiam-se as toras nas medidas desejadas. Por meio de linhas embebidas em água e carvão, riscava-se a tora a cortar, de um lado e de outro. Depois um serrador ficava sobre a tora tocando a serra para baixo e guiando a linha riscada, e o outro fazendo o mesmo, puxando a serra. Um serrador olhava para baixo e o companheiro para o alto, num trabalho artesanal perfeito e muito bem elaborado.

Toda a madeira que serviu para a construção do Rancho Santo Antônio foi preparada por serradores da região, principalmente alguns russos dos quais já falei em outra ocasião.

Durante algum tempo exploramos esse negócio, vendendo a nossa produção para compradores da Vila, como o Sr. Adolfo Vitorino da Silva, mais conhecido por Lindolfo. A devastação era grande e, graças ao Adhemar de Barros, que obteve do Presidente Dutra a lei que proibia o corte, ainda temos pinheiros em Campos do Jordão.

A nossa terra se livrou do desmatamento em boa hora para não acontecer como no Paraná, que, sendo a maior floresta do mundo em araucárias nativas, hoje talvez as possua em jardins e praças públicas.

A proibição, inicialmente recebida como um atentado à livre iniciativa e à propriedade individual, é hoje respeitada por todos como benefício para os cidadãos, pela valiosa preservação do meio ambiente.

 

 

 

 

Voltar

 

- Campos do Jordão Cultura -