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Oscar Ribeiro de Godoy

 

CAMINHOS DE LIGAÇÃO COM O VALE DO PARAÍBA

 Caminhos de Ligação.

Lá pelos idos de 1914, época em que chegamos a Campos do Jordão, depois de demorado processo judicial, a região era somente alcançada a cavalo ou, no caso dos enfermos, de liteira ou bangüê.

Os caminhos eram vários e conheci quatro trilhas, todas procedentes de Pindamonhangaba ou de Guaratinguetá.

A primeira, partindo de Guará, era chamada “Serra do Rabelo” , atingia os pés da serra onde havia um armazém, do Sr. Caetano Caltabianco, ponto obrigatório de repouso e abastecimento. Então começava a subida. Era uma estrada larga quando a conheci, cheia de ziguezagues para atenuar o aclive e atingia o alto da serra nas proximidades de um lugar chamado Três Pontas ou Pontes. Ali corria um córrego com água fresca e cristalina onde os animais matavam a sede e os cavaleiros saboreavam o farnel de frango mexido com farofa.

Outra estrada era a chamada “Serra das Bicas” porque, partindo do Ribeirão Grande, passava por terras do coronel Benjamin Bueno e seguia o espigão que as dividia de um bairro chamado Bicas, nos contrafortes da serra. No alto, seguia pelos Campos do Moreira, nome primitivo do atual São José dos Alpes. A trilha passava onde hoje se encontra a represa da Usina Santa Isabel e, depois da construção desta, veio a transpor o riacho pelo próprio aterro de contenção da água da represa. Por essa via viajamos algumas vezes e ela era a comunicação com Pinda mais freqüentemente usada pelos moradores da Guarda. Todas as provisões da fazenda eram transportadas por esse caminho que hoje é a ligação da colônia do Parque Estadual com São José dos Alpes.

Dentro do mato havia estreita picada que dava passagem a um cavaleiro por vez e nos campos o pisoteio dos animais é que fazia o caminho. Nas nossas viagens, formava-se extensa fila de cavaleiros, de tal ordem, que os da frente mal divisavam os últimos pelo ziguezague da subida.

Outra serra era denominada “Serra da Borboleta” porque partia das proximidades de uma fazenda com este nome, pertencente ao Major José Benedito, e alcançava o alto da serra, nas cercanias do Pico do Itapeva. Não cheguei a conhecer essa estrada, porque ficava fora da nossa região e era de pouco movimento. Meus pais viajaram por ela, pois eram parentes da esposa do Major e por ali passavam a fim de visitá-los.

Por último, havia a estrada ligando Pinda ao Piracuama e daí a Campos do Jordão. Percorria o Vale do Paraíba, seguia serpenteando a serra, passava por um armazém no meio da subida e atingia Campos onde hoje se localiza o Hotel Toriba. Era larga já naquele tempo e permitia a passagem de troles até o Piracuama e, depois, somente liteiras e bangüês. Viajamos algumas vezes por essa estrada. Numa delas, descíamos para São Paulo e, após algumas horas de viagem, chegamos a uma fazenda que se localizava na frente do atual posto da Polícia Rodoviária, onde moravam parentes que desejávamos visitar. Tivemos excelente recepção, saboreando café com rapadura fabricada na propriedade pelo seu Maneco, pai do administrador.

Das estradas que conheci na mocidade, algumas ainda estão em uso, como a do Rabelo que perdeu o nome, mas foi conservada, alargada e melhorada no seu traçado, permitindo por vezes a aventura de um passeio de carro.

A das “Bicas” foi fechada pelos donos da Usina Santa Izabel e ali, ainda nos morros vizinhos, as trilhas cavadas pelos animais é que testemunham o seu abandono.

A do “Piracuama” foi em parte substituída pela rodovia de ligação com São Paulo, Pinda e Taubaté. E ainda pode ser usada no trecho da serra. Andei por todas elas de trole, a cavalo e mesmo de automóvel, e desses passeios guardo belas recordações. 

 

 

 

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